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Comparativo Supersport, Ducati Supersport 950 S vs Aprilia RS 660

By on 18 Junho, 2021

Em boa verdade, este é um falso comparativo, seja pela diferença de valores motrizes, seja pela diferença de preços. Mas estas são duas propostas incontornáveis no mundo das desportivas acessíveis, que cumprem a sua função de diversão aliada a uma facilidade de utilização ímpar. A Ducati Supersport 950 S e a Aprilia RS 660 esgrimem os seus argumentos para nos mostrarem que é possível termos bom senso…com o joelho técnico sempre pronto.

Texto de Bruno Baptista e Pedro Alpiarça

Nós somos da geração em que as R´s eram única e exclusivamente para homens de barba rija, e aqueles que não tinham pelos na cara compravam uma na mesma, e por vezes, a coisa corria mal… Os tempos evoluiram e as máquinas mais desportivas ficaram cada vez mais exclusivas, com valores de potência inimagináveis e com a necessidade de almofadas electrónicas cada vez maiores. a questão que se coloca é que hoje em dia nem todos podemos ter as unhas do Miguel Oliveira, nem temos um bolso fundo o suficiente para termos uma peça de tecnologia extrema parada no café…por falta de talento.

As SuperSport ganham contexto neste sentido, é importante sentirmo-nos confortáveis para explorar os limites mais desportivos de uma moto, e sobretudo, facilidade em encontrar os nossos. A Ducati SS 950s está na sua mais recente versão e é o estereótipo deste conceito. A Aprilia acompanhou a tendência com a sua versão do que deve ser uma desportiva de média cilindrada. Hoje propomo-nos a fazer não um comparativo, mas uma espécie de jogo de diferenças, porque embora estas sigam o mesmo raciocínio, expressam-se de forma díspar. Este é o teste do joelho técnico na estrada nacional.

A Ducati 950 SuperSport é uma estradista desportiva vocacionada para o utilizador jovem que quer dar os primeiros passos no mundo das desportivas de maior cilindrada. Com uma condução fácil e uma excelente posição de condução aliado ao motor Testastretta de 11º com 937 cc (debitando 110cv às 9000 rpm e 93 Nm às 6.500rpm) sentimos que estamos a usufruir ao mesmo tempo de dois mundos quase opostos tal é a versatilidade. Toda a envolvência mecânica e o som dos componentes metálicos do seu motor é-nos apresentado nas notas de escape sublimes, especialmente quando usamos  o downshift … Para os puristas, um quadro em treliça e um acionamento de válvulas por sistema desmodrômico, aliados ao look da superdesportiva Panigale e temos um Ducatista feliz.

Nos primeiros quilômetros percebemos que o binômio de desportividade e conforto está muito bem conseguido, não sentimos pressão nos pulsos e o defletor de vento ajustável oferece-nos uma protecção aerodinâmica bastante razoável. A Ducati Supersport não deixa de nos convidar a posicionar de uma forma mais agressiva de forma retirarmos todo o prazer da sua pilotagem. Ainda assim, consegue proporcionar uma utilização diária surpreendente, por ser ágil e esguia. 

Podemos dizer que é difícil encontrarmos uma máquina que para além da pista também se sente à vontade em estrada e na cidade, fruto da sua ergonomia e facilidade de utilização.

O seu motor agora Euro 5, equipa outros modelos da marca como a Multistrada 950s e mostra-se vivo e com uma entrega de potência generosa e bem ajudada pelo controlo de tracção. O IMU de 6 eixos aliado ao pacote eletrônico mantêm a 950 sempre controlada, deste a travagem ( Duplo disco Brembo flutuante Ø320mm na secção dianteira, e pinça de 2 pistões,  disco de Ø245mm na traseira) que se apresenta poderosa e incisiva, passando pelo Ducati Wheelie control, o Ducati Traction Control, e cereja no topo do bolo…Ducati Quick Shift.

Temos ainda a irrepreensível suspensão Ohlins nesta versão S (forquilha Ohlins invertida totalmente regulável Ø48mm e Amortecedor progressivo Ohlins regulável no eixo traseiro), que para além de ter uma leitura fidedigna do piso , oferece ao condutor algum conforto que não era expectável neste segmento.

Aliás, ergonomia e facilidade de condução são os  denominadores quando falamos da 950s, a Ducati conseguiu fazer uma moto com caráter desportivo (184 Kg de peso a seco), fácil de conduzir e divertida. 

O depósito  oferece bom encaixe ao condutor, mas não gostamos de ficar com o polegar entalado quando viramos a direção no limite.

O TFT a cores 4,3″ apresenta uma leitura fácil e a interação com os diferentes modos de condução é intuitiva (Sport, Touring e Urban, todos costumizáveis), e temos a possibilidade de utilizar o Ducati Multimedia System, permitindo configurar o emparelhamneto com um smartphone. O deflector ajustável foi uma agradável surpresa e revelou-se eficaz em modo mais touring.

A qualidade é de nível superior e está em linha com o valor desta versão S. Esta “Monster” vestida de Panigale  é literalmente uma simbiose de valências, que mantém vivo o espírito desportivo que a Ducati tão bem projeta nas suas motos.

Se Bologna nos entrega uma moto com bom senso e com uma evolução bem estruturada, os vizinhos de Noale seguem uma linha mais assertiva na sua desportividade. A Aprilia cortou o seu V4 e aproveitou a bancada frontal (com modificações no curso e na cabeça dos cilindros) para criar um bicilíndrico paralelo, trabalhou a ciclística privilegiando a agilidade (apenas 169 Kg a seco) e dotou a RS 660 de electrónica de topo, ao nível das suas irmãs mais agressivas. Iluminação Full-LED com assinatura específica, e um écran TFT com design moderno também marca a sua presença.

Contudo, a ergonomia surpreende pelo seu factor amigável e que promove um certo conforto sem extremismos.

Não existe uma pressão constante nos pulsos, o assento tem uma estrutura confortável mas tem espaço para nos movimentarmos, e os poisa-pés estão equilibrados na sua posição, mais uma vez, sem extremismos. É uma postura que nos convida a trabalhar o corpo para fazer a magia acontecer, uma atitude convidativa a um empenho extra que tanto prazer nos dá na procura do próximo Apex. Mas também relaxada o suficiente para para não termos que vestir o fato de corrida para ir ao café…

As suspensões (uma forquilha Kayaba Ø 41-mm ajustável na pré-carga e expansão no eixo dianteiro e um mono amortecedor ajustável na pré-carga e expansão, braço oscilante em alumínio na secção traseira) oferecem um pisar firme e mostram-se bastante precisas, mas não tornam o dia a dia desconfortável, e a travagem (duplo disco Ø 320 mm, pinças radiais Brembo com 4 pistões no eixo dianteiro, e disco Ø 220-mm com pistão duplo na traseira) entrega sempre uma almofada de segurança enorme, mesmo nas situações mais exigentes. É mais fácil cairmos na tentação de andar rápido na Aprilia RS do que na Ducati, a sua linguagem mecânica torna-se tanto mais eficaz quanto a velocidade que lhe impomos, directa, incisiva, física e intuitiva, são adjectivos que saltam ao de cima quando nos empenhamos. O seu motor convida a andar de punho aberto… 

O bicilindrico paralelo de 659cc da marca de Noale atinge valores de potencia muito interessantes, os seus esforçados 100cv (às 10,500 rpm) são entregues (como seria de esperar) na faixa mais alta do regime de rotação. É um motor bastante rotativo mas isto não significa que a sua sua curva de binário desiluda (67 Nm às 6500 rpm), pelo contrário, a batota do Akrapovic e a suplesse do quick-shift, fazem-nos querer passar o dia a trocar de caixa e a lançar fogo de artifício. A Aprilia RS 660 vende a sua imagem desportiva na perfeição, não depende dos seus números para nos agradar, e mais, obriga-nos a querer estar à altura do espetáculo.

 No capítulo das ajudas, a Aprilia usa o Aprilia Performance Ride control, um sistema integrado de gestão electrónica, englobando cruise control, quick-shift, travão motor e 5 mapas de condução. O controlo de tracção, anti-wheelie e abs funcionam com as indicações dadas pelo IMU de 6 eixos. Na prática, demos por nós a utilizar sobretudo o modo Individual, que nos permite modelar a intervenção do ABS e do controle de tracção. Seriam necessárias tantas mãos de Deus digitais para domar esta máquina? A capacidade ciclística da RS 660, o seu equilíbrio, e sobretudo o feeling mecânico que entrega ao seu condutor, potencia uma comunicação fácil e cheia de confiança. Claro que estamos cientes de que estas poderão ser as primeiras desportivas de um público menos experiente, e aí sim, faz sentido este arsenal tecnológico…tipo a mamã que dá sempre um casaquinho ao seu pequenote em pleno Agosto…

Sejamos concisos. A Ducati Supersport 950 (sobretudo nesta versão S) está noutro nível evolutivo, a qualidade das suas suspensões, a entrega superior da sua unidade motriz, mas sobretudo a sua polivalência, faz com que seja um tiro certeiro no conceito a que se propõe. A maneira mais simples de o explicar define-se num conforto embalado pela velocidade. Ou uma maneira de ganhar velocidade de forma confortável! Podemos ser pilotos de cidade, ou estafetas de pista. Uma sofisticada forma de andar rápido.

A Aprilia RS 660 não se coíbe de apresentar no seu lettering a palavra Racing, a sua génese é mais agressiva, focada numa atitude de compromisso exigida ao seu condutor. A desportividade  não se mede em cavalos, e esta RS é prova disso. Não é radical nem extrema, mas o empenho a que obriga, oferece recompensas maiores.

Faz sentido que a Ducati tenha um valor superior, mas quem procura a sua primeira Supersport a pensar em correctores e joelheiras…a Aprilia tem tudo o que precisa. Mas quando o track-day acabar e quisermos continuar de facto de corrida a caminho de casa…a Ducati assume a sua plenitude.

Hajam mais motos destas, dentro deste patamar de envolvência que não nos assusta, pelo contrário, a sua zona de conforto é do tamanho da nossa habilidade. É maior, até…

E estamos ansiosos por uma certa Yamaha R7!

Um agradecimento muito especial ao Kiro Karting – Kartodromo do Oeste,  pela cedência do espaço para a realização deste artigo.

 

Ficha Técnica:

Motor

Ducati Supersport 950 sAprilia RS 660
Tipo de MotorBicilíndrico em L, Testastretta 11º, distribuição desmodrómica, 4 válvulas por cilindro, refrigeração líquidaBicilindrico paralelo Aprilia, dupla árvore de cames à cabeça (DOHC) ditribuição via corrente silenciosa, 4 válvulas por cilindro, refrigeração líquida
Cilindrada937 cc659 cc
Potência110 cv @ 9.000 rpm100 cv @ 10,500 rpm
Binário93 Nm @ 6.500 rpm67 Nm @ 6,500 rpm
TransmissãoCaixa de 6 velocidades, final por correnteCaixa de 6 velocidades, final por corrente

Ciclística

Ducati Supersport 950 sAprilia RS 660
QuadroTreliça em tubos de aço, fixação às cabeças do motorDupla viga em alumínio
Suspensão Dianteira / TraseiraForquilha invertida Marzocchi com bainhas de 43 mm; totalmente regulável / Amortecedor Sachs regulável; monobraço em alumínioForquilha Kayaba 41-mm com ajuste pré carga e expansão, 120 mm curso / Mono amortecedor ajustável em pré carga e expansão, 130-mm curso.

Travagem Dianteira / Traseira2 discos semiflutuantes de 320 mm, pinças Brembo M4-32 monobloco de 4 pistões e fixação radial; bomba radial de sangramento automático e Cornering ABS Bosch / Disco de 245 mm, pinça de 2 pistões, Cornering ABS BoschDuplo disco, diametro 320 mm, pinças radiais Brembo com 4 êmbolos. Cornering ABS / Disco Ø220-mm, pinça Brembo de 2 embolos. Cornering ABS
Pneumáticos120/70 ZR17 ; 180/55 ZR17120/70 ZR17 ; 180/55 ZR17

Dimensões e Preço

Ducati Supersport 950 sAprilia RS 660
Altura do assento810 mm815 mm
Distância entre eixos1478 mm1370 mm
Capacidade de Depósito16 L15L
Peso184 Kg a seco169 Kg a seco
PreçoDesde 15,245 € (versão S)Desde 11,650 €

 

Cores disponíveis:

 

Galeria:

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