Para renovar uma das suas naked mais desejadas da sua gama, a Kawasaki não se poupou a esforços e o resultado final é precisamente o que todos esperavam: a melhor Z900 de sempre. Não bastava fazer ligeiros acertos e voltar a apelar ao conceito “sugomi”, era necessário ir mais além. O objectivo foi cumprido, a nova Z900 está melhor que nunca e em todos os aspectos!
POR DOMINGOS JANEIRO • FOTOS RUI JORGE
Se nos pedissem para descrever a nova Kawasaki Z900 em poucas palavras, poderíamos dizer que é a melhor geração de sempre da Z900 o que vai fazer com que, muito provavelmente, consiga elevar a naked de Akashi ao lugar que tanto ambiciona, o topo de vendas no segmento, com uma super-ajuda que é o facto de também estar disponível numa opção 35 kW, apta aos jovens detentores de carta A2. Mas para todos aqueles que possam ainda não conhecer este modelo, podemos dizer que a primeira Z900 nasceu em 2017 através de uma opção “full power” com 125 cv de potência. No entanto, não demorou tempo nenhum até surgir uma versão com 95 cv, preparada para poder ser limitada aos 47 cv (35 kW) e por isso, servir como primeira moto a um grande número de novos motociclistas que encontravam aqui a “medida certa” para aquilo que procuravam. Uma moto tão competente para o dia a dia, quanto pronta para descobrir a verdadeira essência da condução desportiva com guiador alto.

Como não podia deixar de ser, a nova Z900 incide nos ponto-chave que a tornaram num modelo tão carismático como a estética “sugomi”, que remete para a silhueta de um leopardo em posição de ataque, ou o motor poderoso e enérgico sob a bitola de um tetracilíndrico em linha de carácter desportivo, embora dotado de um carácter mais amigável e utilizável face à vocação eminentemente mais desportiva, com uma faixa de rotação baixa e média especialmente cuidadas para que o utilizador desfrute de todas as vantagens de um “tetra” mas nas faixas de rotação onde irá passar mais tempo quando roda pelas vias públicas.

Desta forma criou-se a lenda de um motor que já deu inúmeros momentos de glória à Kawasaki, dando origem a uma saga de motos desportivas, sport-turismo e naked, até outras com toque trail, como é o caso das Versys. No caso em concreto da Z900, estamos perante um modelo que é capaz de agradar a uma enorme diversidade de utilizadores, desde os mais entusiastas das naked potentes, passando pelos detentores de carta A2, ou ainda para aqueles que embora nutram um certo gosto pelas desportivas, encontram na Z900 esse equilíbrio tão desejado entre potência e conforto. Não esqueçamos o Troféu ZCUP que durante muito tempo deu um colorido exclusivamente “verde” ao nosso campeonato nacional de velocidade, que embora se tenha democratizado a mais marcas e modelos, continua a ter a sua “franja” de seguidores que se mantêm a competir aos comandos das Z900. A nova geração tetracilíndrico desta Z, brinda-nos com 948 cc de cilindrada, refrigeração líquida, 124 cv às 9500 rpm e um generoso binário que aponta aos 97,5 Nm às 7700 rpm.
PERFIL INTACTO

Um dos grandes objectivos da Kawasaki foi manter intacto o carisma “sugomi” muito próprio da saga Z, onde a agressividade estética se combina com a agressividade do desempenho, mas ao mesmo tempo com um temperamento muito tranquilo e confortável quando assim o queremos, adaptando-se de forma camaleónica a qualquer estilo de condução. E como se consegue melhorar uma moto que atingiu tal patamar de sucesso, sem perder qualidades? Potenciando essas mesmas características, sem grande alarido, mas com grande precisão, paixão e conhecimento. E é dentro deste contexto que chegamos a uma das primeiras atualizações, que faz toda a diferença, falamos da travagem. Longe de nós querermos afirmar que a travagem da anterior versão da Z900 não funcionava de forma correta, mas, no entanto, a evolução é sempre possível, e nesse sentido, a nova naked da Kawasaki passou a contar com um conjunto de pinças de montagem radial na dianteira, conferindo maior capacidade de travagem ao conjunto. É enquadrada nessa lógica de evolução que encontramos agora instalados de série mais dois sistemas vitais para o conforto das motos contemporâneas, falamos do sistema de “quick shift” bi-direcional e o “cruise control”. No que à eletrónica diz respeito, contamos com diferentes curvas de potência do motor disponíveis, muito fáceis de selecionar e personalizar graças ao novo ecrã TFT de maiores dimensões, com conectividade, mediante a aplicação “Rideology The App” (que contempla comandos por voz ou navegação curva a curva, mas ainda em fase de homologação para o nosso país e por isso, ainda não disponíveis). Se a tudo isto juntarmos o novo design das óticas dianteiras e traseiras, assim como as aplicações metálicas nas laterais e um completo catálogo de acessórios, estamos perante uma moto que evolui de forma inteligente, sem mudanças estéticas radicais mas suficientes para podermos falar numa moto de nova geração, mais e melhor equipada do que as versões conhecidas até agora.
DIVERSÃO, ACIMA DE TUDO

A Z900 não é apenas uma moto que causa impacto à vista, pois grande parte do seu sucesso fica a dever-se a uma condução, que acima de tudo, privilegia a diversão. A ergonomia de condução, e a consequente postura de condução, sofreu ligeiras alterações, como consequência da utilização de um assento mais alto e um guiador de alumínio que continua a ser plano, mas que permite agora adoptar uma posição mais confortável aos seus comandos, em comparação com a anterior geração. Em andamento é uma máquina que gosta de sentir o punho do acelerador a funcionar, demonstrando-nos uns baixos e médios regimes muito empolgantes, capazes de nos empurrar de forma determinada para a frente, agora com uma dose suplementar de “gozo”, cortesia do “quick shift”, cujo comportamento é irrepreensível. Mas é na faixa mais elevada de rotação, que os utilizadores de perfil mais desportivo se vão sentir em casa! A nova travagem, apresenta-se mais direta e mordaz, evitando a potencial fadiga que pode surgir em estradas de montanha, onde exigimos mais das pinças. Um tacto muito correto em ambas as rodas e potência muito ajustada ao carácter da nova Z900. Uma palavra ainda para o conjunto de suspensões, a cargo de uma forquilha invertida de 41 mm na frente, com curso de 120 mm, ajustável na extensão e compressão no topo da bainha esquerda, e atrás, temos um monoamortecedor também ele com ajustes e curso de 140 mm.
Além disso, os pneus que monta de origem são uns confiáveis Dunlop Sportmax Q5A, que nos transmitem muita confiança a curvar de forma rápida. Por falar em rapidez, a nova Z900 é uma moto extremamente rápida em estradas sinuosas, mas por outro lado, ágil e muito confortável numa utilização urbana diária. Por tudo isto, podemos afirmar sem qualquer receio que a nova versão da naked japonesa está em boas condições para continuar o legado de sucesso que tem conseguido criar desde o seu lançamento em 2017. Um bom trabalho da Kawasaki, em todos os sentidos!
CONCLUSÃO

Não é fácil “agarrar” numa moto com tanto carisma e bom desempenho como as anteriores gerações da Kawasaki Z900 demonstraram, e fazê-la evoluir de forma que se sinta mas que não se afaste da sua essência. Neste caso, a Kawasaki conseguiu cumprir com o propósito de fazer evoluir uma das suas naked mais importantes da gama. No entanto, para aqueles que procuram o passo seguinte, têm sempre a opção SE, que oferece de série melhor equipamento, como o amortecedor traseiro totalmente ajustável da Öhlins atrás e a forquilha invertida dourada na frente, também ela totalmente ajustável, tomada USB-C no painel TFT de 5” e ainda componentes dos travões dianteiros da Brembo (cujo tacto não é o melhor no curso inicial da travagem, mas que depois se mostra muito potente e mordaz). Disponível para o nosso mercado nas versões de 124 cv e noutra limitada a 70 kW, que por sua vez pode ser limitada a 35kW, abrindo assim a porta aos detentores de carta A2.
FICHA TÉCNICA
KAWASAKI Z900
Motor: Tetracilíndrico em linha, 16v, refrig. líquida
Cilindrada: 948 cc
Potência Máxima: 124 cv às 9500 rpm
Binário Máximo: 97,4 Nm às 7700 rpm
Versão limitada A2: Sim
Caixa: 6 velocidades
Quadro: Estrutura tubular em aço
Suspensão Dianteira: Forquilha invertida de Ø41 mm, curso 120 mm
Suspensão Traseira: Mono-amortecedor, ajustável, curso 140 mm
Travão Dianteiro: 2 discos de 300 mm, pinças de montagem radial, ABS
Travão Traseiro: Disco de 250 mm, pinça de um pistão, ABS
Pneu Dianteiro: 120/70 – 17”
Pneu Traseiro: 150/55 – 17”
Distância entre eixos: 1450 mm
Altura do Assento: 830 mm
Peso declarado: 213 kg
Depósito: 17 litros
Consumo: 4,7 l/100 km
Garantia: 3 anos
Importador: Kawasaki Portugal – Grupo Multimoto
PVP: 10 890€ (12 690€ SE)
PONTUAÇÃO
KAWASAKI Z900
Estética 4
Prestações 4
Comportamento 4
Suspensões 4
Travões 4
Consumo 4
Preço 4