Parte 2
Kork, ao contrário da maioria dos seus contemporâneos nas 250 e 350, que ou ganha ou cai, classifica-se normalmente nos primeiros cinco

Em 1978 averba também 5 poles, num ano em que os principais rivais eram Kenny Roberts, o seu próprio colega de equipa, o rápido Australiano Greg Hansford e Graziano Rossi, pai de vocês-sabem-quem…
Além das 250, ganha o título de 350, empresa estafante para o piloto magrizela e aspeto frágil, além de óculos que o atrapalham nas corridas, já que as duas classes eram disputadas em corridas consecutivas e o Mundial implicava grandes viagens, pois incluía já 12 corridas, visitando entre outros países a Venezuela, a Finlândia, a Suécia e a Jugoslávia.
Mais incrivelmente, repetiu a dose em 1979, desta feita ganhando 7 corridas de 250, na Alemanha, Imola, Espanha, Finlândia, Grã-Bretanha, Checoslováquia e França, incluindo as últimas 4 provas de enfiada e mais uma vez, arrebatando o título de 350 num ano em que o pai de Valentino também marcou 3 vitórias em 250.

Nas versões de 250 (acima) e 350cc, as Kawasaki KR oficiais de dois tempos eram imbatíveis nesses anos, conquistando ao todo 8 títulos e 73 grandes prémios, 31 dos quais pela mão de Ballington, (uma boa média de 30%, pois começou 91 corridas de GP durante a sua carreira de sete anos).
Perante este sucesso, no ano seguinte, a Kawasaki quer aventurar-se na classe rainha com a KR500 e Kork viu-se num dilema: ficar com a Kawasaki que lhe dera os títulos mundiais de 250 e 250, para desenvolver um novo projeto de 500, ou assinar com a Suzuki que lhe oferecia menos garantias?

Ballington, então com 28 anos, escolheu a Kawasaki. “A Suzuki era uma opção, mas eu não estava contente com o dinheiro oferecido”, disse ele. “A Kawasaki oferecia mais dinheiro e mais lealdade. Eu estava preocupado que se não “encaixasse” na Suzuki, estaria fora no final do primeiro ano. “
O resultado foi que Ballington passou três anos frustrantes pilotando uma moto que era muito fiável, mas muito pesada e muito longa. Apesar dum inovador quadro monocoque de alumínio, a KR500 prova-se temperamental, difícil de afinar, volumosa e menos competitiva que as mais pequenas 250 e 350.
No entanto, a decisão diz muito sobre a luta de Kork para se tornar um piloto de Grande Prémio.

Nessa moto, Kork ainda acaba em 12º no Mundial de 500 (e atenção que no Mundial desse ano pontuaram 30 pilotos, entre eles Kenny Roberts, que venceu, mas também Mamola, Lucchinelli, Uncini, Rossi (pai) Cecotto, Katayama, Sheene, Pons, Rougerie e Estrosi, todos pilotos consagrados)
Kork acabou com um melhor resultado de 5º em Imatra, na Finlândia, sagrando-se ainda vice-campeão nas quarto de litro nesse ano de 1980.

Embora continuasse a correr até 1982 nas 500, ganhando em Inglaterra a prestigiosa serie Shell Oils e continuando no Mundial, sendo oitavo em 1981, com 6º na Áustria e 7º em França, além de dois pódios em 3º em Assen e na Finlândia, e 9º em 1982, com classificações semelhantes no Top 10, estes não eram os resultados que ambicionava e acaba por se retirar nessa fase.

Radicando-se na America, onde permanece três anos, em 1988 ainda corre em Daytona na classe de 250, que vence com uma Honda. Ainda aparece nas 200 Milhas de Daytona em 1992 à frente dum projecto ultra-secreto com uma 250 da Kawasaki, tão secreto que a moto é mantida tapada, e os Japoneses da Kawasaki nem querem mostrar o motor aos comissários técnicos!
A moto, que afinal era um bicilíndrico em V, mas invertido, prova-se rápida, com Aaron Slight e o Sul Africano Trevor Crookes como pilotos, mas não ganhadora e quando não acaba a prova, nunca mais é vista.

Desiludido com a confusão dos Estados Unidos e ansiando por espaços abertos, Ballington acabou por se radicar na Austrália, em Queensland, onde abriu um negócio de ferragens.
Habita hoje a norte de Brisbane muito perto da loja que gere com a mulher e os filhos Craig e Jake, que, embora façam algum todo-terreno, nunca mostraram interesse em correr de moto…