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Teste Kymco DTX 350 – Mudança de rumo

By on 19 Abril, 2022

Ensaio realizado por Jordi Mondelo – Solomoto

Finalmente pudemos testar a Kymco DTX 350, a novíssima representante do fabricante de Taiwan no novo segmento “Adventure” que se tem vindo a desenvolver no mercado das scooters.  Não percebemos exactamente o que se está a passar mas as marcas devem ter detectado algo que nós os comuns dos mortais não sabemos ver.  Referimo-nos à quantidade de modelos de scooters com características de “offroad” que têm estado a aparecer no mercado nesta temporada.

A primeira a chegar neste ano foi a Honda ADV 350 e imediatamente, semanas depois, a Aprilia apresentava a sua SR 125 e 200 GT. Agora é a Kymco que nos surpreende com a sua nova 350 DTX  e já foi também revelada pela SYM uma nova Husky ADV, embora este último modelo não esteja previsto chegar para já à Europa. O discurso das várias marcas é semelhante e todos coincidem em afirmar que não são scooters de todo-o-terreno mas que permitem rodar em pistas fora de estrada com algum desempenho.

Conceitos como “Crossover” e “SUV” , mas conotados com os automóveis, são agora referidos também nas duas rodas com a Kymco a recordar-nos que na década dos ‘90 houve também uma vaga de scooters deste tipo, que montavam pneus mistos e tinham um aspecto estético de scooters offroad. Naquela época eram designadas como scooters “FUN”, pois suponha-se que estavam destinadas a uma utilização que ía para além da mobilidade urbana.

Mas porquê ?

De facto recordamos que naquela época existiam uma série de scooters de estilo “Fun” a maioria de ciclomotores com 50cc , como a Piaggio Typhoon, a Peugeot Trekker, a Honda X8R-X, a BW da Yamaha e até a própria Kymco com a Top Boy… e atenção que a BW da Yamaha ainda se comercializa em alguns países.

A razão por detrás deste fenómeno não está totalmente clara embora a teoria mais fácil de perceber seja a de que a Piaggio com o seu modelo Typhoon, revolucionou nessa época o mercado, conseguiu um enorme sucesso de vendas e arrastou consigo uma série de outras marcas que trataram de disputar a sua liderança nas vendas, lançando os seus próprios modelos de características “Fun”, tendo algumas delas conseguido também algum sucesso como no caso da BW da Yamaha.

A razão pela qual este fenómeno volta a repetir-se ao constatarmos que as marcas voltam a lançar novos modelos com estas características não está também muito clara. Certamente terá a ver com aquilo que ultimamente assistimos em termos de evolução nos últimos anos no segmento das motos Trail e de Aventura em toda a Europa. Conceitos que oferecem um maior versatilidade e funcionalidade, com uma ergonomia superior a outros segmentos e que acabam por influenciar novos segmentos de mercado como é o caso desta nova tendência nas scooters.  Só encontramos de facto essa razão e como dizem os italianos, “si non è vero è ben trovato”…

O nascimento de um novo segmento

O certo é que nesta temporada iremos ter pelo menos mais três novas scooters com este tipo de características, a rodar nas nossas estradas e caminhos, realidade que nos leva a considerar que está de facto a criar-se um novo segmento de mercado.  E dos três modelos que referimos, a Honda, a Aprilia e a Kymco, esta última é aquela que se afirma com caraterísticas mais OffRoad, realidade reforçada pelo facto de ter sido a marca que mais nos fez rodar fora de estrada com as mesmas na sua apresentação oficial.

A Kymco, que também refere os conceitos SUV e Crossover quando fala da tipologia da sua DTX, fez-nos rodar fora de estrada durante um percurso bastante longo e a um ritmo alto para que pudéssemos comprovar a aptidão ciclística da sua DTX no OffRoad. E na verdade acabámos por nos divertir e confirmar a sua aptidão quando à partida achávamos que iríamos sofrer durante o trajecto.

Mas também é uma GT

As novas Kymco DTX 125 e 350 integram o catálogo de 2022 do fabricante de Taiwan em substituição do poderoso modelo Super Dink, também nas suas duas versões. Na verdade é preciso considerar que só em Espanha a Kymco vendeu até à data mais de 65.000 unidades do modelo Super Dink ( o melhor resultado alcançado na Europa ). Ou seja, a marca confia de tal forma no seu novo modelo DTX ao ponto de lhe ceder o sucesso comercial do modelo anterior.

Acaba por ser uma substituição que se percebe sob todos os pontos de vista porque para todos os efeitos a nova DTX é também uma GT, oferecendo um excelente espaço para os seus ocupantes, capacidade debaixo do assento para colocar dois capacetes integrais, equipamento de última geração, com sistema de Smartkey, uma excelente proteção aerodinâmica… enfim, características em tudo semelhantes à melhor das GT’s.

De facto uma das coisas que mais nos gostou e que marca a diferença geracional entre a Super Dink e a nova DTX é precisamente ao nível da ergonomia pois a evolução é notória. O guiador situa-se cerca de 70mm mais próximo do condutor,  realidade que nos ajuda a adoptar uma posição com os cotovelos mais abertos, e assim obtermos um maior controle na condução. Mantém-se a possibilidade de esticarmos as pernas colocando os pés nas plataformas dianteiras e o passageiro goza também de um amplo espaço de assento com poisa pés integrados nas laterais da moto. ( A Kymco oferece também como opcional a possibilidade de montar um encosto para o pendura, aumentando assim o seu conforto ).

Excelentes pormenores e equipamento

Pormenor que há que destacar é o facto do assento da DTX estar desenhado em exclusivo para o nosso mercado, realidade que fez com que o conforto da moto tenha melhorado substancialmente face à versão anterior da Super Dink. Realizámos mais de 180 km durante a manhã sem que notássemos qualquer sintoma de cansaço. A sua forma côncava no centro ajuda de forma efectiva no apoio em travagens mais fortes. A altura do assento é de menos 20mm que na Super Dink e o forro é em material de duas cores que lhe fica especialmente bem.

Outros pormenores interessantes de equipamento são o sistema Smartkey que actua sobre o próprio arranque do motor, sobre a abertura do assento e ainda o bloqueio da direção. O sistema de iluminação é full LED e as manetes de travão são reguláveis na sua distância ao guiador. Inclui duas tomadas USB, uma no porta luvas dianteiro e outra debaixo de uma tampa no centro do guiador.

A abertura do assento conta com amortecedor  para o manter aberto e luz de cortesia, existindo espaço suficiente para dois capacetes integrais. O painel LCD mostra de forma clara e completa toda a informação embora as cores vivas adotadas não acabem por nos convencer, retirando “seriedade” e classe ao modelo. Também surpreende-nos que não tenha computador de bordo quando estamos a falar de uma scooter GT.

O écran pára-brisas é algo reduzido, realidade que pode ser facilmente solucionada com a opção que a marca dispõe de um écran de maior dimensão, 20 cm mais alto, oferecendo maior proteção aerodinâmica. O modelo ensaiado montava precisamente esse écran mais alto e também outras opções como as proteções de mãos , o apoio para o pendura, o suporte para o telemóvel e as placas de alumínio para as plataformas.

Oferece o que promete

No início do percurso preparado pela Kymco rodámos precisamente pelas pistas fora de estrada que percorrem a região das Bárdenas Reales, em Navarra no norte de Espanha, com paisagens de outro mundo. Antes, na ligação, já tínhamos realizado um percurso de asfalto, o suficiente para facilmente nos adaptarmos a um espaço na DTX que se destaca pela sua amplitude, tal como numa GT, realidade que me provocou de inicio uma sensação estranha pois íamos em direção a um percurso de terra com uma scooter destas características.

No momento em começámos a rodar fora de estrada percebemos que as suspensões absorviam de forma eficiente todas as imperfeições de forma a que ao nível do guiador quase não se notassem as irregularidades do terreno. Não chegam ao seu limite, mesmo forçando em determinadas situações, nem a bater pese embora mantenham o mesmo curso da versão Super Dink, pelo que temos que admitir que têm um comportamento que nos surpreendeu no fora de estrada.

O facto de montar uma jante dianteira de 14” com um pneu de 120mm de largura, longe das medidas de qualquer moto Trail, faz com estejamos algo condicionados pelos limites impostos pela frente da moto, sobretudo nas travagens e nas entradas em curva, no entanto mostrou uma enorme nobreza e desenvoltura na sua condução fora de estrada.

O facto de não se poder desligar o ABS penaliza obviamente a condução Offroad, realidade quase obrigatória em qualquer moto Trail ou modelo que se pretenda afirmar-se fora de estrada. Esta realidade faz com que tenhamos que antecipar a velocidade de entrada em curva para não termos problemas no alargar das trajectórias. Também é um facto que numa scooter nunca iremos realizar uma condução for a de estrada agressiva no entanto é bom não esquecer que a DTX pesa 200 Kg.

Já o Controle de Tração, que ao contrário do ABS pode ser desligado, acaba por se tornar numa excelente ajuda para conduzir em terra, permitindo acelerar sem medo à saída das curvas com a garantia de que o sistema controla a derrapagem da roda de forma eficaz e segura, quase não se notando a sua intervenção. Rodámos também com o Controle de Tração desligado para ver como a moto reagia e pareceu também muito fácil controlar a derrapagem da roda traseira com o punho do acelerador, tornando a condução mais divertida mas também mais arriscada caso o terreno seja mais duro e de pedras soltas. A nossa recomendação é a de manter sempre o TC ligado em qualquer tipo de superfície.

Decididamente uma GT

Tal como a Honda X-ADV 750, que está catalogada pela marca como uma scooter Adventure,  todas as scooters desta nova geração, como a DTX da Kymco ou a Honda ADV 350, estão pensadas para pisar esporadicamente a terra e não para serem máquinas a serem utilizadas de forma mais agressiva neste tipo de terreno.

O guiador mais perto do condutor permite um maior controle da frente da moto e da direção mas em contrapartida não nos permite colocar-nos de pé em cima das plataformas como faríamos numa moto Trail, pois a posição torna-se forçada e desequilibra a moto. Por certo a Honda X-ADV tem uns poisa pés opcionais, do tipo enduro, que se fixam numa posição mais recuada precisamente para permitir uma posição mais adequada a para a condução em pé. No caso da DTX os retrovisores que são específicos para o nosso mercado e possibilitam uma melhor visão para trás por serem mais largos, acabam por interferir com a posição dos nossos braços quando nos colocamos de pé na moto.

Depois de rodarmos durante algum tempo fora de estrada com a DTX, ficámos com uma impressão muito positiva sobre o desempenho do modelo nestas condições.  Logo de seguida regressámos ao asfalto para percebermos efectivamente como se comporta a DTX num ambiente mais favorável que é definitivamente o seu.

Ao princípio, e depois de muitos Kms realizados for a de estrada, custou-nos um pouco a encontrar o ponto de equilíbrio da direção. Parece ser que a a Kymco ao querer dotar a sua DTX de um desempenho misto dentro e for a de estrada comprometeu ligeiramente face à Super Dink o seu comportamento. No entanto um pouco mais adiante percebemos que apesar das suspensões serem menos firmes que as do modelo anterior S Dink que em nada comprometiam a estabilidade do conjunto e a precisão em curva da DTX , acabando por proporcionar é um nível de conforto muito superior sem afectar o seu desempenho.

É certo que durante as travagens mais fortes a transferência de peso para a frente é maior mas no segundo que soltas o travão a DTX ganha um enorme aprumo à entrada das curvas garantindo uma enorme precisão nas trajectórias, mesmo em estradas de asfalto em más condições.

Conclusões finais

Depois do teste misto realizado tanto em terra como no asfalto temos que admitir que a nova DTX superou largamente as nossas expectativas. Tínhamos muitas reservas em relação ao seu desempenho fora de estrada, pois para todos os efeitos é apenas uma scooter GT com pneus mistos com um guiador mais largo e uma suspensão menos firme. No entanto revelou um comportamento excelente em ambas as situações, não sendo claramente uma moto/scooter que compraríamos para fazer offroad mas, se um dia te apetece sair for a de estrada, temos a garantia que a DTX não nos vai deixar ficar mal.

O motor de 350cc, que foi o único modelo que pudemos testar nesta apresentação, é o mesmo da Super Dink. Uma mecânica com um bom desempenho, que empurra sem perda de potência desde os regimes mais baixos e que nos permite manter sem esforço velocidades de cruzeiro de 120 Kmh. Se rodarmos o punho rapidamente supera os 145 Kmh no conta quilómetros, situação onde começa a mostrar desconforto e vibrações e a aconselhar a rodarmos em regimes mais baixos deixando os picos de potência e velocidade para quando são estritamente necessários, como por exemplo nas ultrapassagens.

Concluímos que a decisão da marca de substituir no seu catálogo o anterior modelo e bem sucedido Super Dink pela nova DTX não nos parece ser desacertada antes porém uma mais valia pois oferece uma maior versatilidade de utilização entre asfalto e fora de estrada. A Kymco dispõe também um catálogo de acessórios opcionais para a DTX que permitirá aos seus futuros proprietários uma personalização de acordo com os seus gostos e necessidades.

As Kymco DTX, segundo informações do importador em Portugal, não estão para já disponíveis no nosso país embora na vizinha Espanha, onde a marca tem um enorme sucesso, os preços sejam de 4.699.- eur para a versão 125 e de 5.599.- eur para a versão de 350cc, a versão testada. As cores disponíveis são o Cinzento grafite, o Cinza, o Laranja e o Verde.

O que mais gostámos e o que menos

MOTO +

  • Estética inovadora
  • Ergonomia
  • Versatibilidade on/off
  • Desempenho global

MOTO –

  • Vibrações nos regimes mais altos
  • Motor ruidoso

Ficha Técnica Kymco DTX 350 / (  125 )

Motor tipo1 cilindro 4T LC SOHC 4V
Diâmetro x curso75,3 x 72,0 mm (54,0 x 54,3 mm)
Cilindrada321 c.c. (125 c.c.)
Potência máxima28,2 CV @ 7.500 rpm (12,8 CV @ 7.500 rpm)
Binário  máxima29,3 Nm @ 5.750 rpm (10,9 Nm @ 7.500 rpm)
Taxa de compressão10,7:1 (11,2:1)
AlimentaçãoInjecção electrónica
ArranqueMotor eléctrico
IgniçãoElectrónico gestão por ECU
CaixaVariador automático CVT
EmbraiagemAutomática centrífuga a seco
Transmissão secundáriaPor correia trapezoidal
Tipo chassiEstrutura em tubo de aço
Geometría de direção28° e 147 mm (144,5 mm)
Braço oscilanteGrupo motopropulsor oscilante
Suspensão dianteiraInvertida com Barras de 37 mm e 110 mm de curso
Suspensão traseira2 amortecedores hidráulicos de 100 mm, precarga de mola
Travão dianteiroDisco de 260 mm com pinça de 3 pistons, ABS de duplo canal
Travão traseiroDisco de 220 mm com pinça de 2 pistons, ABS de duplo canal
Pneus120/80 x 14” e 150/70 x 13”
Comprimento total2.165 mm
Altura máxima1.290 mm
Largura máxima780 mm
Distancia entre eixos1.550 mm (1.545 mm)
Altura assento800 mm
Peso em orden de marcha179 kg
Depósito gasolina12,5 litros
Preços5.599 euros (4.699 euros)
Garantía oficial3 anos
ImportadorManuel Vieira Condeça
Contacto218 400 034
Websitewww.kymco.pt
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