Malas para viajar de moto – Rígidas vs. Flexíveis

By on 18 Abril, 2023

Quando temos de decidir que tipo de malas vamos instalar para transportar a bagagem na nossa moto, há que ter em conta vários fatores. Claro que o gosto pessoal por um determinado estilo fará a diferença, mas devemos ponderar as vantagens e desvantagens de um sistema e de outro em face do tipo de utilização que pretendemos dar, da viagem que iremos realizar, do nosso estilo de condução, do tipo de moto que equipamos e obviamente do budget disponível.

Outra questão a ter em conta é a dimensão e o tipo de material, considerando novamente as vantagens e desvantagens relacionadas com estes dois fatores. Plástico ou alumínio, cordura ou lona impermeabilizada, as soluções podem ser inclusivamente híbridas em função do tipo de itens que iremos transportar connosco.

Caso decidirmos por soluções rígidas, teremos a opção do tipo de material e da combinação estética ou de estilo com a própria moto.

As soluções são múltiplas, desde aquelas comercializadas pelas próprias marcas e que estão especialmente concebidas para o modelo de moto que possuímos, e que podem inclusivamente vir à exata cor da nossa moto, ou optarmos por uma das muitas marcas existentes no mercado de acessórios que normalmente têm modelos uniformizados que se adaptam a qualquer moto instalando previamente uma estrutura específica para o modelo em questão.

Há também quem goste de ser criativo e produza as suas próprias soluções, construindo-as de raiz e/ou adaptando, por exemplo, antigas malas ou caixas que se enquadram no estilo da moto e dão-lhe um toque pessoal.

Nas várias soluções existentes o mais vulgar é vermos uma combinação de malas laterais com uma Top Case, que são normalmente à prova de água e facilmente colocadas ou retiradas da moto com um sistema de chave que permite bloquear as mesmas na moto. Muitos fabricantes produzem ainda sacos interiores na medida das malas que permitem maior proteção dos itens colocados nas mesmas e facilitam o transporte mantendo as malas rígidas na moto.

A vantagem das soluções rígidas em relação às flexíveis são várias. Mantêm maior estabilidade uma vez fixas à estrutura de suporte, oferecem maior segurança contra roubos, pois não só incluem sistemas de bloqueio das próprias malas à moto como também fechaduras que bloqueiam o acesso ao seu interior, conseguem manter um nível alto de isolamento, tanto contra chuva e humidade como pó e sujidade, do ponto de vista prático não há que atar nada com cintas ou outros sistemas de fixação e permite uma organização estruturada daquilo que transportamos e um acesso facilitado em qualquer momento.

As malas rígidas permitem ainda adaptar ou fixar às mesmas outros acessórios como, por exemplo, depósitos de água ou gasolina, outras malas ou sacos, uma tenda ou ferramentas, enfim, múltiplas possibilidades e soluções. Ao serem superfícies rígidas e planas, podem ser ainda utilizadas como apoio para consulta de mapas ou mesmo de mesa, ou banco durante refeições, ou descanso a meio do percurso.

Relativamente ao material, se plástico ou alumínio, este último tem vantagem de ser mais fácil a sua reparação, pois o plástico uma vez quebrado poderá com a vibração aumentar os danos sofridos e a sua reparação é mais complicada. Em golpes menos violentos, o plástico tem a vantagem de absorver melhor o impacto e voltar à sua dimensão original. No alumínio a “amolgadela” poderá ser reparada a partir do interior, por exemplo, com um martelo plástico ou de borracha.

Do ponto de vista estético, as malas de alumínio conferem sempre aquele look mais “pro”, permitindo a colagem de insígnias dos locais por onde viajamos, prática muito comum pelos viajantes assíduos.

Existe ainda um fator de proteção extra, pois a colocação de malas rígidas laterais permite, no caso de uma queda, manter alguma distância da moto ao chão, protegendo alguns dos seus componentes para além das nossas pernas. A estrutura tubular onde se encaixam as malas é por si só uma proteção exterior extra à própria moto.

Bom, e então quais são realmente as desvantagens das malas rígidas relativamente às soluções “Soft” ou não rígidas…

Em primeiro lugar, o peso! Entre a estrutura de adaptação e fixação das malas e as próprias malas, 2 laterais + 1 top case, podemos contar com uns 20 kg extra de peso sem contar com o material e equipamento que coloquemos dentro.

Por outro lado, há questão do aumento de largura na traseira da moto o que para quem não esteja a habituado pode resultar em incidentes indesejados. A maior largura da traseira pode originar toques em viaturas ou em obstáculos que contornamos e até mesmo tocarem no pavimento em curva, provocando desequilíbrios e até mesmo acidentes. A superfície plana das malas laterais quando embate nalgum obstáculo pode mesmo fazer danificar seriamente a mala e mesmo a sua estrutura de suporte.

A Top Case, bem carregada e pesada, pode provocar um desequilíbrio da moto e mudar o seu centro de gravidade, alterando a sua condução. Também há a considerar o custo mais alto das soluções rígidas, sobretudo as de alumínio, que podem no conjunto superar largamente os 1.000 euros.

A maioria das malas rígidas são adaptáveis a uma variedade de motos sempre quando se substitua a estrutura de adaptação específica para a moto em causa, mas existem alguns modelos de malas produzidos exclusivamente para um determinado modelo. A polivalência valoriza o investimento, pois caso decidamos trocar de moto poderemos manter as malas adquiridas anteriormente. Outra questão que há que ponderar tendo em conta o tipo de material que transportamos, é a maior vibração das malas rígidas que poderá, por exemplo, danificar material eletrónico.

Características e vantagens das Soluções de Transporte Não Rígidas

A maioria das soluções não rígidas para transporte de material e equipamento numa moto são produzidas em PVC, em ‘Nylon’ ou Cordura, ou ainda em Lona impermeabilizada. Normalmente, para as fixarmos, recomenda-se que a moto tenha pelo menos uma estrutura porta bagagens na sua traseira com pontos de fixação em ambos os lados para garantir que as malas fiquem seguras de forma eficiente e não oscilem para qualquer lado.

Na fixação de bagagem colocada em sacos flexíveis há que ter atenção para que os mesmo nunca estejam em contacto com superfícies quentes ou móveis, por exemplo, o escape ou rodas.

Os sacos normalmente utilizados são impermeáveis para garantir o isolamento do material colocado no seu interior e são presos com cintas ou uma rede elástica. Existem soluções que utilizam uma rede metálica com cadeado que permite aumentar a segurança do material aí colocado.

A vantagem de utilização deste tipo de soluções é desde logo o seu preço e peso mais baixo do que as opções rígidas. Pela maior versatilidade que representam, podem ser adaptadas a qualquer moto e em qualquer situação e podem ser transportadas ou fixas em qualquer lugar da moto que ofereça segurança e, ao serem flexíveis, sobretudo os sacos, podem adaptar a sua volumetria à quantidade que equipamento que transportamos num determinado momento. Existem modelos que até permitem alguma modularidade fazendo variar a sua capacidade através da abertura ou fechos de correr.

Os materiais utilizados na produção destas malas, são quase sempre materiais tecnologicamente avançados como a Cordura e o ‘Nylon’ balístico e oferecem níveis de impermeabilização de 100% embora se possam utilizar capas específicas sobre os mesmo para reforçar a sua proteção.

São fáceis de colocar e fixar sobre a moto, acabando por ser uma solução bastante prática para retirar também quando chegamos a um hotel ou a um acampamento. Alguns têm inclusivamente alças de mochila para facilitar o seu transporte.

No caso de caída não protegem tanto a moto nem o material no seu interior, mas também servem de “almofada” de amortecimento caso alguma parte do nosso corpo fique entre a moto e o solo. E ao contrário das rígidas, não se quebram ou amolgam.

Existem soluções integradas em forma de U que integram a parte superior e as laterais numa peça só e resultam ser muito práticas de colocar sobre a moto, pois se adaptam naturalmente em torno do banco traseiro e/ou do porta-bagagem.

Qualquer das soluções de transporte de bagagem e equipamento, rígidas e não rígidas, pode ser complementada pela utilização de um saco de depósito, que é quase sempre flexível e fixo tanto com fitas próprias normalmente incluídas num suporte específico ou com íman, colocados no interior de umas abas que abraçam o depósito, que terá que ser de aço, pois no alumínio ou plástico os ímanes não funcionam.

As desvantagens dos sistemas não rígidos serão:

A menor estabilidade dos mesmos sobre a moto, pois a fixação com fitas permite sempre alguma oscilação ao vento ou em mau piso for a de estrada. Também a sua vulnerabilidade a furtos, pois são mais facilmente vandalizados, exigem por isso maior cuidado quando paramos em algum lugar. A sua durabilidade é menor e o deterioro das suas características e aspeto maior. O facto de serem soft permite que a pressão da sua fixação possa danificar ou deformar algum equipamento, ou material mais sensível no seu interior. O facto de a fixação ser por fitas ou correias sobre pressão não permite o fácil acesso ao seu interior num momento determinado, obrigando a aliviar a tensão para poder aceder a algo que necessitemos do seu interior.

Em conclusão, pensamos que não existirá uma solução única e cada situação poderá implicar a adoção de uma solução de transporte específica para a mesma. Temos visto soluções híbridas do tipo malas rígidas laterais com sacos flexíveis no topo que cobrem toda a largura disponível na traseira da moto, distribuindo de mais uniformemente o peso sobre a moto. Mas cada situação será uma situação, a decisão dependerá da quantidade de equipamento a transportar e da tipologia do mesmo. Não é o mesmo transportar roupa que material técnico.

O sistema de transporte deverá por isso ser o mais flexível possível e em função da moto, da viagem e do tipo de trajeto e da quantidade de equipamento a transportar, optando pela solução mais prática e que vos proporcione mais conforto e segurança.

Relembrando sempre que o peso conta, devemos, por isso, com qualquer destas soluções, carregar apenas o essencial, ou seja, o menos possível!

Texto Pedro Rocha dos Santos

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