Ducati Superquadro Mono: Uma nova referência entre os motores monocilíndricos

By on 26 Outubro, 2023

A Ducati faz um regresso marcante à produção de motores monocilíndricos para estrada, três décadas depois da icónica Supermono 550.

Designado como Superquadro Mono no quartel-general de Borgo Panigale, o motor apresenta uma capacidade de 659 cc, acompanhado de um sistema Desmodrómico. Este lançamento estabelece um novo padrão de referência em termos de desempenho para a categoria.

Ducati Supermono de 1993

O motor Superquadro Mono irá equipar a moto que será a estrela do quinto episódio da Ducati World Première 2024 “Live. Play. Ride”, na quinta-feira 2 de novembro.

Um monocilíndrico arrojado

Basicamente trata-se de um motor de um só cilindro vertical, desenhado com a escolha e materiais e soluções refinadas para cada componente. É baseado no motor da Panigale 1299, o Superquadro de 1285 cc, que representa a evolução máxima das bicilíndricas Ducati homologadas para estrada. O Superquadro Mono herda o pistão de 116 mm de diâmetro do motor Panigale, o formato da câmara de combustão, as válvulas de admissão em titânio de 46.8 mm, as válvulas de escape em aço de 38.2 mm e o já referido sistema Desmodrómico.

O nome Superquadro tem origem na relação extrema entre diâmetro e curso, que permite, graças ao seu curso muito curto, atingir velocidades de rotação típicas de motores de competição. No Superquadro Mono esta relação é igual a 1.86 e é a mais extrema da categoria, graças a um curso de apenas 62.4 mm. O diâmetro recorde de 116 mm permite a adoção de válvulas de maior diâmetro para beneficiar a performance que, no entanto, não seria possível sem o sistema Desmodrómico. Este sistema, que a Ducati também usa nas motos de MotoGP, permite superar os limites impostos pelas molas das válvulas, permitindo registos extremos de atuação das válvulas. Deste modo, o sistema Desmodrómico contribui significativamente tanto para a performance como para a possibilidade de alcançar velocidades de rotação muito elevadas.

Graças a estas soluções, o Superquadro Mono entrega uma potência máxima de 77.5 cv às 9.750 rpm, e é capaz de atingir 10.250 rpm, valores nunca antes alcançados por um monocilíndrico de estrada. O binário, cujo valor máximo é de 6,4 kgm às 8.000 rpm, está distribuído de modo particularmente favorável, resultando numa entrega de potência linear e explorável. Tudo isto enquanto se respeitam os limites da homologação Euro 5. Na configuração de competição com o escape Termignoni, este monocilíndrico consegue atingir o incrível valor máximo de potência de 84,5 cv às 9.500 rpm.

O Superquadro Mono será também usado em motos para detentores da carta A2, numa versão limitada.

Soluções técnicas e materiais refinados

O motor Superquadro Mono deriva da unidade bicilíndrica da 1299 Panigale, da qual herda o pistão de 116 mm de diâmetro, a câmara de combustão, as válvulas de admissão em titânio e as de escape em aço, e a distribuição Desmodrómica

O pistão de 116 mm de diâmetro é um recorde absoluto para um monocilíndrico de produção. Com origem na competição, tem um desenho “box in box” tal como os pistões da Panigale V4 R, com uma base de dupla treliça para combinar rigidez e resistência, ao reduzir as superfícies de contacto com o objetivo derradeiro de conter a fricção. Pela mesma razão, o pino do pistão está equipado com um revestimento de superfície Diamond Like Carbon (DLC), o mesmo tratamento usado nas sais dos pistões da Panigale V4 R. A taxa de compressão é de 13.1:1.

Tal como no motor Desmosedici MotoGP, os balanceiros do sistema Desmodrómico também contam com revestimento de superfície DLC (Diamond Like Carbon) para reduzir a fricção e aumentar a resistência à fadiga. A distribuição e controlada por um sistema misto “silencioso” de carretos/corrente.

A alimentação de combustível é confiada a um único corpo de injeção de secção oval com um diâmetro equivalente de 62 mm, com um injetor controlado por um sistema ride-by-wire que oferece três diferentes Power Modes (High, Medium, Low) para adaptar a entrega do motor a diferentes situações de condução.

Os cárteres fundidos do motor integram camisas húmidas em torno do cilindro, feitas, tal como na 1299 Superleggera, em alumínio em vez de aço, o que beneficia em termos de peso e arrefecimento devido à reduzida espessura das paredes. Esta solução também permite a cabeça ser fixa diretamente ao cárter, obtendo-se um motor muito mais compacto com a mesma rigidez da estrutura. A embraiagem, alternador e tampas das cabeças são feitas usando liga de magnésio fundido, novamente para reduzir o peso do motor ao mínimo, ao mesmo tempo que se garante uma elevada resistência mecânica.

A cambota é assimétrica e montada em rolamentos principais diferenciados, para conter o peso. O equilíbrio do motor é garantido pela presença de dois veios de equilíbrio (um à frente e outro atrás) montados em rolamentos dentro do cárter e controlados por carretos. Os veios também controlam as bombas de água e óleo.

O desenho dos dois veios de equilíbrio, colocados ao lado da cambota, permitem que as forças de inércia de primeira ordem sejam completamente equilibradas sem apresentarem momentos ou forças não desejadas. Graças a esta solução o motor é capaz de funcionar a regimes extremamente elevados enquanto mantém um nível de vibrações comparável ao de um bicilíndrico em V a 90°.

O Superquadro Mono conta com duas bombas de óleo, uma de entrega que assegura uma eficiente lubrificação do motor, e uma de recuperação, localizada no compartimento da biela e que retira o óleo dos compartimentos laterais das tampas do alternador  e da embraiagem, de modo a reduzir as perdas de fricção do lubrificante com as peças móveis.

Potência máxima de 77.5 cv, que se tornam 84,5 com o escape de competição, e uma rotação máxima de 10.250 rpm: performance nunca antes alcançada por um motor monocilíndrico de estrada

A transmissão está entregue a uma caixa de seis velocidades com relações de competição, derivada da experiência ganha com a Panigale V4. A primeira velocidade é, de facto, longa, para permitir a sua utilização em curvas lentas, explorando a máxima aceleração possível. A embraiagem é em banho de óleo com comando hidráulico progressivo. A caixa pode ser equipada com o Ducati Quick Shift (DQS) Up & Down. Nesta aplicação, o DQS é apoiado por um sensor magnético e não pela tradicional célula de carga para melhorar a precisão e fiabilidade.

* Apenas na primeira velocidade, o limitador está definido para as 10.000 rpm

Assim nasceu o conceito Supermono

Nascida para correr numa categoria própria com motores de um único cilindro, a Ducati Supermono foi uma das mais originais criações de Pierre Terblanche. Repousa hoje no Barber Vintage Motorsports Museum, e merece a distinção. porque com o seu conceito singular ela revolucionou o mundo da moto em 1993.

O conceito Supermono, consistia básicamente num motor monocilíndrico que acoplado a uma ciclística ultra-leve, resultaria em motos desportivas singularmente ágeis. A ideia nasceu no arranque do anos 90, impulsionando a criação de uma competição própria em Itália, despoletando a adesão de vários fabricantes e, inclusivé a ideia de com isso se criar um campeonato do mundo. São desse tempo a Bimota BB1, a monocilíndrica Yamaha SZR 660 e a Aprilia RS 660 que com motores de média cilindrada foram bem aceites no mercado, mas o mote para um novo segmento foi dado com a bem-sucedida Ducati Supermono, que com os seus 550cc no motor Desmo debitava 75 cv para somente 118 quilos de peso.

 Dados técnicos do novo motor Superquadro Mono

• Motor monocilíndrico vertical de 659 cc
• Diâmetro x curso 116 x 62.4 mm
• Taxa de compressão 13.1:1
• Potência máxima kW (77.5 cv) às 9.750 rpm – 84,5 cv às 9.500 rpm com escape de competição Termignoni
• Binário máximo de 63 Nm (6.4 Kgm) às 8.050 rpm – 6.8 Kgm com escape de competição Termignoni
• Cilindro em alumínio
Homologação Euro 5+
Distribuição Desmódromica mista carretos/corrente com dupla árvore de cames à cabeça, 4 válvulas por cilindro. válvulas de admissão em titânio de 46.8 mm, válvulas de escape de 38.2 mm
Cambota assimétrica montada em rolamentos principais de diâmetro diferenciado
Duplo veio de equilíbrio com funções de controlo das bombas de água e óleo
• Embraiagem multidisco em banho de óleo, servo-assistidas e com função deslizante
Lubrificação por cárter semi-seco com bomba de entrega e de recuperação
Alimentação de combustível via corpo de injeção de secção oval com diâmetro equivalente a 62 mm
• Caixa de seis velocidades com a possibilidade de montar o Ducati Quick Shift (DQS) Up & Down
Mudança de óleo a cada 15.000 km
Verificação e eventual ajuste da folga das válvulas a cada 30.000 km

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