A Yamaha aproveitou o Euro 5+ para revigorar o seu porta-estandarte no segmento das maxi scooters. Com um exercício difícil entre mãos, refinar uma moto que existe desde 2001 tem como objectivo principal continuar a ser uma referência para todos aqueles que escolhem movimentar-se na malha urbana de forma distinta… e rápida, e exclusiva…
POR Pedro Alpiarça • Fotos Yamaha Europe
O fenómeno do aumento de venda de scooters no mercado europeu, justifica-se com uma permeabilidade natural a uma tendência vinda do mundo asiático, onde as movimentações de massas nas deslocações diárias assumem proporções bíblicas. Com redes de transportes públicos saturadas, soluções de estacionamento parcas e ineficazes, e até mesmo a proliferação de serviços de transporte particulares (vulgo “Ubers”), a entrada e saída das grandes cidades roubam-nos demasiadas horas ao quotidiano. As scooters são uma solução prática e eficaz que nos trazem bastante qualidade de vida.

Os empedernidos motociclistas reagem com escárnio à sua presença, até experimentarem uma e acabarem por admitir que deviam tê-lo feito há mais tempo… Hoje em dia existem para todos os gostos, grandes, pequenas, mais ou menos aventureiras, mas de todas elas, um nome sempre se destacou das demais. A Yamaha conseguiu gerar um culto à volta de uma scooter, muito por culpa dos seus atributos dinâmicos. Os proprietários das TMax sabiam que tinham uma arma rápida, ágil e desportiva, com um toque destacadamente exclusivo para se diferenciar da concorrência. E passados 24 anos (e 400 000 unidades vendidas, 85% delas só na Europa…), chegámos à sua 9ª versão.
As grandes novidades para a mais recente iteração desta máquina, estão mais próximas de um refinamento geral do que uma revolução propriamente dita. O redesenho dos painéis frontais tem como objectivo não só suavizar as suas linhas assim como também acomodar um novo grupo óptico (com uma renovada assinatura visual graças aos reposicionamentos dos leds diurnos e dos piscas integrados). A sensação de moto compacta e focada na performance prevalece, mas existe uma clara intenção na sofisticação dos seus argumentos estéticos.
Em busca da perfeição

No que concerne à atualização do seu arsenal eletrónico, a Yamaha dotou a TMax de um novo controlo de travagem combinada associada a uma unidade de medição inercial (IMU), modelando a pressão no travão utilizada em ambos os eixos quando o ABS começa a sua intervenção. Os mapas de condução Touring e Sport foram recalibrados (tornando mais clara a sua diferenciação) e nos componentes mecânicos, encontramos condutas de admissão e linha de escape redimensionadas, assim como umas molas de embraiagem mais leves. As jantes forjadas que surgiram no modelo anterior, têm agora um acabamento maquinado (na versão Tech Max) e no brilhante TFT de 7” para além da possibilidade de escolhermos um novo tema para o display, a plataforma Garmin que dá acesso à navegação por mapa é agora gratuita.
Mais cores e acessórios também se juntam a este festim de novidades. O preço desceu ligeiramente, sendo que o motociclista que quiser ter na garagem uma Yamaha TMax Tech Max, terá de disponibilizar qualquer coisa como 15700 €. E este foi o número que não nos saía da cabeça quando nos sentámos aos seus comandos…
A condução desta scooter não tem grande coisa a ver com a condução de uma scooter, ponto (passe a redundância). Desde os primeiros metros, a sensação de disponibilidade, de pisar confiante, de atitude decidida em atacar tudo o que são mudanças de direção, faz-nos acreditar que ela adivinha exatamente o que estamos a pensar. Esta displicência pelas regras básicas do senso comum, em que uma moto com um avental e uma bagageira debaixo do assento deveria ter mais noção de ridículo, é uma das características mais vincadas da TMax. E sempre foi assim, um chassis absolutamente brilhante dando voz a um motor despachado. Os puristas afirmam que podia oferecer sempre mais, que os 48 cv (e os 55 Nm) produzidos pelo bicilíndrico de 562 cc, são curtos para tanta diversão. Mas quem conhece bem a marca de Iwata, percebe que este é o seu paradigma, dar mais ênfase à arquitectura ciclística e preparar o equilíbrio certo com a unidade motriz sem cair em exageros de potência.
Acaba por se tornar absurda a capacidade que esta moto tem em carregar velocidade para o interior da curva, e depois de lidar com a mesma em ângulos pronunciados. Quando outras cedem ao compromisso de estabilizar o eixo dianteiro com um pouco de travão, a TMax confia cegamente na sua capacidade de segurar a linha escolhida, e quanto mais revirada for a estrada, mais articulada e fluida consegue ser no seu discurso. Chega a ser autoritária, imagine-se!
A nova parametrização da travagem combinada resulta no retardar da intervenção do ABS, e tanto quanto conseguimos sentir, a resposta do motor permanece viva e mordaz (intocável perante o Euro 5+, portanto). A opção de colocar uma IMU a gerir as ajudas eletrónicas é sem dúvida uma mais valia, até porque o aprumo dinâmico desta maxiscooter coloca-nos muitas vezes em situações que não imaginaríamos numa moto desta tipologia.
Agradar a gregos e troianos

As suspensões continuam a manter um excelente compromisso entre conforto e desportividade, e a qualidade de vida a bordo permanece com padrões de elevado nível, algo que esta versão Tech Max faz questão de garantir. A presença do cruise control e dos punhos aquecidos (agora mais eficazes) de origem são prova disso mesmo. Se gostávamos de mais pormenores estéticos a provarem esta exclusividade? Talvez. Mas nem todos os Ferraris têm de ser vermelhos, certo?
Até porque quando rolamos confortáveis atrás do enorme vidro defletor elétrico (também adstrito à versão Tech Max), e mergulhamos na experiência sensorial fornecida pela interação com a máquina, sentimos que estamos num lugar especial (o design e layout da informação exposta no TFT é do melhor que existe no mercado).
Os consumos nunca serão um motivo de orgulho porque sejamos sinceros…não dá para andar devagar, e o espaço debaixo do assento nunca será comparável a uma prima de média cilindrada (a X Max 300 consegue albergar dois capacetes, por exemplo), mas será que isso importa a quem escolhe pagar quase 16 000 euros por uma scooter?
Se pudéssemos desenhar um elogio à TMax seria o de agradar ao menino e ao senhor, ao jovem delinquente e ao executivo. Esta sua mais recente iteração refina subtilmente os seus atributos, mantendo o foco na sua personalidade. A maxi-scooter da Yamaha continua super ágil, responsiva e sobretudo com um equilíbrio ciclístico de fazer inveja a motos mais convencionais. Os pormenores da versão Tech Max elevam o preço para o patamar da exclusividade, mas a Yamaha tem a noção de que continuará a ser um produto vencedor. Se vos aparecer uma nos espelhos na vossa estrada favorita, não a substimem…
FICHA TÉCNICA
YAMAHA TMAX TECH MAX
Motor Dois cilindros em linha, 4T, refrigerado por líquido
Distribuição Duas árvores de cames à cabeça, quatro válvulas
Cilindrada 562 cc
Potência Máxima 47 cv às 7000 rpm
Binário Máximo 55 Nm às 5250 rpm
Versão limitada A2 Sim
Embraiagem Centrífuga, CVT
Final Correia trapezoidal
Caixa Automática
Quadro Dupla trave de alumínio
Suspensão Dianteira Forquilha invertida, curso 120 mm
Suspensão Traseira Monoamortecedor, ajustável na pré-carga
Travão Dianteiro Dois discos, 267 mm, ABS
Travão Traseiro Disco, 282 mm, ABS
Pneu Dianteiro 120/70-15”
Pneu Traseiro 160/60-15”
Comprimento Máximo 2195 mm
Largura Máxima 780 mm
Distância entre eixos 1575 mm
Altura Máxima 1414 mm
Altura do Assento 800 mm
Depósito 15 litros
Peso (a cheio) 221 kg
Cores Cinzento Ceramic e Dark Magma
Garantia 3 anos
Importador Yamaha Motor Portugal
PVP 15 700€
PONTUAÇÃO
Yamaha TMax Tech Max
Estética 4
Prestações 4
Comportamento 4,5
Suspensões 4,5
Travões 4
Consumo 3,5
Preço 3