Ducati Hypermotard 698 Mono: Diversão PURA | Ensaio
Qualidade de construção
Vamos já abordar o elefante na sala? As motos italianas sempre foram conhecidas por serem belíssimas e apresentarem detalhes muito interessantes, mas quando falamos em qualidade de construção e dos componentes, a verdade é que nunca foram uma referência, apesar de terem melhorado substancialmente nos últimos anos.
Esta nova Duacti Hypermotard 698 Mono é efetivamente uma supermoto muito bonita e com um grafismo que chama bastante à atenção – principalmente na sua versão RVE, contudo, há pormenores que nos desiludiram um pouco, nomeadamente a parte elétrica demasiado exposta ou a qualidade dos plásticos. Por um valor superior a 13.000€ a verdade é que esperávamos um pouco mais da qualidade de construção e acabamentos desta moto. Esperemos que seja apenas a aparência e que os materiais sejam, no fim do dia, robustos.
Metade da Panigale
Parece que a moda de cortar motores ao meio e adaptá-los está a ganhar fama. Umas marcas cortam motores de automóveis, outras adaptam os que têm nas suas superdesportivas. Brincadeiras à parte, a Ducati foi buscar inspiração ao motor V2 da Panigale 1299, utilizando diversos componentes internos da moto que foi produzida entre 2015 e 2018 – como o pistão de 116 mm de diâmetro, câmara de combustão e válvulas de admissão- adaptando os mesmo às novas normas de poluição e ao facto de na 698 Mono este motor ser, no fundo, metade do que encontrávamos na desportiva de Borgo Panigale.
Este bloco – que a Ducati chama de Superquadro Mono – torna-se assim o motor monocilíndrico mais potente de sempre a ser produzido para a estrada, com 77,5 cv e muita vontade de andar depressa. Falando de sensações podemos dizer que este bloco está confortável a circular em rotações médias/altas, apesar da sua disponibilidade deste muito cedo e em toda a faixa de rotação, sendo que em rotações baixas não está de todo confortável – como seria de esperar de um motor monocilíndrico com quase 700 cc. A sua alma surge efetivamente a partir das 6.000/7.000 rpm e aí temos de domar bem o punho direito que parece ter um sensor ligado à roda dianteira; quanto mais rodamos, mais a roda levanta até intervenção divina da eletrónica.
Em suma, o motor tem alma, reage bem às nossas solicitações, mas não esperem suavidade do mesmo no que diz respeito a vibrações, pois é um motor algo áspero e com um comportamento que aparenta estar sempre zangado e a pedir mais. Com os modos de motor é possível mascarar um pouco isso, e na cidade principalmente, o modo de chuva acaba por ajudar muito a “domar” este carácter mais agressivo do Superquadro Mono.
Bicicleta com motor
Na ciclística , a Ducati não poupou em nada. A moto vem equipada com uma forquilha Marzocchi totalmente ajustável na dianteira, um mono amortecedor Sachs, também ele totalmente regulável, travões Brembo M4.32 com um disco de 330 mm na frente e um disco de 245 mm na traseira, e as jantes de 17” a equipar borracha Pirelli Diablo Rossso IV.
Na ficha técnica, tudo parece estar alinhado, mas será que a Ducati conseguiu uma boa harmonia entre todos os componentes? A resposta simples é sim. Esta Hypermotard 698 Mono é um brinquedo autêntico. O seu peso de sensivelmente 165 kg a cheio, permite movimentar a moto entre curvas de forma extremamente rápida, permitindo também uma enorme margem de manobra para corrigir trajetórias ou aplicar mesmo alguma pressão nos travões quando nos entusiasmamos em demasia ao entrar em curva.
Em sintonia com isto, o monocilíndrico permite ser explorado com muita facilidade, mesmo com a moto inclinada, com o acelerador a ser um fator que causa pouca perturbação quando é acionado em curva. Apesar disso é preciso ter algum cuidado com a roda dianteira que gosta muito de se afastar do asfalto à saída de curva. Esta moto sente-se, acima de tudo, como um brinquedo, mas um brinquedo que precisa de ser tratado com cuidado porque tem argumentos para nos magoar. A distribuição de peso é praticamente perfeita e as suspensões apesar de serem rijas para uma circulação de forma mais moderada, quando são colocadas à prova justificam a sua rigidez com estabilidade e precisão.
A travagem, estando a cargo da Brembo, é potente e precisa, como seria de esperar, algo que é essencial para uma moto que faz as coisas tão rápido como esta Hypermotard. O guiador ajuda muito também na tarefa de movimentar e colocar a moto onde queremos, oferecendo uma excelente posição para os braços – bastante natural. As pernas têm também uma posição que nos permite aguentar vários quilómetros, não fosse o assento desta 698 Mono um banco semelhante ao de uma moto de enduro. Para além disso, com o depósito de apenas 12 litros e a falta de indicador de combustível, não podemos realizar grandes trajetos. Mas verdade seja dita, para brincar, chega.
A mais tecnológica
Para além do motor, um dos grandes destaques da nova Hypermotard 698 Mono, foi a quantidade de tecnologia que esta apresenta, sendo muita dela derivada da Panigale 1299 – uma das desportivas de maior sucesso da marca italiana. Nesta supermoto contamos com diversos modos de condução, como já referimos, mas também muita eletrónica de assistência à pilotagem. Destaca-se claramente o controlo anti cavalinho que pode ser alterado em diversos parâmetros – fazendo parecer que temos mais habilidade do que a que efetivamente temos – assim como o controlo de travão de motor que é uma peça fundamental para nos ajudar a derrapar a roda traseira na entrada em curva, fazendo de nós autênticos pilotos de supermoto, mesmo sem querermos.
Infelizmente o Quick Shifter não vem de série nesta versão, apenas na versão RVE. A verdade é que toda esta tecnologia torna a pilotagem desta moto extremamente fácil e permite praticamente a qualquer um explorar todas as potencialidades da 698 Mono. E se é também verdade que as marcas italianas sempre foram conhecidas por inovar e apresentar apetrechos tecnológicos que não encontramos nas restantes marcas, muitas vezes esses componentes ou não eram fiáveis, ou mascaravam alguns defeitos que podiam estar presentes na moto.
Quanto à fiabilidade não podemos falar porque circulámos apenas uma centena de quilómetros com esta moto ao longo de uma semana, mas podemos confirmar que, no que diz respeito às sensações de condução, nunca sentimos que fossem mascaradas por nenhuma das ajudas eletrónicas. Tanto a dianteira como a traseira transmitem boas sensações, e sentimos inclusive que a eletrónica está a acompanhar o que está a acontecer e a deixar os seus avisos para que tenhamos cuidado com o que está a ser feito, seja em aceleração, como em travagem – o que nos diz que a mesma está bem calibrada.
Esta é a moto mais tecnológica do segmento supermoto, e a experiência que a Ducati adquiriu com a Panigale 1299 permitiu que esta 698 fosse munida de eletrónica semelhante a algumas superbikes, algo que não é de todo comum neste segmento, mas muito bem-vindo, apesar do ecrã ser um simples LCD de 3.8” que peca por não nos oferecer indicador de combustível, apesar de ter quase toda a informação essencial.
Brinquedo de fim de semana
Sim, esta Ducati está longe de ser a moto ideal para circular todos os dias, ou para se adquirir como única moto para ter na garagem. Mas não há tantas assim? Há, e não deixam de conquistar o coração de muitos que se deixam levar pela emoção e menos pela parte racional. Os prós e os contras desta moto são claros nos primeiros quilómetros aos comandos da mesma.
As vibrações e o assento menos confortável são impossíveis de mascarar, mas as suspensões e agilidade fantástica bem como os travões extremamente potentes e precisos, saltam imediatamente à vista. Saber que temos tecnologia e engenharia de uma superbike nesta moto, também pode ajudar à decisão da aquisição de um supermoto diferente das restantes.
No fim do dia, o importante será perceber como e quando vamos conseguir tirar proveito desta moto e do que ela oferece, e se estamos dispostos a abdicar de certos aspetos para conseguir outros que só com esta Hypermotard 698 Mono conseguimos encontrar neste segmento.
CARACTERÍSTICAS TÉCNICAS | Ducati Hypermotard 698 Mono |
MOTOR | |
Cilindrada | 659 cc |
Potência | 77.5 cv @ 9.750rpm |
Binário | 63 Nm @ 8.000 rpm |
Nº de Cilindros | Monocilíndrico |
TRANSMISSÃO | |
Caixa de Velocidades | 6 Velocidades |
Tipo de Caixa | Manual |
QuickShift | Não |
Embraiagem | Multidisco em banho de óleo |
Transmissão Final | Corrente |
QUADRO | |
Tipo de Quadro | Treliça em tubo de aço |
Sub-Quadro | Treliça em tubo de aço |
SUSPENSÕES | |
Suspensão Dianteira | Forquilha invertida Marzocchi totalmente ajustável, 45 mm |
Curso da Susp. Dianteira | 215 mm |
Suspensão Traseira | Amortecedor Sachs totalmente regulável |
Curso da Susp. Traseira | 240 mm |
TRAVÕES | |
Travões dianteiros | Disco 330 mm |
Pinças de Travão Diant. | Brembo M4.32, 2 pistões |
Travão Traseiro | Disco de 245 mm |
Pinça Travão Tras. | 1 pistão |
JANTES E PNEUS | |
Medida do Pneu Diant. | 120/70 ZR17 |
Medida do Pneu Tras. | 160/60 ZR17 |
AJUDAS ELECTRÓNICAS | |
Modos de Motor | Sim |
Outros | Bosch Cornering ABS, Ducati Traction Control (DTC), Ducati Wheelie Control (DWC), Engine Brake Control (EBC), Ducati Brake Light (DBL), Ducati Power Launch (DLC), iluminação Full LED |
Controle de Binário e Tração | Sim |
DIMENSÕES | |
Distância entre Eixos | 1443 mm |
Altura do Assento | 904 mm |
Distância ao Solo | n.d |
Capacidade do Depósito | 12 Litros |
Peso a cheio | 165 Kg |
CONSUMOS / EMISSÔES | |
Consumo Médio – anunciado | n.d |
Consumo Médio – testado | 6.5 L/100KM |
Emissões CO2 | Euro 5 |
CORES 2024 / PVP | |
Variantes / Cores | Vermelho; RVE |
PVP Base s/ despesas de mat. | 13.145€ (desde) |
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