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Teste Aprilia Tuono 660 – Os trovões não se medem aos palmos…

By on 29 Dezembro, 2021

Aproveitando a plataforma da bem nascida RS 660, a Aprilia acrescentou à família Tuono uma proposta de média cilindrada. Irreverente, eloquente no discurso desportivo e cheia certezas na sua atitude, a Tuono 660 veio acrescentar uma dose de exclusividade a um dos segmentos mais competitivos do mercado. Fomos testar se consegue carregar a herança do seu nome…

Por Pedro Alpiarça

Sê um piloto.  “Be a Racer”. Está ali escrito, como se fosse um mantra para seguirmos enquanto vemos a estrada a passar cada vez mais rápido. Assumimos a personagem e cerramos os dentes, mas sobretudo a máquina que temos debaixo de nós leva a sério este mote, o design semi-carenado com os deflectores laterais, a assinatura desportiva da iluminação, o escape escondido dando a sensação de massas centralizadas. A Tuono 660 é sexy e sabe disso.

A posição de condução é confortável, temos um guiador alto e largo, um assento bem desenhado e a esguia secção central permite-nos um encaixe perfeito debaixo do deposito proeminente. A protecção aerodinâmica do pequeno deflector frontal é mais psicológica do que propriamente funcional, mas cumpre minimamente o seu propósito quando nos agachamos a velocidades mais elevadas (Cruise Control de série)…

Enquanto isso, na cidade a Tuono sente-se ágil e manobrável, muito embora a desportividade da postura corporal nos traga alguma fadiga nos pulsos. A Tuono não gosta de estar relaxada (Consumos de 4,7L/100km em condições de teste, depósito de 15 L), está sempre alerta, mesmo com um motor fácil de dosear em baixas e uma suspensão tolerante aos maus pisos, temos sempre a sensação que ela quer outro registo.

Com 5 mapas de condução: Comute, Dynamic, Individual (totalmente parametrizável), Challenge e Track Attack (estes dois últimos para uma utilização em pista), a boa parametrização do acelerador electrónico deixa-nos tomar partido do binário disponível, sendo que a partir dos médios regimes (90% do binário disponível acima das 6k rpm) este motor lembra-nos que se sente tão mais feliz quanto a sua velocidade de rotação.

São 95cv às 10.500 rpm, menos 5 do que na RS, mas os valores de binário permanecem inalterados. Fazendo uso de relações de caixa mais curta, o carácter desportivo deste motor (um bicilindrico paralelo com 659 cc debitando 95 cv às 10.500 rpm e 67 Nm às 8.500 rpm) surge desde o momento em que se roda a chave. De som rude, zangado e sem maneiras, a sua voz vicia-nos e tem sempre vontade de falar mais alto. Entusiasma, galvaniza, faz de nós uns brutos até ao red-line. Pela sua presença desde os médios regimes e sobretudo pela sua envolvência, arriscamo-nos a dizer que este é o melhor motor do segmento.

O habitat natural da Tuono 660 encontra-se nas estradas mais reviradas, onde a sua alma se revela como pequena desportiva e nos entrega quilómetros e quilómetros de gozo motociclístico. Sempre bem plantada, (Forquilha KYB Ø41mm invertida com ajuste de pré-carga e extensão e Monoamortecedor com ajuste de pré-carga e extensão)  confiante na sua frente e explosiva nas saídas de curva, a sua agilidade nunca fica comprometida na sua ligeireza, sinónimo de um quadro com uma genética bem cuidada. É uma máquina precisa (Peso a cheio: 183 Kg) mas inspiradora de confiança, sem reacções extremas ou desequilíbrios inesperados.

Nesta altura começamos a brincar com a electrónica (Pacote electrónico APRC: Controlo de tracção, Anti-Wheelie, Travão Motor, ABS modelável; ausência de Quick-shift e IMU de série), aumentamos o nível de responsividade do motor, e modelamos a intervenção do ABS confiando a nossa sorte numa travagem doseável e potente (Disco duplo Ø320 mm com pinças radiais Brembo de 4 pistons e disco Ø220 mm com pinça de duplo piston Brembo). Às tantas desenvolvemos uma estranha relação de ódio com a enorme e inestética manete de embraiagem, talvez por sentir falta do quick-shift. Absolutamente imprescindível numa moto que se entrega de forma tão limpa, e sobretudo com um motor que adora estar nos regimes mais elevados.

Não nos chocou a ausência do IMU, pois o casamento da leitura exímia das suspensões com o bom feeling dos Pirelli (Diablo Rosso Corsa II), fazem com estejamos sempre com perfeita noção dos limites, na certeza de que a fasquia está muito alta a nível de estabilidade e grip mecânico. No que toca a sensações desportivas Tuono 660 está acima de qualquer uma das suas concorrentes, e percebemos que a Aprilia a queira diferenciar. Mas sabendo que na EICMA surgiu a versão Factory com todos os extras que fazem dela uma RS com guiador…ainda ficamos mais confusos. Mas também gostaríamos que todas as grandes questões da nossa vida se prendessem com a dificuldade em escolher o tamanho do nosso sorriso…

 

Gostámos:

  • Motor Viciante
  • Chassis preciso
  • Qualidade de construção

A melhorar:

  • Ausência de Quick-shift de série
  • Preço 

 

Ficha Técnica:

Motor

Tipo de MotorBicilindrico paralelo, DOHC, refrigeração líquida, quatro válvulas por cilindro
Cilindrada659 cc
Potência95 cv @ 10.500 rpm
Binário67 Nm @ 8,500 rpm
TransmissãoCaixa de 6 velocidades, final por corrente

Ciclística

QuadroDupla trave em alumínio
Suspensão Dianteira / TraseiraForquilha invertida Kayaba Ø 41 mm, curso de 110 mm (ajustável na expansão e pré carga de mola) / Braço oscilante assimétrico em alumínio, monoamortecedor (ajustável na expansão e pré carga de mola)
Travagem Dianteira / TraseiraDuplo disco de 320 mm, pinças radiais Brembo de 4 pistons / Disco de 220 mm, pinça Brembo de 2 pistons. ABS modelável
Pneus120/70 ZR17 ; 180/55 ZR 17

Dimensões e Preço

Altura do assento820 mm
Distância entre Eixos1370 mm
Capacidade do depósito15 L
Peso183 Kg
PreçoDesde 10.990 €

 

Concorrentes:

  • KTM 890 Duke

Desde 12.599,30 ; 114 cv ; 169 Kg a seco
  • Yamaha MT-07

Desde 7.100 € ; 73,4 cv ; 184 Kg
  • Triumph Trident 660

Desde 8.295 € ; 81 cv ; 189 Kg
  • Honda CB 650 R

Desde 8.200 € ; 95 cv ; 202 Kg

 

Galeria:

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