Kawasaki Z125 de 2019 – O princípio da paixão pelas Z’s

By on 16 Fevereiro, 2019

A Kawasaki entra novamente no segmento das 125cc, sector de mercado que desde princípios dos anos 90 não contemplava, não tendo por isso nenhuma versão desde essa época dirigida ao segmento dos mais jovens. Se considerarmos que a fidelização a uma determinada marca começa na idade em que podemos adquirir a nossa primeira moto, podemos assumir que há quase 30 anos que a Kawasaki não considerava essa realidade como uma necessidade estratégica.

A partir deste ano de 2019 a Kawasaki decidiu novamente produzir modelos especialmente dirigidos ao segmento mais jovem e lançou, não um, mas dois novos modelos, a Ninja 125, carenada e a Z125, a naked. Foi precisamente esta última que fomos testar à cidade do Porto, numa iniciativa organizada pelo seu importador, a Multimoto.

Após uma viagem tranquila de comboio até à bela “Invicta” as pequenas Z’s aguardavam-nos alinhadas junto à porta do Hotel Porto Bay. A cor escolhida pelo importador para as motos de teste foi a preta ( não branca, embora cor predominante nesta versão, pois a Kawasaki define a cor da moto em função da cor do seu depósito ).

De belo efeito estético e look familiar, as pequenas Z’s aguardavam um grupo de jornalistas experientes mas com perfil distinto daquele a que se destinam a Kawasaki Z125. Ainda assim penso que a nossa opinião deve ser valorizada considerando que pela nossa profissão temos o privilégio de testar todas as motos do mercado e assim podermos fazer uma análise comparativa segmentada e fundamentada, ou seja, a Z125 seria obviamente comparada em termos do seu desempenho com outras motos já testadas do mesmo segmento, Honda CB125R, Yamaha MT-125, Suzuki GSX-S 125 A e também a KTM Duke 125.

Após um pequeno briefing sobre o que seria a nossa jornada e os pontos onde iríamos fotografar, partimos para uma incursão urbana na cidade do Porto. Se existe palco de excelência para testar a utilização de uma moto em ambiente urbano é precisamente o Porto… transito intenso, ruas com todo o tipo de piso, carris de eléctrico, empedrado e tampas de esgoto incluídas, obras e um constante pára arranca no meio dos carros.

As motos encontravam-se ainda em rodagem, com poucos Kms pelo que se notou de início alguma falta de “soltura” do conjunto. A primeira impressão foi de uma agilidade extrema e de grande precisão na direção e facilidade na mudança de direção. A posição é correcta e bastante confortável, o depósito na zona dos joelhos é extraordinariamente estreito o que provoca uma maior sensação de simbiose entre piloto e máquina.

Com os travões ainda a necessitarem o “acamar” das pastilhas, a travagem de início teimava em demonstrar os poucos Kms que a moto ainda tinha ( a minha de início tinha apenas 7 Kms ) ao longo do dia foi no entanto melhorando. Aquilo que mais nos agradou neste contacto inicial foi o comportamento da suspensão, sem regulação mas com um comportamento excelente, um compromisso acertado que oferece um ótimo desempenho em todo tipo de pisos transmitindo uma sensação de enorme conforto e segurança ao piloto.

O motor da Z125 com o máximo de potência de 14.8 hp às 10.000 rpm e um binário máximo atingido às 7.700 rpm, definem claramente o tipo de regime a que somos obrigados a manter para que a pequena Z125 mostre todo o seu potencial, ou seja, sempre dos médios regimes para cima e preferentemente acima das 6.000rpm. Nos baixos regimes o motor da Z mostra-se algo “preguiçoso” e não querendo abusar por a moto estar em rodagem, vimo-nos no entanto obrigados a alguns toques de embraiagem para poder acompanhar o ritmo dos restantes participantes ( que certamente estariam a fazer o mesmo ).

Após o percurso citadino e um break para repor forças iniciámos uma nova fase da experiência por estradas nacionais fora da cidade. Aí começámos a sentir melhor os atributos e limitações da Z125. Para se manter velocidade, aliás como em todas as 125’s, há que manter as rotações “lá em cima” e travar o menos possível já que as recuperações para se ganhar novamente ritmo tendem a ser lentas. Nesse sentido há que calcular muito bem as trajectórias e antecipar melhor ainda as ultrapassagens, uma realidade que leva algum tempo a desenvolver sobretudo tendo em conta que o nosso peso não é o mesmo que o de um jovem de 16 anos.

O facto da Z125 se comportar de forma irrepreensível em curva e de os seus Dunlop TT900 revelarem um grip acima do normal, comparativamente com outras motos do segmento, facilitou muito esta aprendizagem, no entanto as ultrapassagens eram realizadas sempre com muita antecipação e cálculo o que em matéria de segurança acaba por aumentar necessariamente a probabilidade de cometermos algum erro ou nos vermos a braços com uma situação que com mais motor seria muito fácil de resolver.

Em auto-estrada e puxando bem cada mudança conseguimos atingir os 117 Kmh e ficarmos a conhecer também o limitador electrónico que actua às 10.500 rpm, ou seja muito próximo da rotação onde o motor atinge o regime de potência máxima ( às 10.000 rpm ). A partir desse momento a Z125 corta a ignição e provoca uma espécie de soluço constante, realidade que após rodagem poderá eventualmente ser alterada. ( não sabemos se com implicação nos termos de garantia )

Nesta altura já os travões mostravam um melhor desempenho e o disco dianteiro de 263mm com pinça de duplo piston, ajudado pelo traseiro de 193mm, garantiam a segurança necessária nas travagens fazendo actuar o ABS da Bosch sempre que atingíamos o limite da aderência ( éguas esqueçam ).

Em termos de equipamento não há luxos e a Z125 traz apenas o indispensável. Onde desejámos ver melhor equipamento foi ao nível do painel de informação que, de dimensão reduzida e muito limitado na informação que disponibiliza, o LCD da Z125 tinha uma leitura pouco clara, com pouca definição e pouca informação. Por exemplo não tem indicador de mudança engrenada nem de consumo instantâneo, nem indica a autonomia da moto. Do ponto de vista da autonomia aí obtém nota máxima já que os consumos são verdadeiramente baixos a avaliar pelo indicador do nível de combustível que, no final de 4 horas de intensa rodagem, praticamente se mantinha perto do topo. Considerando os 11 litros de capacidade do depósito de combustível calculamos que a Z125 terá uma autonomia perto ou acima dos 300Kms.

O teste deixou-nos uma boa impressão sobre a nova Kawasaki Z125, com a sensação de estarmos numa moto maior, com uma estética agressiva que transmite o DNA da família Z da Kawasaki, simultaneamente equilibrada e apelativa, com uma opção de cor verde também muito bem conseguida, sobretudo com o kit opcional performance instalado (aquela que tivemos oportunidade também de ver exposta durante o evento ), uma moto confortável, ágil e silenciosa para uma utilização diária, especialmente dirigida aos mais jovens e que os permite iniciar de forma entusiástica na vasta oferta de motos Kawasaki, talvez apenas penalizada por alguma simplicidade do seu equipamento e pelo preço algo acima de parte da concorrência.

Ficha Técnica

Tipo de motor Monocilíndrico a 4 tempos, com refrigeração líquida

Cilindrada 125 cm³

Diâmetro x curso 58 x 47.2 mm

Rácio de compressão 11.7:1

Sistema de válvulas DOHC, 4 válvulas

Sistema de combustível Injecção combustivel: Ø 28 mm x 1

Sistema de arranque Elétrico

Lubrificação Lubrificação forçada, cárter húmido

Potência máxima 11 kW {15 PS} / 10,000 rpm

Binário máximo 11.7 N•m {1.2 kgf•m} / 7,700 rpm

Emissões CO2  66 g/km

Caixa 6 velocidades

Transmissão final Corrente

Travão dianteiro Disco 290 Pinça: dois pistons

Travão traseiro Disco 220 mm Pinça: dois pistons

Suspensão dianteira 37 mm telescópica

Suspensão traseira Uni-Trak amortecedor com ajuste pré-carga

Tipo de quadro Tubular, aço, tipo “diamante”

Rasto 90 mm

Curso suspensão dianteira 110 mm

Curso suspensão traseira 120 mm

Pneu dianteiro 100/80-17M/C 52S

Pneu traseiro 130/70-17M/C 62S

Dimensões C x L x A 1,935 x 740 x 1,015 mm

Dist. entre eixos 1,330 mm

Distância ao solo 185 mm

Altura do assento 815 mm

Capacidade de combustível 11 litros

Peso em ordem de marcha 146 kg

Kawasaki Z125 de 2019 – Versão com Kit Performance

 PVP Base                                              4.990.- euros

Versão com Kit Performance      5.890.- euros  

 

 Concorrência

Honda CB 125R 125cc / 13 cv / 126Kg / 4.390 eur

KTM 125 Duke 125cc / 15,2 cv / 127 Kg / 4.954 eur

Suzuki GSX S 125A 125cc / n.d. cv / 133 Kg / 3.999 eur

Yamaha MT-125A   12125 cc / 15 cv / 138 Kg / 4.995 eur

Galeria de Imagens

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