Teste Royal Enfield Hunter 350 – A urbana mais bonita da marca
Por Jordi Mondelo – Solomoto
A marca indiana está a crescer bastante em “modo Europa” uma realidade que pudemos comprovar durante o teste que realizámos com a Royal Enfield Hunter 350, uma excelente moto urbana, ágil e de características muito europeias.
A Royal Enfield já há bastante tempo que decidiu explorar outros mercados para além do seu, o indiano, e vem fazendo-o francamente bem. O primeiro passo foi a chegada à Europa em 2016 da Himalayan 400, uma moto Trail sem demasiada potência, mas extremamente funcional e muito versátil .
Depois de colocar em cena este modelo de características marcadamente europeias, em 2018 a Royal Enfield decide instalar em Birmingham o seu centro de desenvolvimento tecnológico, local de onde saíram as suas motos bicilíndricas Continental GT 650 e Interceptor 650, sobre as quais apenas temos ouvido críticas positivas desde a sua chegada ao mercado.
Entretanto há menos de um ano também as Royal Enfield Meteor e a Classic vieram juntar-se à família, ambas equipadas com um motor monocilíndrico de 349cc e com uma imagem retro característica que sempre tem acompanhado os vários modelos da marca.
Finalmente em maio deste ano chega também a nova Scram 411, moto que toma por base a a mecânica e a ciclística da Himalayan, mantendo intactas as suas funcionalidades, mas adotando uma imagem mais dirigida a um target mais jovem.
Tal como referimos, desde o aparecimento da Himalayan em 2016 que a Royal Enfield decidiu dar uma reviravolta na sua estratégia comercial para posicionar-se como uma marca mais focada num público global, tanto europeu como nos mercados emergentes asiáticos, nos quais a procura de motos de cilindrada superior vai crescendo, embora mantendo as suas características racionais e funcionais.
Royal Enfield Hunter 350 – uma moto urbana de desenho retro, muito prática e funcional
De facto essa é uma das principais razões que levou a marca a anunciar com pompa e circunstância o lançamento do seu ultimo modelo: a Hunter 350. Trata-se de uma moto na qual a firma indiana deposita muita confiança e com a qual pretende atingir o mercado asiático, razão pela qual o seu lançamento tenha decorrido na gigantesca capital Tailandesa, Bangkok, onde estiveram presentes numa primeira convocatória mais de 100 jornalistas internacionais e mais tarde outros cinquenta de países asiáticos.
A Hunter 350 exibe uma imagem clássica que nos faz lembrar inevitavelmente a Triumph Bonneville, sobretudo na sua versão bicolor, com o seu depósito mais estilizado, guiador despido, assento plano e umas proporções muito ao estilo das motos dos anos 60. No entanto se a compararmos com os restantes modelos da actual gama da Royal Enfield percebemos que a Hunter exibe um toque de modernidade, com um estilo próximo de uma Scrambler, muito na moda nos últimos tempos.
Um estilo que nos faz lembrar uma Triumph Bonneville
A Hunter está concebida para ser antes de mais uma moto prática. O assento está colocado numa posição baixa, a apenas 790mm do solo, o qual unido ao reduzidíssimo raio de giro e um peso de apenas 181 kg, nos facilita tremendamente todas as manobras realizadas no meio do trânsito. Aliás, talvez seja esta a sua maior virtude, a de nos esgueirarmos pelo meio do trânsito citadino. Em Bankok realizámos cerca de 250 Kms no meio de um trânsito caótico e não houve um momento em que sentíssemos pesada a condução da Hunter 350.
Não há espaço por onde não consigamos passar nem estrada que não possa enfrentar. O guiador é de duas alturas e garante uma posição dos braços cómoda e descontraída. De facto o triângulo ergonómico que forma com os poisa-pés e o assento está muito bem estudado.
A flexão dos joelhos a cerca de 90º garantem uma posição bastante cómoda a uma altura perfeitamente enquadrada com o depósito de combustível. O assento exibe um acolchoado muito confortável apesar de em algumas situações termos estado mais de duas horas seguidas em cima da moto.
A Hunter é uma moto espartana, sem floreados nem extras desnecessários
Não nos enganemos pois a Hunter não é uma moto da qual se pode esperar um grande desempenho, poiso seu motor debita apenas 20 CV de potência máxima. Trata-se de um motor simples, da série J da Royal Enfield, um monocilíndrico de 4 válvulas com refrigeração por ar, com apenas uma árvore de cames e duas válvulas.
De facto a única concessão de electrónica que encontramos é na injecção eletrónica e no ABS para a travagem, nada mais. Trata-se porém de uma mecânica de curso longo, a garantir um bom funcionamento nos regimes mais baixos do motor, com um excelente binário que nos permite circular com tranquilidade e sem notar qualquer vibração pois ainda dispõe de um eixo de equilíbrio.
Ao ralenti quase conseguimos contar os ciclos do piston de tão tranquilas e cadenciadas são as batidas que quase parece que o motor vai parar a qualquer momento, mas não. Parecem aquelas Harleys antigas ( vão-me crucificar por esta afirmação ) cujo motor tinha aquele trabalhar tão espaçado dos seus pistons, tão característico das mesmas e que apaixonava uma legião de fãs.
A posição baixa do assento, a potência disponível nos baixos regimes e a sua manobrabilidade, são cateristícas chave em cidade.
Recordo que num semáforo parei ao lado de um dos engenheiros da marca responsável pelo desenvolvimento deste motor, que é o mesmo que montam as Meteor e a Classic, e perguntou-me o que é que achava, e disse-lhe precisamente isso, que me dava a impressão de que parado o motor se iria abaixo a qualquer momento, como que a precisar de subir algo mais o ralenti.
Tranquilamente respondeu-e que não era preciso e que era precisamente este tipo de funcionamento que procurámos quando desenhámos o motor, e que funcionasse tal como os motores clássicos de antes, com uma boa resposta e uma sonoridade idênticas. E é isso mesmo que o motor faz… Tranquilo , com uma resposta firme até às 4.000 rpm, confirmadas no conta rotações que inclui, regime a partir do qual se nota algum esforço embora permita acelerar até às 6.000 rpm para aproveitar o máximo do seu rendimento.
A única eletrónica que tem é na injecção de combustível e no ABS.
No entanto e apesar de rudimentar é um motor que gosta que passemos caixa rápido. No tráfico da cidade o seu forte é acelerar à saída dos semáforos, passando a segunda velocidade e a terceira rapidamente, velocidade que nos permite rodar de forma fluida entre os 40 e os 80 Km/h.
Para aquele que como eu já andamos há muito tempo poderíamos comparar este motor com a aquele que em tempos montavam as Yamaha SR 250 na década dos 80 e 90. Dispõe de caixa de 5 velocidades e a velocidade de ponta chega a pouco mais dos 120 Km/h. Podemos por isso assumir que o seu forte é rodar nos baixos e médios regimes passando caixa para manter o regime do motor nos mesmos, ideal para rodarmos em ambiente urbano.
Fica claro que a Hunter é uma moto desenhada e pensada para uma mobilidade diária. Com um estilo retro muito atractivo e com equipamento que não pensa em luxos mas no sentido prático da condução. Os comando no guiador são por isso muito simples recordando motos de outras épocas, mas dadas as circunstâncias e as características do modelo, absolutamente coerentes com o mesmo.
No entanto e apesar da simplicidade da Hunter 350, encontramos no tablier para além de um conta Kms parciais conta com um indicador da velocidade engrenada num pequeno visor LCD no meio do manómetro principal. Opcionalmente podemos contar ainda com um navegador de estilo “curva a curva” que se pode emparelhar com o nosso Smarphone.
A Hunter 350 complementa as já conhecidas Meteor 350 e Classic 350
O chassi é totalmente novo comparativamente ao utilizado pelas Metor e Classic, sendo um duplo berço interrompido, especialmente desenvolvido pelos especialistas da Harris Performance, empresa adquirida pela Royal Enfield, e que dotaram a Hunter de extrema agilidade. Conta ainda com jantes de 17”, realidade pouco habitual na marca, já que a maioria dos modelos utiliza jantes de 18”, e uma distância entre eixos de apenas 1.370 mm.
O resultado final do teste que realizámos da Hunter 350 conclui precisamente aquilo que a marca pretendia, uma moto extremamente fácil de conduzir, com grande aptidão para circular no pior dos trânsitos em cidade e com um motor simples, indestrutível e que pela forma tranquila que nos incute na sua condução permite consumos que dificilmente superarão os 4 litros aos 100Kms.
Ainda sem preço final mas certamente a rondar os 5.000 euros a Hunter 350 deverá chegar ao mercado ainda este ano ou princípio de 2023. Na nossa opinião constitui uma excelente opção de mobilidade urbana e também com potencial para sairmos de fim de semana explorar novos lugares por estradas preferentemente nacionais, sabendo que se não a esforçarmos demasiado poderemos chegar ao fim do mundo cem vezes.
Cores disponíveis
SOLO + / Gostámos
- Ergonomia e estética retro
- Agilidade
- Resposta do motor a baixas
SOLO – / A melhorar
- Equipamento
Ficha Técnica
Motor tipo | 1 cilindro 4Trefrigeração ar/óleo SOHC 2V |
Diámetro x curso | 75,0 x 27,0 mm |
Cilindrada | 349 c.c. |
Potência máxima | 20,2 CV @ 6.100 rpm |
Binário máximo | 27 Nm @ 4.000 rpm |
Emissões CO2 | N.d. |
Alimentação | Injeção electrónica |
Arranque | Elétrico |
Caixa | 5 velocidades |
Embraiagem | Multidisco em banho de óleo |
Transmissão secundária | Corrente de o’rings |
Tipo chassi | Duplo berço interrompido em tubos de aço |
Geometría de direçãon | 25° e 96,4 mm |
Braço oscilante | Tubo de aço rectangular |
Suspensão dianteira | Forquilha de 41 mm e 130 mm de curso |
Suspensão traseira | 2 amortecedores de 102 mm c/ precarga de mola |
Travão dianteiro | Disco de 300 mm e pinça de 2 pistons, ABS de duplo canal |
Travão traseiro | Disco de 270 mm c/ pinça de 1 piston, ABS de duplo canal |
Pneus | 110/70 x 17” e 140/70 x 17” |
Comprimento total | N.d. |
Altura máxima | N.d. |
Largura máxima | N.d. |
Distancia entre eixos | 1.370 mm |
Altura assento | 790 mm |
Peso em ordem de marcha | 181 kg |
Depósito gasolina | 13 litros |
Garantía oficial | 3 años |
Importador | Motorien, SLU. |
Contacto | 214 307 520 |
Web | Royalenfield.com |
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