Teste Yamaha XSR 900 – Ao ritmo de “Disco Sound”

By on 4 Janeiro, 2023

Realizado por Alfonso Sánchez – Solomoto

De facto quando rodamos na XSR 900 é como se estivéssemos a ouvir música dos anos 70 e 80. A um ritmo marcado pelas linhas concebidas pela Faster Sons da Yamaha, que neste caso se inspira na YZR500 de Christian Sarron com as cores da Sonauto Gauloises. Todo um clássico daquela época que agora, debaixo de uma pretensa pele dos anos oitenta, encontramos uma máquina do Séc. XXI, um modelo que continua a mover-se ao ritmo marcado pelas colunas e os reflexos das icónicas bolas de espelhos.

Quando o piloto Christian Sarron voltou a rodar na categoria rainha, naquela época as saudosas 500cc a 2 tempos, num longínquo ano de 1984, a música Disco já estava a passar de moda. A princípios da década dos 80 era o Dance que ameaçava impor a sua lei, logo após seguido pelo estilo New Wave, pelo Hip Hop, pelo Rap e pela música eletrónica.  Precisamente essa época de transição ficou marcada por alguns Hits que ainda hoje todos recordamos, Funkytown, o Celebration dos Kool & the Gang, o It’s Raining Men das Weather Girls, o Ilusion dos Imagination ou ainda o fantástico Thriller do não menos genial e ambíguo Michael Jackson. Todos temas que contribuíram para a transição dos ritmos dos anos 70 para aquilo que mais tarde seria uma explosão de génio nos anos 80.

Christian Sarron em Yamaha YZR 500 do Team Sonauto Gauloises

Já a Yamaha atreveu-se a dar um salto ainda maior e construiu a meados da segunda década do presente século uma ponte entre os anos 80 e a actualidade. A marca japonesa foi capaz de realizar uma trajectória que agora apresenta a sua última realização. A XSR 900 renova a sua imagem e melhora o seu equipamento para seguir mantendo vivo o espírito dos anos 80.

A nossa particular “Febre de Sábado à Noite“ toma a forma de uma Naked, de aparência minimalista e simples mas cheia de conteúdo. A cromática adoptada em Legend Blue faz alusão aos esquemas de cores que decoravam as máquinas do famoso piloto francês, Sarron, em meados da penúltima década do século passado. Inclusivamente, na sua essência, consegue manter uma estrutura semelhante com o seu quadro Deltabox a marcar uma boa parte do seu protagonismo.

Na verdade a Yamaha concebeu a imagem da XSR 900 em plena consciência. Todos os pormenores  exibem essa nostalgia que serve para esconder toda a actualidade da tecnologia que carrega. Toda a magia do modelo reside precisamente nesses pormenores.

À imagem e semelhança

Como exemplo do que vimos comentando um dos pormenores mais evidentes é o seu depósito de combustível, um volumoso tanque de 14 litros que apresenta um cobertura na sua parte dianteira  e que na parte posterior se encontra separado no assento à semelhança dos modelos de competição da época.

Da mesma forma o assento de uma única peça, está inspirado nas baquets de Grande Prémio de algumas décadas atrás. Com uma parte final quase quadrada e um desenho essencialmente mono lugar, o assento apresenta bons acabamentos com costuras a cor e apenas a cinta, onde se poderá segurar um eventual pendura, quebra a sua linha uniforme.

Outros pormenores de carácter desportivo podem ser encontrados em ambos os lados, marcando uma linha de separação entre o assento e o depósito. Trata-se de umas placas laterais fixadas com parafusos de desaperto rápido, nos quais podemos ver o logotipo do modelo em vermelho ou amarelo, dependendo se é a versão negra ou a versão em Legend Blue réplica de Christian Sarron.

Continuando com os pormenores que exibem o conceito clássico adoptado, a XSR 900 monta um farol dianteiro redondo, um elemento comum em todas motos Yamaha da gama Sport Heritage e que contam com um projector dividido em duas partes que inclui ainda iluminação diurna semicircular. A iluminação é obviamente de tecnologia LED tanto nos faróis como nos intermitentes. No caso do farol traseiro destacamos a forma dissimulada e curiosa de como a Yamaha encaixou o mesmo debaixo do assento, embora seja perfeitamente visível e acrescente um grau importante de personalidade ao modelo.

No que toca a instrumentação a XSR abandona a linha nostálgica que marcou o passado para adotar um moderno painel TFT a cores de 3,5” que inclui todas as funcionalidades e informação necessária inclusivamente conectividade.

E embebidos numa áurea do passado depressa somos surpreendidos pelo impacto que a XSR nos causa.  Ninguém fica indiferente perante a XSR 900, é uma moto que atrai a atenção de todos os que passam próximo. A XSR900 é daqueles modelos que ao vivo ganham impactam muito mais do que em fotografia.

Estamos também perante uma moto de muito estilo, que exibe formas cuidadas sem ser exuberante. Leve e manejável, cumpre com a sua missão de forma precisa e sem queixas.

A Yamaha colocou o assento a uns meros 810mm do solo pelo que colocar os dois pés no chão será tarefa fácil mesmo para aqueles com estatura abaixo da média, sendo que o assento ao não ser demasiado largo facilita a tarefa.

Pequenas limitações

Se a tudo isto juntarmos um peso contido de apenas 193 Kg com o depósito cheio, encontramo-nos perante uma moto bastante ágil embora um pequeno pormenor possa penalizar o rodar em ambiente urbano, que é a sua pouca brécagem. Assim que rodamos o guiador encontramos de imediato o seu limite de viragem, realidade causada pela largura da dupla viga do quadro somada à grossura das suspensões dianteiras ficando algo reduzida a capacidade de manobras com a  moto parada.

Também outra realidade penaliza a XSR900 em cidade que são os retrovisores montados no topo do guiador Esteticamente é aceitável e contribuem para a imagem clássica da moto mas acabam por penalizar a circulação entre carros nas habituais filas de trânsito dentro das cidades.

A genética estética e tecnológica deste modelo neoclássico pede-nos desesperadamente que a levemos para estradas onde lhe possamos dar rédea solta e explorar com liberdade todo o seu potencial. Na verdade a XSR é uma digna herdeira destes novos tempos de chips e electrónica.

Em primeiro lugar porque conta com uma das mecânicas mais bem conseguidas pela marca nestes últimos tempos. Temos que reconhecer que somos apaixonados pelos motores tricilíndricos CP3 da Yamaha, que têm aquele ponto de equilíbrio entre a suavidade e raiva de um tetracilíndrico e o carácter e tração de um bicilíndrico. Os 119 CV  que coloca à nossa disposição são perfeitamente controláveis graças sobretudo aos 4 Modos de condução disponíveis que te permitem adaptar  a sua entrega ao teu gosto ou em função das condições do momento.

Uma mecânica que garante arrancar bem desde os mais baixos regimes embora seja nos médios que se exibe e brilha para ainda demonstrar enorme elasticidade nos altos regimes. Os 93 Nm de binário estão distribuídos de forma equilibrada para garantir disponibilidade de entrega em qualquer regime. E para manter tudo debaixo de controle e sem sobressaltos, a restante eletrónica disponibilizada pelo seu IMU de seis eixos garantem-nos um nível de segurança constante graças ao controle de tração, controle de travagem em curva, controle de cavalinho, tudo isto sem que te apercebas da sua intervenção.

O Cornering ABS funciona de forma nada intrusiva, sabes que está aí para te ajudar mas não notas a sua intervenção. Sempre num segundo plano como backup em situações que justifiquem a sua actuação., realidade que se traduz num aumento da nossa confiança ao explorarmos os limites da XSR.

Ao rodarmos em estradas de montanha de imediato apercebemo-nos como a XSR900 acelera de forma determinada à saída das curvas e em simultâneo notas como os pneus garantem toda a tração que o conjunto te permite colocar no asfalto.  O melhor de tudo é que não necessitamos de estar a passar caixa constantemente já que o binário do CP3 tricilíndrico da Yamaha te permite manter um ritmo endiabrado apenas com duas ou três mudanças.

Por certo a versão que testámos vinha montada com Quickshift bi-direcional que mostrou funcionar na perfeição o que faz com que praticamente apenas seja necessário usar a embraiagem para meter a primeira e arrancar.

Uma boa parte das excelências dinâmicas desta moto são responsabilidade do sua excelente ciclística. O quadro robusto de dupla viga garante uma confortável rigidez  ao conjunto acompanhada pelo bom desempenho das suas suspensões num compromisso acertado de conforto e efectividade. Destacamos o bom funcionamento sobretudo das suspensão dianteira que permite todo o tipo de afinações, ao contrário do amortecedor traseiro que peca por ser algo duro e a não permitir ajustes mais precisos.

Como resultado conseguimos uma agilidade tremenda em estrada, com mudanças de direção fluidas e precisas, com uma frente que transmite muita confiança e na traseira, graças a um braço oscilante mais longo, obtemos uma transmissão de potência ao solo perfeita.

Controlo absoluto

A precisão proporcionada pela frente da XSR é também garantida pela montagem de jantes Spinforged da marca, realidade que ajuda em muito a aligeirar o seu peso. Em termos de travagem há que referir que a mesma não revela qualquer dificuldade e permite apurar com precisão s entradas em curva com um enorme grau de confiança. Duplo disco dianteiro de 298mm e pinças Brembo radiais com 4 pistons garantem uma travagem sempre segura, precisa e controlada com enorme sensibilidade no seu tacto.

Se há que criticar alguma realidade à Yamaha XSR900 é o facto de a mesma sacrificar um pouco o seu conforto em prol de uma imagem clássica desportiva onde o assento pela sua dureza acaba por se tornar algo incómodo em longas tiradas.

Já em estradas rápidas aquilo que de imediato nos chama a atenção é a sua perfeita estabilidade e segurança no traçar de trajectórias em curvas rápidas, é perfeita. Neste contexto somos apenas penalizados pela ausência de proteção aerodinâmica, realidade que absolutamente normal numa Naked desportiva.

Um outro pormenor a favor é o facto de podermos contar com Cruise Control podendo fixar a velocidade de cruzeiro dentro dos limites estabelecidos para auto-estradas e assim evitarmos que um qualquer radar possa meter a mão no nosso bolso.

Bela, divertida, ágil e potente… que mais se lhe pode pedir ? Se ainda por cima optamos pela decoração nostálgica dos anos 80, exibindo aquelas cores que recordam tempos áureos na alta competição, teremos uma combinação explosiva. O melhor de tudo é que não só os que têm mais experiência sairão satisfeitos com a condução da mesma como reúne características únicas que as gerações mais jovens procuram numa moto a nível de electrónica e componentes de última geração.

Por 11.695 euros será  que não vais deixar-te levar pela “febre de sábado à noite”? Apostamos que sim….

Uma XSR900 Versão A2

O passo intermédio é lento mas necessário e obrigatório sendo que a ascensão gradual ao cimo com a obtenção da Carta A2 acaba por se concretizar. Sabendo que todos os utilizadores normalmente trocam de moto sempre que sobem de nível na sua Carta de condução a Yamaha não quer que ninguém perca a oportunidade de poder usufruir de toda a experiência proporcionada pela sua XSR900 e por isso disponibiliza uma versão limitada a 35 Kw ( 47,6 CV) para poder ser conduzida com carta A2.

Desta forma poderás mais tarde com a obtenção da carta de condução A desfrutar de todo o seu potencial indo a um concessionário oficial para a deslimitar.

O que mais gostámos e o que pode melhorar

Solomoto +

  • Estética atractiva
  • Potência do motor
  • Progressividade e carácter
  • Ciclística brilhante

Solomoto –

  • Colocação dos retrovisores
  • Dureza do assento
  • Brécagem reduzida

Ficha Técnica Yamaha XSR900

Motor tipoTricilíndrico 4T, DOHC, LC, 12V
Diámetro x curso78 x 62,1 mm
Cilindrada890 c.c.
Potência máxima119 CV a 10.000 rpm
Par motor máximo93 Nm a 7.000 rpm
AlimentaçãoInyección electrónica
Emissões de CO2116 g/km
Caixa6 velocidades
EmbraiagemMultidisco em banho de óleo e anti-deslizante
Transmissão secundáriaCorrente de O’rings
Tipo de chassiDeltabox de alumínio
Geometría de direcção25º /108 mm de avanço
Braço oscilanteDuplo braço de aluminio
Suspenssão dianteiraInvertida KYB de 41 mm com 130 mm de curso
Suspensão traseiraMonoamortecedor KYB com 137 mm de curso
Travão dianteiro2 discos de 298 mm com pinças de 4 pistons ABS em curva
Travão traseiroDisco de 245 mm com pinça de um pistón e ABS em curva
Pneus120/70-17 e 180/55-17
Distancia entre eixos1.495 mm
Altura assento810 mm
Peso em ordem marcha193 kg
Depósito14 l
Consumo médio5 l /100 km
Autonomía teórica:280 km
Garantía oficial3 anos
ImportadorYamaha Motor Europe
Contacto+(351) 214722100
WebYamaha-motor.eu/pt
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