Yamaha Ténéré 700 Extreme: Para todos os gostos | Ensaio
Com seis versões diferentes, é impossível alguém dizer que não encontra uma Yamaha Ténéré que preencha os seus requisitos. Os mais adeptos do off road encontram na Extreme a variante mais próxima a uma verdadeira moto de enduro.
POR: CARLOS LARRETA
FOTOS: ISRAEL GARDYN
Não é necessário recordar que as seis versões partilham o mesmo motor (o bicilíndrico CP2 de 689 cc), caixa de 6 velocidades, embraiagem, transmissão, quadro e travões, sendo que a World Raid tem instalado um duplo depósito de combustível com capacidade para 23 litros, reduzido a 16 litros nas restantes versões. A opção mais estradista é representada pela Explore, com os seus modestos cursos de suspensão e uma altura do assento contida, colocando-se no polo oposto à Extreme, cinco centímetros mais alta e também a que apresenta maior altura livre ao solo (260 mm).
O que torna a Yamaha Extreme especial?
Em primeiro lugar, o assento de uma peça, plano e com almofadado adicional de 20 mm, fazendo subir a altura ao solo para os 910 mm, muito próximo a uma moto de enduro e uns larguíssimos pousa-pés fabricados em titânio, para maior capacidade de aderência das botas off road. As suspensões Kayaba multi-ajustáveis brindam-nos com cursos muito semelhantes aos da World Rally e World Raid (230 mm na frente e 220 mm atrás), mas as bainhas da forquilha têm tratamento Kashima, com o objectivo de reduzir a fricção a baixas velocidades. Depois, temos este curioso para-lamas dianteiro dividido em duas secções e com a parte anterior elevada, e alguns detalhes menores como a caixa de alumínio que protege o radiador, o guia da corrente igualmente de alumínio, grafismo próprio e as mesmas jantes douradas que podemos encontrar na Rally Edition e na Explore. Não dispõe de amortecedor de direção e o modelo que tivemos para teste vinha equipado com pneus de tacos, totalmente vocacionado para o fora de estrada (os Dunlop D 908 Rally Raid) que acentuava a vocação off road do modelo, ao ponto de não permitir ultrapassar determinadas velocidades em asfalto. O motor, que como já dissemos, é comum a todas as Ténéré, provém da MT-07, destaca-se pela versatilidade e pela excepcional linearidade de resposta, à qual a Yamaha se agarra como argumento para justificar o emprego do controlo de tração.
Ainda mais alta
A Yamaha Ténéré sempre foi conhecida como sendo uma moto alta (há opções para mitigar essa característica, como é óbvio). Até os utilizadores mais altos, no primeiro contacto, podem sentir-se algo intimidados, mas este é um tema fácil de ultrapassar já que a Yamaha tem disponíveis nada menos do que cinco opções de assentos com alturas mais baixas. O que os 910 mm de altura ao solo nos dão é uma posição de condução muito conveniente para off road, com total liberdade de movimentos. Tanto os pousa-pés (sem borracha) como o guiador ou os comandos são-nos familiares e cómodos. Os punhos da Ténéré continuam a parecer-nos duros e sentimos falta de um para-brisas com regulação, proteções de mãos e um sistema de configuração do ABS mais direto. Também não disponibiliza grelha de transporte, apenas quatro pontos de fixação, mas, de qualquer forma, sempre que não levamos passageiro, estes são suficientes para fixar uma modesta quantidade de bagagem sem problema, fixada com cintas ou rede elástica.
É sempre um prazer reencontrar este bloco veterano, tão bom e refinado como sempre. Muito suave, progressivo e com respostas muito agradáveis, faz-nos esquecer de que os controlos de tração existem. Em baixos regimes dá-nos o melhor de si, proporcionando uma resposta imediata e um tacto muito preciso. Por outro lado, esconde um enorme poderio que proporciona emoções fortes tanto fora de estrada como nas mais reviradas estradas asfaltadas de montanha. Como é comum nestes modelos, sentimos a frente um pouco solta, mas nem mais nem menos que outra moto qualquer de enduro, nas mesmas condições. A travagem é outro dos reconhecidos pontos fortes da Ténéré, com potência mais que suficiente, bom tacto e a possibilidade de desligarmos parcialmente ou totalmente o sistema de travagem ABS, mediante o comando de acesso ao menu correspondente. A intervenção do ABS no trem dianteiro mostra-se algo intrusiva, ainda que em estrada e com pneus de tacos seja melhor manter o ABS ligado. Atrás, pelo contrário, o sistema permite um tímido início de bloqueio da roda antes de entrar em funcionamento.
Off Road, o habitat natural desta Yamaha
É sem dúvida na utilização off road desportiva onde a Extreme se sente mais à vontade e onde faz realmente valer todas as qualidades. Sentimo-nos sempre confortáveis, com condução fluida e, na hora de fazer deslizar a roda traseira, a resposta linear do motor oferece-nos uma confiança e segurança extraordinárias, ainda mais quando calçada com pneus de tacos. Conseguimos derrapar de pé, sentados, como quisermos e sempre com uma sensação de controlo total que nunca nos abandona, mesmo com o assento tão alto. A suspensão faz uma leitura perfeita do terreno, com um funcionamento tão preciso, inclusivamente nas mais pequenas irregularidades, que custa encontrar referência parecida no segmento trail. Vamos pelos trilhos como se estivéssemos numa auto-estrada, sem as habituais respostas mais permissivas das tradicionais trail. Por outro lado, com os pneus Rally Raid da Dunlop e o terreno em boas condições, a moto nem se move. Claro que não se pode ter tudo e esse pneu em asfalto, gera certa insegurança, ainda que seja apenas uma questão de mudar o “chip”, especialmente em dias de chuva que nos obrigam a cuidados redobrados a não ser que gostemos de umas belas escorregadelas… Optar por outro tipo de pneus é uma decisão pessoal, tendo em conta a utilização preferencial que cada um faça da sua moto.
Será sempre uma… trail
É uma opção indicada para utilizadores que pretendem fazer um off road de cariz mais desportivo, mas sem as limitações e falta de versatilidade das motos de enduro. Mas, no entanto, não nos podemos esquecer de que estamos sempre a falar de uma trail e não de outra coisa.
PONTUAÇÃO | YAMAHA TÉNÉRÉ 700 EXTREME |
ESTÉTICA | 3 |
PRESTAÇÕES | 4 |
COMPORTAMENTO | 3 |
SUSPENSÕES | 4 |
TRAVÕES | 4 |
CONSUMO | 3 |
PREÇO | 3 |
CARACTERÍSTICAS TÉCNICAS | Yamaha Ténéré 700 Extreme |
MOTOR | |
Cilindrada | 689 cc |
Potência | 73,4 cv @ 9.000rpm |
Binário | 68 Nm @ 6.500 rpm |
Nº de Cilindros | 2 cilindros em linha |
TRANSMISSÃO | |
Caixa de Velocidades | 6 Velocidades |
Tipo de Caixa | Manual |
QuickShift | Não |
Embraiagem | Multidisco em banho de óleo |
Transmissão Final | Corrente |
QUADRO | |
Tipo de Quadro | Duplo berço em tubos de aço |
Sub-Quadro | Aço |
SUSPENSÕES | |
Suspensão Dianteira | Forquilha invertida KYB ajustável, 43 mm |
Curso da Susp. Dianteira | 230 mm |
Suspensão Traseira | Amortecedor KYB, totalmente ajustável |
Curso da Susp. Traseira | 220 mm |
TRAVÕES | |
Travões dianteiros | 2 discos de 282 mm |
Pinças de Travão Diant. | 4 pistões |
Travão Traseiro | Disco de 245 mm |
Pinça Travão Tras. | 1 pistão |
JANTES E PNEUS | |
Medida do Pneu Diant. | 90/90 -21” |
Medida do Pneu Tras. | 150/70-18” |
AJUDAS ELECTRÓNICAS | |
Modos de Motor | Não |
Outros | 3 modos de ABS |
Controle de Binário e Tração | Sim |
DIMENSÕES | |
Distância entre Eixos | 1595 mm |
Altura do Assento | 910 mm |
Distância ao Solo | 260 mm |
Capacidade do Depósito | 16 Litros |
Peso a cheio | 205 Kg |
CONSUMOS / EMISSÔES | |
Consumo Médio – anunciado | n.d |
Consumo Médio – testado | n.d |
Emissões CO2 | Euro 5 + |
CORES 2024 / PVP | |
Variantes / Cores | Icon Blue |
PVP Base s/ despesas de mat. | 12.150€ |
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