Segurança – Conselhos para rodar com pendura na moto
Andar com pendura definitivamente não é o mesmo que andarmos a solo e uma realidade é certa : existem bons penduras e outros que nem por isso… Por isso antes de nos fazermos à estrada acompanhados é bom sabermos qual a experiência, o conhecimento e nível confiança com que podemos contar do nosso companheiro(a) de viagem.
O objectivo é que a experiência de andar de moto a dois se torne o mais agradável possível para que ambos possam desfrutar em segurança e com prazer os trajectos que decidam realizar juntos.
Existe um factor que entendemos ser da maior relevância para quem nos acompanha no lugar do pendura num trajecto ou numa viagem, o respeito que devemos ter pelo mesmo e o sentido de responsabilidade que representa o facto de um terceiro colocar nas nossas mãos a sua segurança.
O primeiro conselho vai por isso para a atitude mais conservadora e defensiva que devemos impor a nós próprios quando circulamos acompanhados.
Para além do respeito e atitude defensiva que devemos passar a praticar na nossa condução a dois é muito importante que o pendura conheça determinadas regras e tenha experiência de andar à pendura e, sobretudo, que se sinta confortável a rodar no assento traseiro da nossa moto, tanto do ponto de vista físico como mental.
A confiança ganha-se pela experiência mas também pelo respeito que demonstramos pelo nosso pendura, pela sua ansiedade ou pela preocupação excessiva que lhe podemos causar pelo tipo de condução que realizamos. É por isso um processo evolutivo de aprendizagem a dois e que tem muito a ver com técnica mas também com a nossa própria sensibilidade.
A moto é um elemento fundamental pois não é o mesmo que circular com pendura numa 125 ou com uma moto desportiva, nem ainda com uma Adventure ou uma Touring. O conforto ou desconforto do pendura pode ter influência na nossa própria condução, provocando desequilíbrios ou mesmo um acidente.
No caso de o pendura não ter experiência deveremos primeiro instruí-lo e, ao circularmos, estar atento às suas reações ou indicações. Dê-lhe a liberdade para comentar ou reagir sempre que se sentir desconfortável.
A moto ideal para viajar a dois deve ser aquela que oferece um nível de conforto ideal para ambos, que tenha potência suficiente para superar o peso de duas pessoas e que tenha um assento confortável para os dois de forma a garantir que em viagem podemos rodar 200 Kms seguidos sem desconforto.
As motos ideais para viajar a dois são por isso as do segmento Touring ou Sport Touring. No entanto outras motos contemplam também um nível de conforto aceitável para os penduras, é o caso das MaxiScooters e também de algumas motos do segmento Adventure ( estas últimas muito em voga têm vindo a destronar as tradicionais motos Touring ).
Em qualquer dos casos existe um elemento que contribui enormemente para o conforto e sensação de segurança do pendura que é a colocação de uma Topcase na moto, realidade que oferece um encosto extra para o pendura e lhe garante maior conforto em viagem, sobretudo nos arranques ou ultrapassagens quando rodamos o punho e sentimos o peso dos nossos corpos a deslocarem-se para trás. No caso do condutor tem o guiador para se segurar, já o pendura agradece o suporte lombar extra proporcionado pela TopCase
O ideal é que o pendura não se apoie no corpo do condutor em qualquer tipo de situação, quer nos arranques, quer nas travagens, pois para além de provocar desconforto no mesmo poderá também influenciar a pilotagem provocando desequilíbrios.
Normalmente as motos incluem pegas laterais para que o pendura se possa segurar, pelo que pelo menos uma mão deverá sempre estar agarrada a uma das pegas, garantindo assim que o pendura possa reagir a tempo numa situação de desequilíbrio. Nas travagens a segunda mão poderá ser colocada mais à frente sobre o depósito de combustível da moto, permitindo apoiar o peso do pendura quando este se desloque para a frente numa travagem mais abrupta.
Um outro tema a considerar é o possível ajuste da suspensão para fazer face ao peso extra do pendura, sobretudo a suspensão traseira que é onde o peso mais incide.
As motos mais modernas e de topo de gama que montam suspensões activas ou semi-activas podem fazer esse ajuste automaticamente. Já nas motos de gama média e baixa o ajuste deverá ser realizado manualmente, quer utilizando ferramenta para o efeito quer rodando muitas vezes um manípulo que permite regular a pré-carga de mola.
O diálogo é importante para que a condução a dois possa evoluir e a confiança se possa instaurar pois só essa confiança fará com que o pendura se descontraia totalmente e passe a funcionar em uníssono com o condutor e a moto. Não há nada pior do que chegarmos a uma curva e sentirmos o pendura a resistir à inclinação da moto ou mesmo a inclinar-se em sentido contrário. Também confiança a mais é dispensável e penduras que querem inclinar mais do que nós e pretendem impor um estilo de condução mais agressivo não são bem vindos.
A partilha da viagem a dois pode ser aumentada e a experiência valorizada se montarmos intercomunicadores entre os dois capacetes. Existem várias versões no mercado inclusivamente versões que integram câmara de filmar com gravação de voz. A interacção e o diálogo durante o trajecto não só faz com que o mesmo se torne mais interessante como menos penoso.
Outra realidade que deve ser tida em conta é não nos sobrecarregarmos com demasiados Kms a percorrer de uma só vez. Há motos por exemplo que têm autonomia para 400 Kms no entanto a dois recomendamos que no máximo em cada 200 Kms possam parar para descontrair, esticar as pernas, comentar a viagem ou visitar um qualquer lugar interessante, ou simplesmente tomar um café ou um qualquer snack para repôr energias.
Se puderem levar pelo menos água convosco é sempre bom para refrescar e hidratar já que a maior exposição ao ar, ao calor e ao vento quando andamos de moto provoca maior desidratação.
Finalmente uma nota breve sobre equipamento. Usar sempre um capacete integral ou modular, com fecho de “duplo D” metálico. Os capacetes abertos ou Jet oferecem um proteção muito baixa e apenas recomendamos para trajectos urbanos em motos de baixa cilindrada e a velocidades até aos 50 Km/h. Um blusão com proteções é também fundamental para ambos e se possível calças do mesmo estilo. Se o seu pendura for do sexo feminino evite que mesmo use saias, a não ser em trajectos curtos, por motivos óbvios.
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