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Ensaio | Triumph Street Triple R – Inglesa requintada, mas rebelde

By on 1 Dezembro, 2023

A Triumph deu um passo arrojado em 2019, ao entrar no mundial de Moto2 com os seus motores tricilíndrico de 765 cc. Formam muitos os céticos da fiabilidade da marca e capacidade da mesma de apresentar qualidade capaz de estar no mundial, havendo, em simultâneo, muitos que acreditaram desde o início neste projeto.

Quatro anos mais tarde, a marca britânica continua a fornecer motores para todas as motos da classe intermédia do mundial de velocidade, e pelo menos até ao fim da temporada de 2024 é isso que vai continuar a acontecer.

Numa altura em que a marca está a expandir a sua gama de motos, nomeadamente para o todo-o-terreno, com a apresentação – agora oficial e sem nada a esconder – da sua TF 250-X, a competição continua a ser um palco muito grande para a Triumph desenvolver e investir em novas tecnologias que depois chegam aos seus clientes.

É agora altura e falarmos então da Triumph Street Triple R, e o que foi a nossa experiência aos comandos desta moto. De referir também que já está disponível no Youtube o vídeo do ensaio a esta naked de média cilindrada.

Coração que emociona

Falar da entrada da Triumph no mundo do MotoGP não foi em vão. Esta entrada foi muito importante para o desenvolvimento dos componentes internos do bloco de 765 cc, de forma a proporcionar um motor mais equilibrado, fiável e emocionante aos seus clientes. E é isso mesmo que sentimos nesta Street Triple R. O bloco tricilíndrico conta com 120 cv de potência máxima às 11.500 rpm e 80 Nm de binário às 9,500 rpm, algo que pode assustar, tendo em conta que falamos de rotações bastante elevadas. Contudo, uma das virtudes deste bloco é a sua capacidade para disponibilizar muita potência e binário desde cedo, e uma suavidade que quase nos faz esquecer as passagens de caixa. Numa condução relaxada e em cidade, a preocupação com as baixas rotações é pouca, e dificilmente vamos sentir que o bloco está desconfortável. Mas é de facto “lá em cima” que este motor brilha em todo o seu esplendor. Circulando a ritmos mais elevados a entrega de potência é fantástica sem deixar de ser muito linear, mantendo-se a facilidade de dosear o acelerador eletrónico. É nas rotações mais elevadas também que o som desta moto se revela na sua plenitude, não aparentando cumprir com as normas EURO5.

Ciclística que espanta

E o se o motor é o centro das atenções, a ciclística não fica atrás. Aquilo que a Triumph atingiu com esta geração da Street Triple é algo que nos espanta no momento que nos sentamos nesta moto. Com apenas 185 kg a cheio e suspensões Showa totalmente ajustáveis na dianteira e traseira, esta moto mexe-se extremamente bem em qualquer situação. O seu baixo peso permite circular de forma confortável a baixas velocidade e manobrar a Street Triple R com facilidade, mesmo pelos menos experientes, a par de uma enorme agilidade nas inserções e transições de curva. Na dianteira a forquilha invertida Showa de 41 mm absorve bem as irregularidade, ainda que seja notório um pendor mais desportivo, à semelhança do amortecedor traseiro, que revelou ser algo “seco” no seu comportamento a baixas velocidades e em estradas de mau piso. Ainda assim, é a ritmos mais elevados que estas suspensões se destacam, mostrando o porquê de serem mais firmes e não serem capazes de lidar tão bem com buracos e maus piso. Aí, certamente que a versão RS desta Street Triple será mais capaz e um melhor compromisso entre conforto e desportividade. A potente travagem complementa muito bem o binómio motor/suspensões numa condução mais aplicada. Com a dianteira e traseira a cargo da Brembo, a Triumph equipou a Street Triple R com dois discos de 310 mm na dianteiro e um disco de 220 mm na traseira. Na frente sentimos um excelente tato na manete direita, juntamente com uma elevada potência que não nos deixa ficar mal em nenhuma situação.

Fonte: Triumph

O essencial tecnológico

São raras as motos de hoje que não equipam um arsenal tecnológico grande e a Street Triple R não é exceção. De forma a facilitar a pilotagem por parte dos utilizadores, a Triumhp equipo esta moto com diversas ajudas. Indissociável do motor é o fantástico QuickShifter que nos permite passagens de caixa muito rápidas e bastante suaves. Naturalmente o sistema funciona melhor em rotações mais elevadas, mas a Triumph fez um excelente trabalho, tornando eficaz o sistema em praticamente toda a faixa de rotação. Contudo, há um ponto que causou alguma estranheza. O travão de motor ao utilizar o QuickShifter pode ser excessivo numa condução rápida, mas relaxada. O que queremos dizer com isto? Quando aumentamos o ritmo, numa estrada de serra, por exemplo, e procuramos usar pouco os travões, ao colocar uma mudança abaixo, sentimos que o sistema de mudanças rápidas nos proporciona travão de motor a mais para o tipo de condução que estamos a praticar. No entanto, quando somos mais agressivos nos travões, esse travão de motor é uma ajuda importante. Mas não é só este sistema que nos ajuda e que é importante neste conjunto. O ABS mostrou-se bastante eficaz, não afetando a condução mais desportiva – pelo menos em estrada – assim como o controlo de tração, que é algo intrusivo de forma a impedir o levantar da roda dianteira, permitindo ainda assim a progressão e o aumento de velocidade sem que seja extremamente notório que há um sistema eletrónico a entrar em ação. Os três modos de condução pré-definidos também funcionam muito bem, com diferenças notórias entre todos eles, com a adição de um modo personalizável que nos permite maior liberdade de customização no painel LCD. Painel esse que apresenta boa visibilidade, apesar de não ser tão avançado e com tantas funcionalidade como o da Street Triple RS. Ainda assim, toda a informação essencial está lá, apesar da navegação dentro dos menus não ser a mais intuitiva para novos utilizadores, algo que alguém que já tenha pegado numa Triumph não estranha.

Fonte: Triumph

Requinte britânico

No fim do dia, esta Triumph Street Triple R revelou ser uma moto requintada, mas rebelde quando necessário. Um motor potente, mas não exigente. Uma ciclística equilibrada que se faz valer especialmente pela facilidade e eficácia. E um conjunto de tecnologias que funcionam bem quando solicitadas. A experiência acumulada na competição vai permitindo a Triumph jogar cartas que de outra forma provavelmente não seria possível. Não querendo com isto dizer que a marca britânica não seria capaz de entregar os produtos que entrega sem estar em Moto2, mas é certamente algo que tem um enorme impacto no desenvolvimento de modelos que nos chegam às mãos. Finalizando com uma nota importante sobre esta Street Triple R que conta com um preço a partir de 10.645€, algo que não deixa de nos parecer muito adequado ao pacote que nos é oferecido. Por sensivelmente mais 2.100€ é possível adquirira versão RS, mais equipada, mais potente e mais preparada para lidar com os que levam as suas motos ao limite.

Fonte: Triumph
CARACTERÍSTICAS TÉCNICASTriumph Street Triple R 2023
MOTOR 
Tipo de MotorRefrigeração líquida, 12 válvulas, DOHC, 3 cilindros em linha
Cilindrada765 cc
Potência120 cv @ 11.500rpm
Binário80 Nm @ 9.500 rpm
Nº de Cilindros3 cilindros paralelos
TRANSMISSÃO 
Caixa de Velocidades6 Velocidades
Tipo de CaixaManual
QuickShiftsim
EmbraiagemMultidisco em banho de óleo, assistida
Transmissão Finalpor corrente
QUADRO 
Tipo de QuadroDupla trave em alumínio sub quadro de duas peças
Sub-Quadrosub quadro de duas peças
SUSPENSÕES 
Suspensão DianteiraShowa invertida 41mm, totalmente ajustável
Curso da Susp. Dianteira115 mm
Suspensão TraseiraMonoamortecedor Showa com reservatório separado, totalmente regulável
Curso da Susp. Traseira133,5 mm
TRAVÕES 
Travões dianteirosDuplo Disco flutuante 310 mm
Pinças de Travão Diant.Pinças Brembo monobloco M4.32 radiais de 4 pistões
Travão TraseiroDisco de 220 mm
Pinça Travão Tras.Pinça Bremvo de 1 piston
 
JANTES E PNEUS 
Medida do Pneu Diant.120/70 ZR17
Medida do Pneu Tras.180/55 ZR17
AJUDAS ELECTRÓNICAS 
Modos de MotorRain, Road, Sport e User
OutrosABS em curva, TC, Quickshifter, Cruise Control
Controle de Binário e Traçãosim
DIMENSÕES 
Distância entre Eixos1402 mm
Altura do Assento826 mm
Distância ao Solon.d
Capacidade do Depósito15 Litros
Peso a cheio189 Kg
CONSUMOS / EMISSÔES 
Consumo Médio – anunciado5,4 L / 100 Kms
Consumo Médio – testado6,1 L / 100 Kms
Emissões CO2Euro 5
CORES 2020 / PVP 
CoresCrystal White/ Silver Ice
PVP Base s/ despesas de mat.10.645€
Ficha Técnica
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