Teste Royal Enfield Scram 411 – Uma nova Scrambler Urbana
Ensaio realizado por Alfonso Sánchez
A partir da popular Himalayan, a Royal Enfield desenvolveu uma versão atractiva, alegre e robusta para atrair um público mais dinâmico e jovem… ou não tão. Com a nova SCRAM 411, o design inglês e o fabrico indiano encontram uma boa sintonia
A nova Scrambler da Royal Enfield é uma moto singular, pelo facto de ter por base e integrar grande parte dos seus componentes herdados da Himalayan, uma moto de aventura que chegou ao mercado em 2016 e que se popularizou entre os amantes dos grandes desafios pela sua robustez e simplicidade mecânica e também pela uma estética muito própria que causa atração ou aversão.
A Scram 411 é uma nova moto que, ao contrário da Himalayan, explora uma faceta mais apelativa, rebelde e urbana, nunca antes abordada pela marca indiana, e que que se dirige a um segmento de me utilizadores que procuram uma moto que lhes proporcione mais alegrias do que preocupações. Com um desempenho nobre, um conforto elevado e uma enorme fiabilidade que resulta numa importante poupança na sua manutenção.
Os preços, de acordo com as diferentes decorações, situam-se nos 5.000 eur, ou seja, muito idênticos aos da própria Himalayan.
A rodar na Royal Enfield Scram 411
A sua faceta marcadamente urbana está muito bem desenvolvida e explorada. É estreita e compacta e a acessibilidade à posição de condução é extremamente fácil. O descanso central está localizado numa posição muito intuitiva, a altura do assento permite-nos chegar perfeitamente com os dois pés ao chão, mesmo sem sermos altos e o triângulo formado pelo guiador, os poisa-pés e o assento, é perfeito.
A posição de condução é erguida, com uma visão perfeita do que acontece à nossa frente, e o novo assento é bastante confortável e ergonómico. Com muito mais espaço do que o assento da Himalayan.
A visão através dos espelhos retrovisores é excelente, mesmo que circulemos nos regimes de rotação mais altos, onde alguma vibrações se sentem, a nitidez porém mantém-se. Exibe também um bom tacto de embraiagem e uma boa resposta de acelerador nos arranques, desde parado ou a baixa velocidade.
O monocilíndrico da Scram 411 apresenta uma excelente resposta nos baixos e médios regimes e a caixa de velocidades é precisa, embora tenha um tacto algo duro, porém não exagerado. É recomendável circularmos com o motor em velocidades mais altas tirando partido do excelente binário a baixas e médias rotações e evitando reduções bruscas pois o motor não monta embraiagem deslizante. Esta realidade é mais notória em estrada aberta e em zonas com curvas muito fechadas quando tens que realizar reduções para abordar cada curva. Já em cidade não se nota tanto já que circulamos a velocidades muita mais baixas.
O peso da Scram 411 é de 185 Kg a seco, ( menos 3 Kg que a Himalayan ) e nota-se mais com a moto parada. Já a rodar em cidade a Scram apresenta algum peso excessivo na sua direção quando rodamos a baixa velocidade, algo que tem a ver certamente com a sua geometria do que com qualquer outro factor. Rapidamente habituamo-nos a este comportamento, que desaparece assim que rodamos mais ligeiros.
Com rédea solta
Deixando a Scram “soltar-se” e já fora do casco urbano, o seu comportamento é muito semelhante ao da Himalayan. Em autoestrada ou em estrada aberta roda perfeitamente entre os 110 e os 120 Km/h. A velocidade pode ser superior embora com a sensação de rodarmos com o motor já em esforço. Além de que se rodarmos na velocidade máxima começamos a sentir que a estabilidade começa a chegar aos seus limites. O quadro em aço parece ter sido desenhado precisamente para suportar apenas o desempenho máximo da Scram 411 sem margem extra. A capacidade de tração e as recuperações são o que mais sobressai na Scram 411 graças às características do seu motor.
A proteção aerodinâmica é inexistente, no entanto se considerarmos o ritmo tranquilo que rodamos na Scram 411, acabamos por não sentir a sua falta. Isto no caso de que entretanto não decidas viajar com a mesma. O tacto geral da moto é correcto e o comportamento das suspensões é excelente. Apesar de apenas o amortecedor ser regulável em pré-carga de mola o certo é que o desempenho geral das suspensões é muito bom, independentemente do tipo de estrada onde circulemos, quer em cidade, quer em estradas nacionais e mesmo fora das mesmas. Talvez a melhor caracter´ística da moto.
O conjunto dianteiro, agora com uma roda de 19”, em vez da roda de 21” da Himalayan, transmite firmeza no seu apoio e transmite maior segurança a rodar numa velocidade média em estradas de montanha com muitas curvas.
Já a travagem na roda dianteira é algo escassa e discreta, sendo um dos pontos negativos da Scram 411, tal como a da mota da qual deriva. A ritmos mais baixos e tranquilos não resulta ser um problema, demonstrando no entanto um tacto algo sensível. Já a ritmos mais altos e quando tens que apurar a travagem, à entrada de curvas por exemplo, não tem a mordida necessária.
Básica e simples
Já referimos anteriormente a relativa simplicidade dinâmica da Royal Enfield Scram 411, quer a nível da sua ciclística quer da sua motorização. Essa simplicidade acaba por ser positiva convertendo a Scram 411 numa moto ideal para condutores jovens ou com pouca experiência, que tenham tirado recentemente a carta A2, e para todos aqueles que pretendam desfrutar do prazer de andar de moto sem problemas. È no entanto uma moto algo espartana sobretudo no que toca a equipamento. Não inclui tecnologia LED na iluminação dianteira ou nos intermitentes e apenas o farol traseiro a integra. Também carece de ajustes nas manetes de travão e de embraiagem.
O não incluir tecnologia LED total ainda admitimos, já a posição das manetes , ao estarem demasiado longe dos punhos, vão dificultar o seu acionamento a quem tenha mãos pequenas. Para compensar a Scram 411 inclui um painel de instrumentos esteticamente atrativo e com informação básica, embora inclua indicador de nível de combustível e de mudança engrenada.
Fora de Estrada com a Scram 411
A Scram 411, dada a sua origem, apresenta uma faceta OffRoad muito interessante, embora não seja, obviamente, esse o seu objectivo. Não é uma moto de todo-o-terreno mas dentro do universo das Scrambler é uma das mais dotadas para rolar fora de estrada graças sobretudo ao curso longo das suas suspensões, com um Setup interno suave e um comportamento geral notável que há que destacar.
Inclusivamente a condução em pé é muito natural e o comportamento dos pneus CEAT de piso misto é também notável, tanto na estrada como fora da mesma.
A Royal Enfield com a sua nova Scram 411 propõe uma moto de características básicas e simples, acessível no seu preço e com uma estética atrativa. A partir de aqui está do teu lado gostares dela ou não.
A Técnica e as diferenças para a Himalayan
Já comentámos que a Royal Enfield 411 tem por base a Himalayan sobre a qual se realizaram uma série de transformações para a transformar numa Scrambler urbana. As diferenças são subtis mas determinantes para criarem um novo modelo. Na dianteira suprimiram o écran dianteiro de proteção e alteraram o grupo ótico que incorpora agora uma proteção aerodinâmica metálica de belo efeito estético e que cobre o farol. O painel de instrumentos é totalmente novo e incorpora um “tripper” parcial muito útil para navegação.
A roda dianteira passou a ser de 19” em vez de 21” e a largura do pneu aumentou de 90/90-21” para 100/90-19”. A suspensão dianteira mantém-se telescópica tradicional com barras de 41mm e o curso passou a ser de 190mm em vez dos 200m da Himalayan.
Os protetores laterais do depósito da Himalayan desaparecem e são substituídos por umas tampas coloridas com o logo da marca. Por baixo do assento as novas tampas laterais incorporam umas ranhuras singulares. O guarda-lamas é também mais compacto e leve e os intermitentes foram reposicionados para terem melhor visibilidade traseira.
Está disponível em 3 cores standard ( Graphite Blue, Graphite Red e Graphite Yellow ) e outras duas especiais. ( Silver Spirit e White Flame ). O PVP das versões standard é de 5.249.- euros + despesas e das versões especiais é de 5.449.- euros.
O que mais gostámos e o que menos
Moto +
- – Simplicidade
- – Consumos baixos
- – Baixa manutenção
- – Suspensões
- – Off Road soft
Moto –
- – Equipamento espartano
- – Travagem dianteira
- – Prestações baixas
Ficha técnica
Motor tipo: | 1 cilindro, 4T, AC, SOHC. |
Diâmetro x curso: | 78 x 86 mm. |
Cilindrada: | 411 c.c. |
Potência máxima: | 24 CV @ 6.000 rpm. |
Binário máximo: | 32 Nm @ 4.250 rpm. |
Alimentação: | Injecção electrónica. |
Emissões de CO2: | 73,4 g/km. |
Caixa: | 5 velocidades. |
Embraiagem: | Multidisco em banho de óleo. |
Transmissão secundária: | Corrente |
Tipo chassi: | Berço duplo em aço, desmontável. |
Geometría de direção: | ND. |
Braço oscilante: | Duplo braço simétrico em aço. |
Suspensão dianteira: | Forquilha de 41 mm e 190 mm decurso. |
Suspensão traseira: | Amortecedor com180 mm de curso. Regulável em pré-carga |
Travão dianteiro: | Disco de 300 mm, pinça de dois pistons. ABS. |
Travão traseiro: | Disco de 240 mm. Pinça de 1 piston. ABS. |
Rodas e pneus: | 100/90-19” – 120/90-19”. |
Comprimento total: | 2.210 mm. |
Altura máxima: | 1.165 mm. |
Largura máxima: | 840 mm. |
Distância entre eixos: | 1.455 mm. |
Altura assento: | 795 mm. |
Depósito: | 15 litros. |
Consumo médio: | 3,2 l/100 km |
Autonomía teórica: | 468 km. |
Garantía oficial: | 3 anos. |
Importador: | Desmotron Portugal |
Contacto: | ( +351 ) 902 371 149 |
Web: | www.royalenfield.com |
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