Ensaio BMW R 1200 RS de 2017 – As Sport Tourers estão de volta
Com o mercado a evoluir sobretudo no segmento das Adventure Touring e com todas as marcas a desenvolverem modelos de diferentes configurações e cilindradas, umas mais road outras mais off-road, na maioria motos altas, grandes e pesadas, com potência e electrónica suficiente para desafiarem as motos mais desportivas, é natural que outros segmentos, de repente, tenham sido algo colocados de lado e sofrido pouca ou nenhuma evolução.
Um destes segmentos é precisamente o das motos Sport Touring, motos de carácter mais desportivo mas em simultâneo cómodas e com boa proteção aerodinâmica para garantirem viagens longas e, sempre que necessário, permitirem em percursos mais sinuosos, uma condução mais alegre e desportiva.
Como referia antes, e ao contrário da “ebulição” a que assistimos no mercado das Adventure Touring, as Sport Touring atravessam um período de estagnação e de pouco investimento por parte das marcas pois o mercado parece querer seguir outros caminhos com uma aposta clara na maior versatibilidade dos modelos que ora rodam em estrada como também, se necessário, avançam tranquilamente em percursos fora da mesma.
Mas a BMW, apesar de ver a concorrência a lançar modelos para competir com as suas icónicas Adventure Tourers GS’s, e utilizando a tecnologia que tem vindo a desenvolver para as mesmas, com motores boxers mais evoluídos que incluem refrigeração líquida e injecção electrónica, criou a o modelo R 1200 RS , uma Sport Touring, que reúne tudo o que de melhor a marca tem, revitalizando um segmento que infelizmente tem vindo a definhar e indo de encontro a um determinado segmento de mercado e uma geração que não esquece e ainda procura uma moto polivalente, evoluída tecnologicamente, que seja suficientemente fácil para uma utilização diária e com a qual possa também viajar comodamente, a solo ou com pendura, que tenha carácter desportivo para, nos fins de semana, ir à serra e atacar as curvas sem medo, ou pura e simplesmente desfrutar da paisagem numa posição cómoda e descontraída.
Pois bem, a BMW R 1200 RS é tudo isso… o regresso a um conceito que à sombra da popularidade das Adventure faz sentido manter vivo como alternativa e que marcou profundamente as duas décadas anteriores. Foi por isso que com algum saudosismo solicitámos à BMW Motorrad Portugal a possibilidade de ensaiarmos este modelo e percebermos se o mesmo tem de facto potencial para ser uma alternativa às mais Aventureiras.
No primeiro contacto agradou-nos o seu design, moderno e desportivo mas algo clássico também, com uma semi carenagem e um vidro frontal ajustável. A R 1200RS adotou os dois faróis frontais simétricos, imagem de marca das antigas desportivas da BMW. A posição é bastante natural e direita, sem grande pressão nos braços e bastante espaço para as pernas. O banco é bastante confortável e ergonómico e o igualmente para o pendura, sendo que a proteção ao vento é bastante eficiente na posição mais alta, tirando toda a pressão do nosso tronco e fazendo passar o ar por cima do capacete, proporcionando um conforto extra efectivo que é bem vindo, sobretudo em viagem ou trajectos mais longos.
A R 1200 RS vem com suspensão convencional activa e electrónica de topo da BMW, tendo abandonado a suspensão Telelever e optado por uma upside down, as mesmas que montam hoje em dia as suas motos desportivas. A suspensão inclui agora o sistema electrónico Dynamic ESA que permite definir ao toque de um botão o modo de amortecimento, em função do tipo de condução, ou do estado do piso ou das condições atmosféricas. Assim podemos selecionar entre Rain , Road e Dynamic, sendo este último aquele utilizado para uma condução mais desportiva confere mais rigidez ao conjunto.
Em termos de electrónica a R 1200 RS inclui ainda dois modos de motor, Rain e Road, que podem ser selecionados num botão situado no lado direito do guiador. Existe em opção um upgrade Pro que inclui uma série funções extra nomeadamente ABS activo e sensível à inclinação. As funções e parâmetros selecionáveis são inúmeros e obrigam a um estudo exaustivo do manual, realidade que nos 3 dias de ensaio não nos foi possível aprofundar, nem testar as diferentes opções.
A complexidade dos botões no punho esquerdo deixa-nos também algo confusos na utilização dos mesmos, sobretudo em andamento pois a leitura de algumas das funções no painel digital não é perceptível para quem tem que usar óculos para ver ao perto e o tempo que perdemos a olhar para o painel retira-nos a atenção necessária sobre a estrada. Recomendamos por isso tempo para aprofundar o conhecimento sobre esta matéria e pouco a pouco ir aprendendo a ajustar a moto ao nosso gosto.
O motor boxer de 1.170cc e refrigeração líquida, com injecção electrónica e duas árvores de cames à cabeça, desenvolve 125 Cv às 7.750 rpm e confere um binário de 125 Nm às 6.500 rpm realidade que permite rodar a muito baixa rotação e subir de regime com facilidade a partir das 3.500 rpm e na mudança mais alta. A R 1200 RS é agora compatível com a norma Euro 4.
O acionamento da embraiagem é extremamente leve e a caixa de 6 velocidades com quick shift de última geração é do melhor que tenho experimentado. A R1200 RS inclui ainda punhos aquecidos, realidade que não utilizei e Cruise control, muito útil em auto-estrada para descansar o nosso punho direito.
Os travões são Brembo com pinças radiais de 4 êmbolos e discos flutuantes de 320mm à frente e um de 276mm atrás. Monta ainda jantes de 17” à frente e atrás com monobraço traseiro, transmissão por cardan e suspensão Paralever com mono amortecedor WAD com afinação de hidráulica na pré-carga e da expansão.
A R1200 RS ao início parece-nos algo pesada de direcção mas essa sensação sente-se apenas quando circulamos abaixo dos 30 Kmh. A partir de aí a direcção torna-se ultra precisa e, em curva, conjugada com a suspensão electrónica, garante um comportamento exemplar, neutro e de enorme sensibilidade e controle da moto. Como todas as BMW boxers, a R 1200 RS curva como se fosse num carril, com trajectórias perfeitas, com as peseiras a avisar quando chegamos perto dos limites da inclinação.
Concluímos a experiência deste ensaio com enorme satisfação e de percebermos que este segmento continua vivo e que existem excelentes opções que incluem tudo o que mais sofisticado existe actualmente reforçando a ideia de que a “aventura” pode ser igualmente vivida em motos mais baixas e menos volumosas, mais cómodas e com um desempenho desportivo notável. A BMW R 1200 RS é um excelente exemplo dessa realidade e constitui sem dúvida uma fantástica opção às populares “Adventure Tourers”.
Ficha Técnica
BMW R 1200 RS |
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Motor | |
Tipo | Motor boxer bicilíndrico a quatro tempos de refrigeração ar/líquido, com duas árvores de cames helicoidais à cabeça e um veio de equilíbrio |
Diâmetro x curso | 101 mm x 73 mm |
Cilindrada | 1.170 cc |
Potência máx. | 125 cv (92 kW) às 7.750 rpm |
Binário max. | 125 Nm às 6.500 rpm |
Taxa de compressão | 12.5 : 1 |
Gestão do motor | Injeção eletrónica, gestão do motor digital (BMS-X) |
Controlo da emissão de gases | Conversor catalítico de 3 vias, compatível com a norma de emissões EU-4 |
Prestações / Consumo | |
Velocidade máxima | mais de 200 km/h |
Consumo 100 km a uma velocidade de 90 km/h | 4,1 l |
Consumo 100 km a uma velocidade de 120 km/h | 5,5 l |
Combustível | Gasolina sem chumbo, teor mínimo de octanas 95 (RON) |
Sistema elétrico | |
Alternador | Trifásico de 508 W (potência nominal) |
Bateria | 12 V / 12 Ah, sem manutenção |
Transmissão | |
Embraiagem | Multidisco em banho de óleo, acionada hidraulicamente |
Caixa de velocidades | Seis velocidades com veio de sincronização |
Transmissão secundária | Cardan |
Ciclística / travões | |
Quadro | Conceito de quadro bipartido com secção principal e com a traseira aparafusada, motor autoportante |
Suspensão dianteira | Forquilha telescópica invertida; bainhas com diâmetro de 45 mm |
Suspensão traseira | Monobraço oscilante em alumínio fundido com Paralever BMW Motorrad; amortecedor WAD, afinação hidráulica contínua da pré-carga da mola por manípulo, afinação da expansão |
Curso da suspensão dianteira / traseira | 140 mm / 140 mm |
Distância entre eixos | 1,527 mm |
Avanço | 114,8 mm |
Ângulo da coluna de direção | 62,3° |
Jantes | Alumínio fundido |
Jante dianteira | 3,50 x 17″ |
Jante traseira | 5,50 x 17″ |
Pneu dianteiro | 120/70 ZR 17 |
Pneu traseiro | 180/55 ZR 17 |
Travão dianteiro | Dois discos flutuantes, diâmetro de 320 mm, pinças radiais de quatro êmbolos |
Travão traseiro | Disco simples, diâmetro de 276 mm, pinça flutuante de êmbolo duplo |
ABS | ABS Integral BMW Motorrad (parcial-integral, pode ser desligado) |
Dimensões / pesos | |
Comprimento | 2,202 mm |
Largura (com espelhos) | 925 mm |
Altura (sem espelhos) | 1,250 mm |
Altura do banco, peso sem carga | 820 mm (banco do condutor baixo*/alto* 760 / 840 mm) *EO |
Arco interior das pernas, peso sem carga | 1.840 mm (banco do condutor baixo*/alto* 1720 / 1.875 mm) *EO |
Peso sem carga, depósito cheio 1) 1) | 236 kg |
Peso total permitido | 450 kg |
Carga máxima (com equipamento de série) | 214 kg |
Capacidade do depósito | 18 l |
Reserva | aprox. 4 l |
PVP 14.818,00 euros
Cores 2017
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