Subscreva a nossa Newsletter

Email Marketing by E-goi

Teste Honda ADV 350 – Com um estilo muito próprio

By on 12 Fevereiro, 2022

Ensaio realizado por Jordi Mondelo

A Honda surpreendeu o mundo quando decidiu lançar no mercado a sua maxi-scooter X-ADV, uma scooter com capacidades OffRoad que rompia com tudo o que estava estabelecido nesse segmento até então. A X-ADV foi apresentada em 2016 tendo-se iniciado a sua comercialização um ano após. Até ao dia de hoje venderam-se mais de 44.000 unidades e em 2021 foi o modelo da marca mais vendido na Europa. Claro que todo este sucesso levou a Honda a querer aplicar o mesmo conceito em novos modelos de menor cilindrada. Vimos entretanto que em 2020 apareceu uma nova versão com motor de 150cc que se destinou essencialmente ao mercado asiático pois para o continente Europeu a Honda tinha guardado uma versão especial, a ADV 350 que vos apresentamos de seguida.

Apresentada por primeira vez no Salão EICMA de Milão no passado mês de novembro, a nova ADV 350 posiciona-se na gama de scooters de média cilindrada da Honda juntamente com a bem sucedida FORZA 350, modelo do qual herda muitos dos seus componentes. Sem lugar a dúvida que a nova ADV 350 irá canabalizar as vendas da sua irmã Forza mas na soma de ambas é precisamente onde se centra a estratégia da Honda neste segmento. ( 1+1=3 )

O certo é que argumentos não vão faltar para que a ADV 350 se torne na nova referência do seu segmento e os motivos são vários, pelo seu desempenho, pelo nível de equipamento, pela qualidade dos seus acabamentos, pela polivalência do conceito e claro pela bem sucedida estética, já comprovada pela sia irmã maior X-ADV.

Ser ou não ser ?

Esta é a questão que deve ser esclarecida desde início sobre a nova ADV 350 … Será que é realmente uma scooter OffRoad ?

  • A resposta é claramente um não… no entanto.

A Honda posiciona o modelo como se fora uma scooter convencional, mas está consciente de que ao montar alguns componentes com características que nos permitem aventurar no fora de estrada, essa realidade acaba por dotar a ADV 350 de uma versatilidade que outras scooters não têm.  Ou seja, apesar de não se definir como uma scooter offroad, o facto de a ADV 350 montar suspensões de maior curso, dupla mesa de direção e uma maior distância ao solo, entre outras realidades, vai permitir que a mesma possa rodar caminhos fora de estrada com alguma facilidade. Podemos por exemplo compará-la com um SUV do mundo automóvel, em que os condutores estão conscientes das suas limitações não se coibindo porém de sair fora de estrada.

Uma vez esta questão esclarecida o certo é que a ADV 350, totalmente desenhada em Roma, transmite uma imagem “adventure” que lhe assenta que nem uma luva, projectada por uma estética frontal de moto trail de média-baixa cilindrada combinada com um triângulo ergonómico que se forma entre o assento, o guiador e as plataformas para os pés, estas últimas de dimensão mais generosa do que a maioria das scooters urbanas. Ou seja, mais um ponto a favor da ADV 350 face às scooters mais convencionais.

Como uma Trail ? 

O guiador, de alumínio, largo e ao estilo moto Trail, é um dos pontos chave que definem a exclusividade ergonómica da ADV 350. A sua distância ao condutor e a posição que proporciona é mais do que correcta, permitindo-nos encaixar bem na moto, com os cotovelos ligeiramente abertos, assumindo uma postura de total controle. O facto de ser mais largo do que o habitual noutras scooters o guiador permite-nos manobrar com mais facilidade pelo maior efeito de alavanca e termos simultaneamente um maior controle sobre a direção.

De ínício quase que sentimos demasiada sensibilidade na direção motivada pela largura do guiador. A ADV 350 tem um “chip” próprio que há que desenvolver à medida que nos vamos habituando à sua condução, realidade que acontece rapidamente e que potencía a sensação de agilidade em estradas de curvas e em condução urbana.

Também a distância entre o assento e a plataforma parece maior do que em outras scooter do segmento GT. Dispõe também de uma pequena plataforma colocada mais à frente para que possamos colocar os pés alongando a posição das pernas, evitando assim o cansaço prematuro em distâncias mais longas. Percorremos mais de 180 Km de estrada, entre estradas abertas e rápidas, percursos urbanos e também estradas de montanha, tendo terminado a jornada sem qualquer cansaço aparente. Para isso colaborou de forma clara o assento, com uma ergonomia inspirada no assento da X-ADV, embora de início nos parecesse demasiado duro, demonstrou ao longo do dia uma combinação mais do que acertada entre firmeza e conforto. Apesar da sua altura ao solo de 795 mm ( 15mm mais alto do que o assento da Forza 350 ) permite-nos um bom apoio com os dois pés no chão, uma vez parados.

Equipamento completo

A Honda é uma marca que dá muita importância aos pormenores e à qualidade dos seus produtos e na ADV 350 essa realidade repete-se. É uma scooter premium pelo que em nada se poupou para a dotar de um nível de equipamento superior. Muitos pormenores têm inclusivamente a ver com o factor segurança, realidade à qual a Honda dedica especial atenção nos seus produtos.

Comecemos então pelo écran dianteiro de perfil estreito que se pode regular em altura em 4 posições distintas ( 130mm de diferença no total ). A regulação é feita de forma simples, sem recurso a ferramentas, embora seja necessário utilizar as duas mãos para o efeito, realidade para a qual a Honda faz questão para que apenas possamos regular a altura do écran com a moto parada (segurança).

Este conceito relacionado com a segurança manifesta-se também no painel de informação que carece de qualquer botão de acionamento junto do mesmo, situando-se todos junto aos punhos da moto. Precisamente para navegar no menu de opções da ADV temos um pequeno joystick no punho esquerdo, evitando assim soltar o guiador.

O painel é totalmente digital e fornece toda a informação necessária e de uma forma organizada, embora alguns dos caracteres sejam demasiado pequenos, dificultando a sua leitura a quem tenha problemas de visão. No painel encontramos o computador de bordo, temperatura ambiente, indicador do nível de combustível, relógio horário, dois parciais…e muito mais. Inclui ainda o nível de intrusão do Controle de Tração HSTC, que tem dois níveis e também a possibilidade de ser desligado.

Tal como nos restantes modelos de gama alta de scooters Honda, a ADV inclui o sistema Smartphone Voice Control, que nos permite emparelhar o nosso telefone e poder receber chamadas, mensagens, ouvir música, e também navegar através do Google Maps, tudo comandado pela voz. Para podermos utilizar este sistema teremos que ter instalado no nosso capacete um intercomunicador.

O restante equipamento…

A Honda ADV 350, tal como outros modelos de topo da marca, inclui sistema de ignição do tipo SmartKey, ou seja, poderá ter a chave no bolso e ligar a moto sem ter que utilizar a mesma e apenas por aproximação. O acesso ao depósito de gasolina e a abertura do assento são também funções incluidas no sistema SmartKey. O compartimento debaixo do assento tem uma capacidade de 48 litros, o mesmo da versão Forza, espaço suficiente para guardar dois capacetes integrais. O interior pode também ser dividido em dois compartimentos através de um separador que se coloca ou retira no seu interior.  Adicionalmente existe também um pequeno compartimento na dianteira do lado esquerdo, com 2,5 litros de capacidade, onde encontramos uma tomada USB do tipo C.

A iluminação é totalmente LED e inclui um duplo farol dianteiro que funcionam em uníssono, numa procura de relacionar claramente o modelo com a sua irmã maior, a X-ADV. O farol traseiro é extremante compacto e é completado por tiras refletoras colocadas de cada lado do mesmo.

Outro elemento que reforça a segurança é o Sistema de Emergency Stop Signals ( ESS ) que faz com que as luzes traseiras e os intermitentes se acendam de forma intermitente e em conjunto quando a centralina detecta uma travagem brusca, avisando assim de forma mais efectiva quem circula atrás de nós.

Sofisticação mecânica

O novo motor é o mesmo que equipa a SH 350i e a Forza 350 e que já pudemos testar anteriormente, o qual foi totalmente actualizado em 2020 e que está desde então homologado de acordo com as exigências do Euro 5. A tecnologia envolvida é designada por eSP+ e é um monocilíndrico de 330cc a 4 tempos com refrigeração líquida, com 4 válvulas e atinge a potência máxima de 29,2 CV.  É um motor  com um desempenho extremamente suave, muito silencioso e sem vibrações. Na base deste funcionamento tão aprimorado está a montagem de um eixo de equilíbrio e um cilindro OffSet. Este último significa que o eixo da cambota está descentrado em relação ao cilindro, concretamente 5mm mais atrás, conseguindo uma entrega de potência mais linear e efectiva sobre a biela em cada explosão, com menos atrito e menos desgaste e mais suavidade no seu funcionamento.

A ADV 350 usufrui precisamente do mesmo desempenho da Forza 350, pois nem na transmissão automática existem diferenças, mantendo uma excelente resposta nos baixos e médios regimes e conseguindo acelerações e recuperações rápidas, comparáveis às de scooters de 400 cc. É um daqueles motores que quando a qualquer momento que rodes o punho encontras ainda um pouco mais de aceleração.

Um desempenho de referência

A potência máxima de 29,2 CV está disponível às 7.500 rpm e o redline é atingido às 9.000 rpm. No entanto para rodar a 80 Km/h o motor está a girar apenas a 5.500 rpm, realidade que significa que em condução urbana podemos rodar sempre sem esforço do motor e manter os consumos baixos. Já em estrada aberta ou em auto-estrada para rodarmos no limite legal de 120 Km/h o motor já atinge as 7.000 rpm, e ainda temos margem para rodar o punho e realizar algumas ultrapassagens de forma rápida. A velocidade de ponta atinge os 150 Km/h sendo que às 8.000 rpm já vamos a 135 Km/h.  Ou seja temos motor mais do que suficiente para podermos ter uma condução fluida e divertida em qualquer situação que nos encontremos.

Em termos de consumos a marca anuncia 3,4 litros aos 100 Km, no entanto no final da jornada e depois de percorridos mais de 180 Km o indicador mostrava um consumo de 4,1 litros, o que é absolutamente normal e justificado pelo ritmo alto que impusemos durante todo o ensaio realizado. Poderemos assumir que numa condução mais “ecológica” o consumo possa baixar facilmente dos 4 litros.

Novas suspensões, melhores sensações

Depois de termos elogiado o motor debrucemo-nos agora sobre a sua ciclística. Como referimos anteriormente a ADV 350 herda muitos dos seus componentes da Forza 350 no entanto dois componentes marcam a diferença entre ambas… as jantes da ADV são diferentes e 250 g mais leves, sendo de 15” a dianteira e de 14” a traseira e as suspensões são também novas e referência neste segmento e de acordo com o conceito da ADV.

A suspensão dianteira é do tipo invertida, com barras de 37mm ( 33mm na Forza ) duas mesas de direção e um curso de 125mm ( mais 36mm do que na Forza !!! ) Esta combinação de jantes mais leves e maior curso de suspensão é o que torna a sensação de condução da ADV mais ágil.

No trajecto que realizámos passámos por estradas com muitas curvas e piso degradado, realidade que nos serviu para testar o bom desempenho das suspensões, superando todo o tipo de irregularidades com enorme firmeza e efectividade, proporcionando uma excelente leitura do asfalto, garantindo segurança e conforto. Os amortecedores traseiros têm também um bom comportamento, não comprometendo o bom desempenho da suspensão dianteira, graças sobretudo ao maior curso de 30mm do que os da sua irmã Forza, parecendo algo firmes de inicio mas garantindo efectividade em todo tipo de situações, por maiores que sejam as irregularidades. No entanto, inexplicavelmente, não permitem ajuste de pré-carga de mola, embora a mola seja progressiva e ofereça três níveis de pressão na sua compressão, garantindo maior estabilidade, inclusivamente em curvas rápidas com piso irregular.

Prova superada com distinção

Foi já no final da jornada que começámos a ganhar mais confiança com os pneus Metzeler Karoo em asfalto, pneus de características mistas mas que acabaram por mostrar um bom desempenho em asfalto e em temperaturas baixas ( entre 1º e 12 graus ).  Pudemos manter um ritmo alto, sem correr riscos, a levarmos um estilo de condução de moto desportiva com a deslocação do peso nosso corpo para o interior das curvas para garantir melhores trajectórias, tirando partido do baixo centro de gravidade da ADV 350. Muito divertida em percurso de montanha com muitas curvas a permitir manter um ritmos alto sem sobressaltos.

Sobre o sistema de travões nada a criticar pois os dois discos de 256mm em cada eixo assistidos por ABS de duplo canal garantem sempre uma enorme eficiência e tacto nas travagens, realidade que já é habitual nas motos Honda. O ABS é pouco intrusivo e pouco notámos a sua intervenção, sendo efectivo até em curva, sem nos obrigar a alargar trajectórias.

Em conclusão, a nova Honda ADV vem estabelecer novas referências num segmento de motos extremamente competitivo e graças à versatilidade do conceito e ao excelente desempenho do seu motor e ciclística passa a ser uma concorrente de peso face à concorrência de cariz mais convencional.

A Honda ADV 350 já está disponível nos concessionários da marca, em três cores distintas, vermelho, prata e cinzento, com um PVP base de 6.250 eur.

O que gostámos e o que pode melhorar

MOTO +

  • Suavidade da mecânica eSP+
  • Estética e ergonomia
  • Espaço disponível debaixo do assento

MOTO –

  • Pré-carga de mola nos amortecedores traseiros
  • Travão de estacionamento

Ficha técnica – Honda ADV 350

Motor tipo1 cilindro 4T LC SOHC 4V
Diâmetro x curso77,0 x 70,8 mm
Cilindrada330 c.c.
Potência máxima21,5 kW (29,2 CV) a 7.500 rpm
Binário máximo31,5 Nm a 5.250 rpm
Taxa de compressão10,5:1
AlimentaçãoInjeção electrónica PGM-FI
ArranqueMotor eléctrico
IgniçãoElectrónica CDI
CaixaVariador automático CVT
EmbraiagemAutomática centrífuga a seco
Transmissão secundáriaPor correia trapezoidal
Tipo quadroColuna inferior em tubo de aço
Geometría de direção26,5° e 90 mm
Braço oscilanteGrupo motopropulsor oscilante
Suspensão dianteiraInvertida com barras de 37 mm e 125 mm de curso
Suspensão traseira2 amortevedores hidráulicos com 130 mm de curso
Travão dianteiroDisco de 256 mm e pinza de 2 pistons, ABS de 2 canais
Travão traseiroDisco de 240 mm e pinça de 1 piston, ABS de 2 canais
Pneus120/70 x 15” y 140/70 x 14”
Comprimento total2.200 mm
Altura máxima1.295 mm
Largura máxima895 mm
Distância entre eixos1.520 mm
Altura assento795 mm
Peso em ordem de marcha186 kg
Depósito gasolina11,7 litros
Preço6.250 euros
Garantía oficial3 anos, ampliável até 5
ImportadorHonda Motor Europa
Websitehttps://www.honda.pt/motorcycles.html
0 Comentários
Inline Feedbacks
View all comments