Técnica – A bateria – Parte I
Numa moto moderna, dotada de eletrónica sofisticada, um sistema elétrico fiável é de importância capital para manter tudo a funcionar. Numa pequena 50cc, bastaria em teoria um volante magnético a andar à roda de um sensor para induzir faísca nas velas. Se não houvesse necessidade de alimentar luzes ou buzina, como por exemplo, numa moto de MX, onde isso seria o bastante. Porém, para uma moto de estrada, há muito mais equipamento a precisar de alimentação elétrica, luzes, comutadores, buzina, instrumentos… além do já indispensável arranque elétrico, que é justamente o sistema que mais solicita a bateria, para mais a partir do arranque, ou seja, antes do motor estar a funcionar.
Um sistema elétrico típico, então, será composto de um gerador ou dínamo, qualquer coisa que, ao girar impulsionado pelo motor, vai gerar corrente. Essa corrente é normalmente produzida por um volante que gira em redor de um indutor, e que gera ciclos de corrente alterna a cada rotação. É preciso portanto um retificador, para transformar a corrente assim produzida em contínua. A seguir, vem a bateria, que é apenas um acumulador, armazenando o excesso de corrente produzido nessa fase, para a dispensar de novo quando o motor não está a funcionar, tipicamente na fase do arranque. Finalmente, o chicote de instalação elétrica leva a corrente pela moto fora aonde ela é necessária, a interruptores ou relés que a usam no momento certo. As baterias, hoje em dia, são universalmente de 12 volts, havendo clássicas, tipicamente até aos anos 70, ou pequenas moto que utilizavam apenas 6 volts.
Como a energia produzida (expressa em Watts) é o produto da voltagem pela corrente (em Amperes), a maneira mais fácil de aumentar a energia produzida era aumentar a voltagem disponível, reduzindo a amperagem, que tem também a vantagem de reduzir perdas. Ao mesmo tempo, baixas amperagens permitem a utilização de motores de arranque pequenos, muito importante numa moto. A bateria húmida, de células de chumbo imersas numa solução ácida que dá condutibilidade, foi inventada por um francês de nome Planté. Cada grupo de placas produz uma reação eletroquímica que dá uma tensão nominal de 2 volts, daí a típica bateria de 12 volts ter 6 células ligadas em série, ou seja, o negativo de uma liga-se ao positivo da seguinte, e a corrente produzida é a soma delas todas. Se todos os negativos se ligassem de um lado e os positivos do outro, em paralelo, teríamos uma bateria com mais potência, mas de apenas 2 volts de tensão.
A potência de uma bateria mede-se em Amperes/hora (Ah), que se traduz pela capacidade de produzir corrente, medida em horas. Claro que esta varia com a utilização, ou seja, com quantos sistemas há a solicitá-la. Para a ligar ao exterior, uma bateria tem dois terminais, um vermelho, ou positivo, e outro negro que é o negativo, terra ou massa. Este está normalmente ligado ao quadro da moto, embora haja inglesas antigas com massa positiva, em que é exatamente ao contrário. O vermelho vai primeiro à solenoide no motor de arranque, ligado a um fio grosso e o mais curto possível para minimizar resistências e facilitar o trabalho de disparar o motor de arranque.
Quando trabalharem no sistema elétrico, comecem por desligar o negro, pois se o terminal solto tocar nalguma coisa, não acontece nada, ao contrário do positivo. Desde que o quadro fique assim isolado da bateria, ao tocar com uma ferramenta no positivo, não acontece nada, porque com a massa desligada não se estabelece um circuito. Hoje em dia, muitas baterias são seladas, ou de gel, o que significa que, em teoria, não necessitam qualquer manutenção. (continua)
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