Concentração dos Elefantes cancelada
Sendo um dos encontros ‘motards’ mais apreciados na Europa, a edição número 65 da Concentração dos Elefantes deveria ter acontecido no último fim de semana, mas devido à Covid19 o encontro acabou por ser cancelado e para muitos fãs foi um verdadeiro golpe no coração.
Nascido em 1956, o “Encontro dos Elefantes” sempre foi reconhecido como o mais extremo dos encontros de motos, ocorrendo no período mais frio do ano e num dos lugares mais frios da Alemanha, o “Hexenkessel”. A concentração decorre num vale fechado e profundo no leste da Baviera que no final de janeiro marca temperaturas negativas de 0 a -20/-25 graus celsius.
Inicialmente criado como um encontro de sidecars Zundapp da Segunda Guerra Mundial, os chamados “Elefantes”, com o espírito gladiador de um clube que adorava testar a fiabilidade e indestrutibilidade das motos alemãs em todas as condições, o encontro foi crescendo ao longo dos anos… e chegamos ao evento que todos conhecemos.
UM ENCONTRO ÚNICO NO MUNDO
Sobre esta concentração não há meio termo, há os que a adoram e os que simplesmente repudiam deste encontro. Subir para uma moto nos dias mais frios do ano e rodar centenas de quilómetros na geada e estradas com más condições, para depois ficar numa tenda no meio da neve e do frio, não é de facto o melhor cartão de visita… mas há muitos que não a perdem por nada deste mundo. Estar presente nos “Elefantes” requer um imenso esforço mental para sair de zona de conforto e tentar imitar os homens primitivos no momento da última glaciação. Afinal, milénios de evolução privaram-nos quase completamente da capacidade de viver em condições extremas.
UM DESAFIO EM CONDIÇÕES EXTREMAS
O vale dos Elefantes, ou ‘bunker’, como também é conhecido, ano após ano, está cada vez mais cheio de motociclistas montando os meios mais improváveis entre neve, lama e algum álcool à mistura para aquecer. Aqueles que amam os Elefantes não são lunáticos e nem mesmo super-homens de pele de aço, mas aqueles que gostam de desafiar-se a si próprios e à natureza, bem como grandes amantes das motos e da comunidade que gira ao nosso redor. Na verdade, o que leva alguém a querer atravessar metade da Europa num veículo precariamente equilibrado para dormir na geada e ao frio, se não um senso intoxicante de desafio?
Desde setembro do ano passado já se falava do cancelamento da edição 65, e na verdade no fim de semana que acabou de passar (último fim de semana de janeiro, como tradição) não havia motos pelas ruas e autoestradas da Europa. O Covid, por enquanto, manteve muitos motociclistas longe dos maus hábitos, mas esperamos que em janeiro próximo a liberdade dos seres mais primitivos no meio do gelo regresse.
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