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Teste Ducati Scrambler Nightshift – Uma criatura da noite…

By on 13 Maio, 2021

Enquanto o comum dos mortais dorme, há uma parte da cidade que nunca descansa. São aqueles que se movimentam nas horas mais longas que necessitam de uma máquina urbana que se misture com as sombras e que se destaque nos focos mais brilhantes. De aparência esquiva, furtiva nos seus movimentos, sagaz na sua atitude, a Ducati Scrambler Nightshift ganha vida quando as outras motos dormem.

texto de Pedro Alpiarça

A escuridão esconde os nossos piores medos, desde miúdos que aprendemos a respeitar aquilo que não conseguimos definir claramente. O Sol cai e nós recolhemo-nos, somos criaturas diurnas, vivemos as nossas rotinas ligados ao seu ciclo, e fazemos da nossa existência uma eterna busca de luz e de conforto. Mas alguns de nós precisam do silêncio, do intimismo, da imagem velada de uma cidade que se torna dormente, sem frenesim, só movimento fugaz.

Neste espaço dominado pela ausência, os poucos que lhe conquistam os trejeitos, merecem ser louvados. Os semáforos vazios, as lojas fechadas, as ruas desertas pintadas do amarelo dos candeeiros, todo este cenário espera por algo que sobressaia na penumbra das formas. A Ducati Scrambler Nightshift tem esse dom, é aceite pela cidade adormecida como uma máquina que assume a sua discrição.

As suas formas intemporais (vincadas no design neo-classico) misturam-se com os seus retoques futuristas e desafiantes, e sobretudo a forma como se move no tecido urbano, revela uma personalidade forte, este é o seu meio, este é o seu habitat.

O que torna esta versão Nightshift tão especial são os seus pormenores específicos, a pintura cinzenta Aviator Grey ganha vida quando o Sol se põe, o guiador largo que nos coloca numa posição descontraída mas ao mesmo tempo algo desportiva, os espelhos redondos nos terminais dos punhos, a placa numérica ao estilo Flat Track, o curto escape de saída dupla e até as jantes raiadas, fazem desta Scrambler uma moto que dá gozo deixar em destaque na praça mais iluminada, o seu estilo sobressai neste cenário urbano nocturno.

Em andamento, o bicilindrico em L refrigerado a ar ( com 803cc debitando 73 cv @ 8250 rpm e 66,2 Nm @ 5750 rpm) mantém viva a génese do accionamento de válvulas por sistema desmodrómico, e aquele vibrar compassado, cheio de impulso e com vida própria, faz-nos regressar à honestidade de caráter de um mundo sem electrónica. Responsivo, cheio de atitude e com um brilhante escalonamento de caixa, a pequena Ducati revela-se nos médios regimes, essa é a sua zona de conforto. Como não podia deixar de ser, o acabamento em preto misturado com o metal escovado dos colectores dá-lhe uma aura de qualidade e atenção ao detalhe, inclusive na maneira como conseguiram dar a ilusão de ausência de catalisador, linhas fluidas e cheias de sentido, terminando no bonito escape de dupla ponteira. Gostávamos de uma voz com mais corpo? Sim, mas os senhores do Euro 5 deitam-se demasiado cedo…

A ciclística não compromete nas toadas mais rápidas, a afinação das suspensões (Forquilha invertida Kayaba de 41mm de diâmetro, mono amortecedor Kayaba com ajuste de pré-carga) é perdulária nos empedrados e assertiva nas mudanças de direcção. Mesmo a jante dianteira de 18” com raios suporta uns Pirelli MT60 esforçados na sua simbiose entre estilo e qualidade da goma, sempre com muito feedback e controlo, porque a noite não serve os incautos…

Os travões Brembo (disco de 330mm com pinça radial de 4 pistons Brembo na dianteira, disco de 245mm na traseira) asseguram que nenhum gato pardo nos tire o equilíbrio, a função ABS sensível à inclinação é uma mais valia, mas o tacto da manete, a maneira como conseguimos dosear a sua potência e efectividade, é irrepreensível.

Não temos TFTs coloridos, temos a sobriedade de um LCD com toda a informação de que necessitamos (mudança engrenada, temperatura exterior, nível de combustível, para além do velocímetro e conta-rotações), mas a elegância de peças como os espelhos e os piscas (com função de auto-cancelamento) altamente estilizados como garantia de exclusividade tornam a presença da Nightshift um misto de experiência sensorial…esteja parada ou em andamento.

Podíamos rolar horas pelas avenidas e túneis vazios, o conforto do assento (com 798mm de altura ao solo, também dispõe de uma ficha USB no seu interior), a qualidade da sua iluminação, a leveza do seu pisar (198 Kg em ordem de marcha), e sobretudo a sua capacidade de se tornar furtiva e esquiva com a sua rapidez de movimentos, dão-nos o à vontade de conquistar um espaço inóspito. Esta moto faz uso da sua personalidade para resgatar a cidade no seu momento mais vulnerável, e fá-lo de uma maneira vibrante e intimista. A Scrambler Nightshift é para aqueles que não vivem sob a tirania dos horários comuns, que têm um ritmo próprio e que sabem são especiais…

Bravo Ducati.

 

Ficha Técnica:

Motor

Tipo de MotorBicilindrico em L, refrigerado a àgua, Duas válvulas por cilindro com distribuição desmodrómica
Cilindrada803 cc
Potência73 cv @ 8250 rpm
Binário66,2 Nm @ 5750 rpm
TransmissãoCaixa de 6 velocidades, transmissão final por corrente

Ciclística

QuadroTubular em treliça
Suspensão Dianteira / TraseiraForquilha invertida Kayaba de 41mm diâmetro / Mono amortecedor Katyaba com ajuste de pré-carga
Travagem Dianteira / TraseiraDisco de 330mm com pinça radial de 4 pistons Brembo / Disco Æ245mm
Pneus110/80 R18 ; 180/55 R17

Dimensões e Preço

Altura do assento798 mm
Distância entre eixos1445 mm
Capacidade do depósito13,5 L
Peso196 Kg em ordem de marcha
Preçoa partir de 11,145 €

 

Concorrentes:

  • Yamaha XSR 700

74,8 cv ; 188 Kg ; 8,900 €
  • Triumph Street Scrambler

65 cv; 223 kg ; 10,800 €
  • Moto Guzzi V7  

65 cv ; 218 Kg ; 8,499 €

 

Galeria:

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