As grandes trail: Na origem das Adventure
Hoje, uma Adventure, ou Turística-Aventura, vem de origem equipada com tudo o que é preciso para atravessar continentes pondo só gasolina no depósito… mas elas surgiram da vontade de numerosos utilizadores, que mostraram o caminho às fábricas para um dos mais dinâmicos segmentos da atualidade.
Presentemente fala-se de Turismo-Aventura como se as motos para o praticar sempre tivessem estado connosco, mas não é bem assim. Até aos anos 80, só havia praticamente um segmento de mercado: As motos à partida eram todas, pela definição atual, “nakeds”, e cada qual tinha de as equipar ao seu gosto, conforme o uso que lhes queria dar…
Se o objetivo era viajar, então procuravam-se no mercado de acessórios vidros, malas, barras de proteção, sacos de depósito, etc. Estes eram, invariavelmente, universais e havia que fazer alguma improvisação com suportes ou ligações. Como tantas vezes bestes casos, os Estados Unidos foram pioneiros, com designers como Craig Vetter a estilizar carenagens ou malas para adaptar a uma variedade de motos da época.
Mesmo as primeiras grandes trail eram apenas as motos mais adaptadas a viajar para todo o lado por terem maior distância ao solo, pneus mais adaptados à condução em terra e posições de condução mais consensuais com andar durante horas e horas relativamente devagar, a apreciar a paisagem, mais do que uns minutos a 200 para depois parar no café mais próximo.
Coisas como a Yamaha XT500, talvez a primeira grande trail, que saiu em 1975 e que nos daria a Ténéré a seguir; ou as XL da Honda, que vinham numa variedade de tamanhos entre 100 e 500 cc, de onde saiu depois a XL600 Paris Dakar. A Kawasaki e Suzuki também tiveram modelos semelhantes, como a KLR da primeira ou as PE da segunda, estas mais viradas para o Enduro, até por serem motores a dois tempos, dificilmente conciliáveis com grandes viagens.Então, os fabricantes começaram a perceber que podiam vender mais motos a mais utilizadores se fossem ao encontro de nichos… mais uma vez a Yamaha foi pioneira, com o segmento custom a ser definido pela XL650 Special, que pela primeira vez trazia de origem assento em dois patamares, guiadores altos ao estilo americano e pintura custom negra e dourada.
Voltando às Adventure, a BMW seria então a seguinte a dar origem ao segmento, com a sua R80G/S. O G/S, de Gelände/Straße (literalmente, terra e rua) indicava a versatilidade do modelo, que não tardou em impor-se no Dakar em versões com um depósito um pouco maior, suspensão melhorada, algumas proteções e pouco mais. Até à GS, fazer todo-terreno não era compatível com viajar a dois.
Quando a marca viu que os clientes estavam a pegar na sua R80G/S básica de origem e a equipa-la com malas, barras e depósitos do mercado paralelo para viagens intercontinentais de longa distância, de repente, tudo mudou…
(Continua…)
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