Concentração de Góis: Balanço da XXXI edição
A trigésima primeira edição da Concentração Internacional de motos de Góis terminou e o resultado dificilmente poderia ter sido melhor, ajudado pelo facto de o Feriado do 15 de agosto ter sido uma quinta-feira, o que permitiu à concentração ter a duração de cinco dias.
Também um fator de natureza climática teve uma influência positiva. Em 2024 choveu até mais tarde o que permitiu ao Rio Ceira ter uma maior abundância de caudal. Esse facto ajudou a combater a canícula que se fez sentir ao longo da concentração, sendo que os termómetros chegaram a atingir temperaturas superiores a 30°, o que convida ainda mais a uns mergulhos.
Tudo somado, entre motos, amigos, gastronomia, boa música e inúmeras atividades ao longo dos cinco dias, saiu reforçada a máxima “Em Góis Tá-se Bem”!
Parte do encanto do destino está na viagem até Góis
Esta velha máxima, nomeadamente para quem anda de moto, aplica-se perfeitamente à concentração de Góis. Qualquer que seja o itinerário para lá chegar (lembramos que Góis é atravessada pela mítica N2) significa sempre algumas estradas especiais para quem gosta de andar de moto.
As curvas sucedem-se umas às outras e com todas as formas e feitios, as paisagens serranas são de cortar a respiração e até a vegetação luxuriante, apesar da cada vez maior predominância do eucalipto, ajuda que o trajeto tenha sempre um encanto especial e a viagem se torne num deleite para os sentidos.
Quem vem pela N2, seja de Norte para Sul ou o oposto, já sabe que para ali chegar vai encontrar praias fluviais, miradouros e muito mais. Se a viagem for pelos outros acessos, nomeadamente para quem vem pela Lousã, de Coimbra ou de Arganil, os pontos de atração continuam as ser imensos e os mais afoitos, desde que o façam em segurança, podem sempre aproveitar para “arredondar” um pouco os pneus, até porque, regra geral, se o estado de conservação do piso ajuda.
No nosso caso específico, a opção na ida e no regresso foi pela N2 entre Abrantes e Góis, passando obviamente por vários locais de interesse, onde se inclui, por exemplo, o Centro Geodésico de Portugal em Vila de Rei ou a emblemática Picha, a pequena localidade com um nome bem peculiar e que fica próximo da Venda da Gaita.
A Triumph Tiger 1200 GT Pro
A companheira de viagem foi uma Triumph Tiger 1200 GT Pro. Uma maxi-trail perfeita para devorar os cerca de 500 km’s de ida e regresso a Lisboa. Uma moto potente, tecnológica, intuitiva e muito fácil de conduzir, apesar dos seus quase 150 cv às 9.000 rpm e de um binário de 130 Nm às 7.000 rpm.
O modelo em 2022 sofreu uma revolução, incluindo uma cura de emagrecimento, e agora em 2024 uma nova atualização. Destacam-se as suas suspensões semi-ativas Showa, que permitem moldar-se aos desejos do condutor, garantindo sempre o melhor comportamento. Uma pura maxi-trail que mesmo de origem oferece uma razoável proteção aerodinâmica, uma boa dose de conforto e que se pode tornar facilmente numa quase desportiva.
Durante os dias da viagem provou-se que até os consumos conseguem ser aceitáveis. O valor homologado é de 5,1l por 100 km (emissões de 119 g/km, Norma EURO 5) e é possível não ficar longe dessa marca, se fizermos uso do binário do motor que nos permite circular em mudanças mais altas com pouca rotação. Já se abusarmos do acelerador… os 20 litros do depósito vão-se num ápice e dá vontade de pensar na versão Explorer, com o seu depósito de 30 litros!
Alguns destaques da Concentração
Na edição de 2023, a equipa liderada por Nuno Madeira teve que se “desdobrar” para receber mais participantes que o previsto. Este ano, talvez até pela conjuntura atual e pelo facto de serem cinco dias, a afluência foi elevada, mas mais distribuída ao longo dos dias e fácil de gerir, o que não invalida que esta Concentração já seja um pouco também vítima do seu próprio sucesso.
Com a abertura na quarta-feira, véspera de feriado, logo a partir das 14h00, começaram a chegar muitos motociclistas que procuram, além de aproveitar tudo o que de bom tem esta concentração, escolher os melhores lugares para acampar, nomeadamente as sombras mais frondosas ou os lugares menos ruidosos…
Ao longo dos dias houve animação de rua, música variada em especial no Palco Principal, “sunset party”, jogos de água e, para os mais resistentes, já fora de horas, ainda DJ’s! O dia de sábado é sempre especial. Foi o 18.º Encontro de Vespas, o 24.º Encontro de Mini-Trail e, na sequência da inovação de 2023, o 2.º Encontro Feminino que foi um sucesso e traz até Góis cada vez mais participantes do sexo feminino, reforçando que as motos, grandes ou pequenas, são para todas e todos!
O último dia, como é norma, é o da despedida, com o tradicional passeio e desfile, com a promessa de voltar para a edição de 2025 e de tudo fazer para que todos tenham um bom regresso ao ponto de partida.
Para trás fica agora a árdua tarefa de desmontar tudo, limpar e arrumar… de modo a garantir que os impactos na natureza e no ambiente são mitigados. Entre autoridades, bombeiros, segurança, manutenção, limpeza, restauração… a concentração move um verdadeiro batalhão de gente, incluindo muitos voluntários, que têm um papel fulcral no sucesso da mesma.
Ainda uma referência à forma como se vive também o ambiente fora do recinto da Concentração: toda a região, num raio de várias dezenas de quilómetros, se anima nestes dias. Os cafés e restaurantes, as estações de combustível, o alojamento, as praias fluviais… recebem um “boom” positivo de pessoas, dinamizando a economia local e promovendo o mototurismo no interior do país, que bem necessita de iniciativas que o promovam e ajudem à fixação de pessoas, combatendo a desertificação e o abandono.
Tudo somado, após 31 edições, a Concentração de Góis continua a merecer a distinção que faz dela uma das mais importantes e concorridas a nível nacional, mesmo realizando-se no Portugal profundo, longe do Litoral e dos principais centros urbanos ou tradicionais destinos de férias.
Texto: Pedro Pereira
Fotos: MC Góis e Pedro Pereira
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