Ensaio realizado por Marcos Blanco – Solomoto
Uma década decorrida depois do lançamento da Triumph 1200, a Maxitrail britânica renova-se por completo e com a mudança altera também a sua denominação. A gama mais asfáltica passa a designar-se por GT e a gama de características mais adaptadas ao OffRoad para a chamar-se de Rally. A diferença é basicamente a adopção de uma roda raiada de 21” na dianteira nas versões Rally enquanto que a versão GT monta jante de liga de 19”. Ambas montam jantes de 18” na traseira e nos dois modelos existem versões Explorer que montam depósitos de 30 litros em vez dos 20 litros das versões standard.


Na apresentação internacional que decorreu recentemente no Algarve ficou claro que a fábrica britânica de Hinkley definiu como objectivo desafiar o sucesso comercial com quase duas décadas das BMW R 1200 e 1250 GS sendo que cada actualização da Tiger tinha sempre como objectivo superar a moto germânica, pelo menos no papel, com características técnicas ligeiramente superiores e mantendo a igualdade no esquema de transmissão por veio adoptado por ambas.

Com a nova Triumph Tiger 1200 a realidade é distinta pois a moto britânica vê a sua mecânica e ciclística totalmente renovadas para além de adoptar também uma estética totalmente nova. Na nova versão apenas os comandos nos punhos são idênticos a aqueles estreados na última versão da Tiger 1200.
Renovação total
A actualização foi de tal forma profunda que a Triumph decidiu alterar a sua denominação, mantendo o nome de Tiger 1200 mas abandona as siglas XR e XC e prol das siglas mais explícitas GT e Rally. A gama Triumph Tiger 1200 está agora constituída por 5 modelos; 3 versões GT com jantes de alumínio sendo a anterior de 19”, a versão base GT, a GT Pro e a GT Explorer os restantes dois modelos são as versões Rally, a Rally Pro e a Rally Explorer.


As versões Explorer são as versões topo de gama, que montam depósitos de 30 Litros ( equivalentes à GS Adventure ), e incluem radar traseiro que avisa nos retrovisores laterais da proximidade de um veículo em ângulo motor acedendo um pequeno LED no lado respectivo. As versões Explorer incluem ainda o Modo de Condução OffRoad Pro que permite desligar totalmente a intervenção do ABS e do Controle de Tração, entre outros pormenores.

Um dos melhoramentos que cabe destacar nas novas Tiger 1200 é o processo drástico de emagrecimento a que as mesmas foram submetidas. Nada mais nada menos do que 25 Kg a menos do que a sua versão anterior. Como curiosidade a Triumph declara agora o peso das suas motos com depósito 90% cheio, realidade que anteriormente o fazia a seco e sem dar demasiado destaque a essa informação. A Tiger GT versão base pesa 240 Kg com depósito cheio e a versão mais pesada, a Rally Explorer, alcança os 261 Kg.
Devoradoras de milhas

Que as actuais moto Maxi Trail destronaram as tradicionais motos de turismo já não é novidade, realidade que agora sai reforçada com a adopção clara por parte da Triumph da designação GT ( Gran Turismo ) nas suas 3 versões mais asfálticas. Durante o primeiro dia de apresentação no Algarve, dedicamo-nos quase exclusivamente a rodar nas versões de estrada, nas duas versões GT mais equipadas, a GT pro e a GT Explorer.

A estética mudou radicalmente face às versões anteriores no entanto a sensação de dimensão continua a ser considerável, sobretudo nas versões Explorer de 30 litros. Com o assento nos 850mm o acesso para pilotos de estatura média e baixa faz-se com algum esforço. Mesmo assim, e apesar dos poisa-pés estarem colocados numa posição mais baixa, decidimos elevar o assento para os 870 mm e assim obtermos uma posição mais cómoda para as nossas pernas.

Uma das características que nos chama de imediato a atenção é a largura do guiador, talvez um pouco exagerada para a versão GT mais vocacionada para rodar em asfalto, no entanto o facto de estar colocado mais perto no condutor compensa a sua largura. As versões GT montam protectores de borracha nos poisa-pés que são facilmente despontáveis sem necessidade de ferramentas.

A chave é do tipo remota e o arranque é realizado no punho direito de forma idêntica às restantes Triumph Tiger em que há que pressionar o botão do motor de arranque primeiro para cima para ligarmos a moto e depois para baixo para acionar o motor de arranque e colocar o motor de cambota T-Plane ( como o da Tiger 900 ) em marcha.

Nas baixas rotações o motor tem um comportamento totalmente distinto do motor anterior, com uma reação que demonstra alguma falta resposta nos regimes mais baixos. Esta realidade altera-se por completo assim que o motor alcança os regimes intermédios e a a cambota do tipo T-Plane começa a demonstrar toda a capacidade de entrega de binário e potência do motor, acompanhado de uma sonoridade atrativa graças ao perfil estreito do novo escape que monta, demonstrando algo mais de vibrações do que no motor anterior. A caixa com quickshift bi-direcional é suave e precisa e permite-nos concentrar-nos exclusivamente em desenharmos as melhores trajectórias possíveis no percurso de serra por onde nos levaram.

As Tiger 1200 estreiam um novo painel de informação TFT de 7”, disponibilizando toda a informação de forma clara e precisa sendo que o espaço central está especialmente dedicado ao conta-rotações, sendo que o mesmo se desvia lateralmente sempre que acedemos pelo joystick situado no punho esquerdo à restante informação disponível, permitindo entre outras coisas selecionar em andamento o Modo de Condução e alterar os parâmetros das suspensões semi-activas da Showa.

Uma nova particularidade é a fácil regulação manual da altura em 60 mm do écran dianteiro, tendo, por razões de diminuição de peso certamente, sido abandonado o sistema eléctrico que anteriormente o acionava. Na posição mais baixa a proteção é escassa e na posição mais alta continuamos com os ombros algo expostos. Em termos aerodinâmicos a versão Explorer é aquela que oferece maior proteção.

OffRoad – Em tempo de borrasca
No dia seguinte, especialmente dedicado a testar as versões Rally num percurso OffRoad, fomos infelizmente recebidos por uma chuva torrencial e uma tempestade que alterou por completo as condições do terreno. Apesar de as versões Rally Pro estarem montadas com pneus Michelin Anakee Wild as condições de aderência eram críticas, e apesar da roda dianteira de 21” e toda a electrónica de ajuda à condução o certo é que a Tiger Rally Pro continuava a pesar mais de 240 Kg e a ter 150 CV de potência no seu motor mesmo em modo OffRoad.

Desligar todas as ajudas electrónicas estava fora de questão e entre raios e coriscos, com a ajuda do controle de tração e algo de intervenção do ABS na roda dianteira lá conseguimos chegar ao final do troço escolhido para a parte da manhã, isso sim totalmente encharcados e com a sensação de que as verdadeiras capacidades da Rally Pro fora de estrada e no Modo OffRoad Pro tinham ficado por testar.
Mecânica inédita
Novidade clara é a adopção de tecnologia T-Plane na concepção do novo motor da Triumph 1200, realidade que anteriormente já tinha sido desenvolvida para a Tiger 900 e que introduz uma ignição desfasada e não convencional dos 3 cilindros sendo do tipo 1-3-2 e com intervalos de 180º, 270º e 270º. Em termos de potência atinge os 150 CV ( mais 9 CV que o motor anterior ) debitando 130 Nm às 7.000 rpm.

Em termos de ajudas electrónicas inclui 6 Modos de Condução, Rain, Road e Sport, Off Road, OffRoad Pro ( na Explorer ) e por último o Modo Rider configurável. A transmissão final é por cardan e a caixa de 6 velocidades tem Quickshift nas duas direções.

Em termos de braço oscilante integra uma inovação com um sistema de duplo braço articulado baptizado de Tri-Link e pesa menos 1,5 Kg que o sistema anterior. O quadro em aço multitubular pesa agora menos 4,5 Kg do que o anterior e o sub-quadro em alumínio está aparafusado ao quadro principal. Os poisa-pés do pendura estão também aparafusados ao sub-quadro.

A Triumph Tiger 1200 monta Cornering ABS, Sistema optimizado pela Continental e a travagem é assegurada por dois discos na dianteira com pinças Brembo Stylema de 4 pistons e Bomba de travão dianteiro Magura HC-1. As jantes traseiras são ambas de 18” , quer na versão GT quer na versão Rally, assim como em ambas versões Explorer.

O que mais nos gostou e o que menos
MOTO +
- Desempenho geral muito positivo
- Funcionamento das suspensões semi-activas
- Maior autonomia nas versões Explorer
- Desempenho OffRoad das versões Rally
- Radar traseiro nas versões Explorer
MOTO –
- Motor T-Plane a necessitar de ajuste na sua parametrização
- Vibrações nos médios e altos regimes
- Resposta brusca do acelerador no início
Cores disponíveis Tiger 1200 GT / PVP Base 18.950.- eur
Cores disponíveis Tiger 1200 Rally Pro / PVP base 22.600.- eur
Ficha Técnica Triumph Tiger 1200 2022 GT/ Rally
- Motor tipo: 3 cil em linha 4T, LC DOHC 12V
- Diámetro x curso: 90,0 x 60,7 mm
- Cilindrada: 1.160 cc
- Potência máxima: 150 CV a 9.000 rpm
- Binário máximo: 130 Nm a 7.000 rpm
- Alimentação: Injecção electrónica
- Emissões de CO2: 119 gr/km
- Caixa: 6 velocidades com Quickshift
- Embraiagem: Multidisco em banho de óleo e deslizante
- Transmissão secundária: Cardan
- Tipo chassi: Multitubular em aço, sub-chasis de alumínio
- Geometría de direção: 24,1º/120 mm
- Braço oscilante: Duplo braço assimétrico de alumínio
- Suspensão dianteira: Showa invertida de 49 mm, 200/220 mm, semiactiva
- Suspensão traseira: Mono-amortecedor Showa, 200/220 mm, semiactiva
- Travão dianteiro: Dois discos de 320 mm, pinças Brembo M4.30 Stylema
- Travão traseiro: Disco 282 mm, pinça Brembo 1 pistón
- Jantes e pneus: 120/70-19” / 90/90-21” (fr.) y 150/70-18” (tras)
- Comprimento total: 2.245/2.270 mm
- Altura máxima: 1.436-1.497/1.487-1.547 mm
- Largura máxima: 982 mm
- Dist. Entre eixos: 1.560 mm
- Altura assento: 850-870 / 875-895 mm
- Peso cheio: 240-255 Kg / 249-261 kg
- Depósito: 20/30 litros
- Consumo médio: 5,1 litros
- Autonomía teórica: 392/588 km
- Garantía oficial: 4 anos
- Importador: Triumph Motocicletas España
- Web: https://www.triumphmotorcycles.pt
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