Como distribuir a carga e peso na moto para viajar

By on 4 Abril, 2023

Viajar de moto é uma experiência fantástica, no entanto, é preciso ter em mente que numa moto, o espaço para bagagem é restrito e qualquer viagem, curta ou longa, pode tornar-se numa dor de cabeça se exagerarmos na quantidade, peso ou a bagagem não estiver minimamente organizada.


Peso e volume. Nada disto combina com motos. É claro que há motos com maior capacidade de carga que outras e permitem levar mais “coisas”, mas é bom relembrar que, por maior que seja, uma moto terá apenas dois pontos de contacto com o piso, e para curvar, acelerar e travar, ela deve estar estável. Essa dinâmica/equilíbrio não deverá ser afetada com excessos.

Segurar a bagagem ao banco ou suporte de carga com elásticos, ou redes é prática comum, mas isso também implica respeitar a regra número um de não exagerar na quantidade. Além disso, essa forma não será muito prática, pois a cada paragem, ou arriscamos e deixamos tudo na moto, ou levamos connosco e depois… voltar a ter o trabalho de recolocar tudo outra vez.

As malas mais comuns são as feitas em plástico rígido, material que combina alguma leveza com resistência. Há também malas em materiais têxteis reforçados (mais leves), assim como as vistosas malas de alumínio. Praticamente todas oferecem a possibilidade de serem retiradas de modo rápido, bastando para tal apenas a chave e/ou alguma habilidade para desencaixá-las. Também há que considerar o saco de depósito que é muito útil para guardar aquelas coisas que queremos ter a mão.

Qual a melhor solução para carregar a moto para uma viagem? Talvez colocar na moto malas específicas, projetadas para resolver de maneira fácil e prática a necessidade de levar “coisas”.

Há uma razoável oferta de modelos de motos Touring/Sport Touring que trazem como equipamento original malas laterais, que pode ser uma boa opção se for comprar uma moto para viajar. O mercado também oferece um grande número de opções de marcas de bagagem especificas. Mas, não querendo referir marcas ou se malas de alumínio ou plástico ou lona são melhores, ou piores (este tema fica para outro artigo), uma coisa é certa, o sistema de fixação, o peso, e inclusive, a interferência aerodinâmica, devem ser bem considerados.


Mesmo sendo equipamento original, é importante não esquecer que há sempre um limite de peso que deve ser religiosamente respeitado. O peso máximo de carga admitido está normalmente identificado num autocolante interno da mala ou no suporte, ou no manual de utilização. Não respeitar a recomendação de peso limite, pode implicar danos na estrutura da moto.

Também o desequilíbrio de massas torna a moto instável, comprometendo bastante a segurança na condução.
Outro limite a ser considerado é o da velocidade máxima, pois tanto com a “top case” como malas laterais afetam de modo importante a aerodinâmica e, consequentemente, a condução e consumos de combustível.
É sempre importante relembrar para não haver excessos. É definitivamente algo que não combina com o verdadeiro prazer de viajar de moto, assim, usar o bom senso é a melhor decisão.

Como distribuir a carga/peso

– Devemos carregar apenas o que é absolutamente imprescindível para a viagem. Quando acharem que já é suficiente, reduzam a metade. A tendência de levar sempre mais qualquer coisa, pois “pode fazer falta” é um dos inimigos das viagens de moto. Quanto menor o peso da carga, mais fácil será conduzir a moto, menor esforço de motor e consumo de combustível! Devemos ter em conta que se levarmos pendura e a respetiva bagagem, mais atenção aos pormenores devemos ter.

– Evitar a “top case” no caso de viagem a solo. Dá jeito apenas para o pendura se encostar e viajar com mais conforto. O peso já estará bastante atrás da roda traseira, o que faz com que a frente fique mais leve, dificultando a entrada em curva. Também a questão aerodinâmica é importante porque a top case pode fazer o “efeito de vela“ causando vibração e atrito aerodinâmico (aumento de consumo de combustível)

– A carga mais pesada (ferramentas e afins que não pensamos utilizar) deverá ser carregada no fundo das malas e o mais para a frente possível. A ideia é manter ao máximo a distribuição do peso para o centro da moto. Depois, ir arrumando de baixo para cima até ficar com os itens mais leves no topo como, por exemplo, o fato de chuva que deverá estar a mão e não no fundo da mala no caso de começar a chover.

– Para manter a moto ainda mais equilibrada, colocar essa carga mais pesada do lado oposto à do escape (motos com uma só ponteira). Uma ponteira de escape de origem pode pesar 6 ou 7 kg e assim compensamos um pouco o peso desse lado.

– Deixar sempre algum espaço vazio para podermos arrumar alguma que compremos (água ou comida, ou algo deveras útil)

Nota Importante: dois pontos vitais que tem de ser verificados em função da carga.

– O estado dos pneus e ajuste da pressão ao peso da moto carregada (ver sempre manual do fabricante/moto) Os pneus, são o principal contacto da moto com a estrada, e tendo em conta a segurança acima de tudo, vamos evitar situações de risco nas viagens.

– Suspensão: Com carga e/ou passageiro também, devemos aumentar a pré-carga da mola (amortecedor traseiro). Com isso, vamos reduzir o curso da suspensão deixando o amortecedor mais “rijo”, mas, ao mesmo tempo, levantar a traseira da moto, ajudando ao equilíbrio de massas e tornado a moto mais estável em curva e travagem, pois ficamos com maior contacto da roda dianteira na estrada.

Por fim, recomendamos que seja feito um teste de condução com a moto carregada antes de partir para viagem, pois vai permitir perceber se a estabilidade da moto está correta e podermos ajustar e/ou retirar alguma coisa para reequilibrar a moto.

Prontos para arrancar?

Em próximos artigos a publicar, irei abordar, a bagagem, as ferramentas e outras dicas sobre custos, poupanças e viajar em segurança.

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