Os combustíveis sobem a pique em França, tal como o gás e electricidade, um problema que também a nós nos afecta. Face a esta escalada nos preços da energia, o governo e retalhistas estão a tomar contra-medidas.

Perante a escalada dos preços dos combustíveis em França que começou no outono passado e a atingiram níveis máximos, o retalhista Leclerc optou por abandonar as suas margens na venda de combustível para oferecer este último a preço de custo durante todo o mês de outubro. Mas desde então, nada mudou. A situação ainda piorou e os preços bateram novos recordes.

Por outro lado, o governo francês ainda se recusa a reajustar a tributação dos combustíveis, tal como em Portugal e noutros países da Europa. Como sabemos, são os impostos que representam a maior parte dessas tarifas. Em vez disso, as autoridades preferiram tomar medidas alternativas, como a criação de uma ajuda de 100 euros, supostamente para cobrir todos os aumentos de preços em França (combustível, eletricidade, gás, produtos de consumo, etc.) ) e depois aumentar a quilometragem com esse ‘subsídio’ para a declaração de rendimentos de 2021, beneficiando assim apenas os franceses que têm de viajar como parte da sua atividade profissional.

À medida que a situação se arrasta, a Leclerc relançou a sua operação de venda de combustível a preço de custo, deduzindo a sua margem dos preços exibidos na bomba, operação que tem início no próximo sábado, 5 de fevereiro (para o início das férias escolares), operação essa que durará um mês, até ao dia 6 de março e que abrange os 713 postos de atendimento da marca.

100€ para compensar o aumento do custo de combustível e energia

Perante esta escalada no preço dos combustíveis e energia, o governo de França anunciou que está a trabalhar no desenvolvimento de ajudas para dar um impulso às famílias mais modestas e mencionou em particular um vale combustível. Trata-se de uma indemnização de 100 euros que será paga a cerca de 38 milhões de franceses, sendo o prémio aplicável a cada pessoa e não a um domicílio fiscal.

Para se ter direito a este subsídio, deve ser trabalhador por conta de outrem, funcionário público, trabalhador por conta própria, aprendiz, bolseiro ou autosuficiente fiscal, candidato a emprego ou reformado e auferir menos de 2.000 euros líquidos por mês antes da dedução do imposto na fonte. Possuir um veículo não conta para os critérios.

Como se definem os preços dos produtos petrolíferos

Os preços no consumidor dos produtos petrolíferos reflectem alterações nas suas várias componentes (preço do petróleo bruto, margem de refinação, margem de transporte-distribuição, tributação). O preço do petróleo bruto é definido pelo mercado de acordo com as variações e expectativas de oferta e demanda de petróleo no curto, médio e longo prazo. É também função da qualidade do crude em causa e varia num intervalo de 5 a 10% em torno de um dos três crudes de referência cotados nos mercados internacionais:

• O Brent (crude do Mar do Norte) é negociado na ICE (InterContinental Exchange) da London Stock Exchange,

• O Petróleo bruto tipo WTI (West Texas Intermediate) é negociado na Nymex da Bolsa de Valores de Nova York

• O Petróleo bruto no Dubai no Médio Oriente é negociado na Bolsa de Valores de Dubai.

O preço do petróleo bruto permite definir uma margem a montante para as empresas petrolíferas que corresponde à diferença entre o preço de venda do petróleo bruto e todos os custos associados à sua produção, nomeadamente o custo técnico de produção (exploração, desenvolvimento e operação) e todos os impostos devidos ao Estado anfitrião. O custo técnico, que varia de acordo com as áreas geográficas e o tipo de óleo produzido. Os custos técnicos de produção tendem a aumentar no longo prazo devido à necessidade das empresas petrolíferas explorarem recursos mais complexos e menos acessíveis.

Os impostos são geralmente proporcionais ao aluguer da mineração, diferença entre o preço de venda do petróleo bruto e seu custo técnico de produção. Estes impostos estão incluídos, dependendo do país, entre 30% e 90% da renda.