Estranhas criaturas

By on 15 Fevereiro, 2019

Ao longo dos anos, a configuração da moto passou por inúmeras variantes, a maior parte experimentais e que não conheceram continuidade. Excêntricos com mais tempo que bom senso, inventores em busca de fama ou engenheiros em busca da solução técnica seguinte adaptaram motores de automóvel, de avião, náuticos, ou até outras criações originais a ciclísticas que nalguns casos, podiam apenas ser descritas vagamente como uma moto.

Veja-se o caso da roda e pneu gigante que gira em torno de todo o conjunto motor/depósito/assento e que transporta o condutor no seu interior, e que já foi revisitada em versões modernas.

Cada configuração, se solucionava alguns dos problemas que o criador à partida tinha tentado resolver, obviamente criava outros ainda maiores e mais inultrapassáveis. Se o objetivo final era criar um veículo de espantar, com fator ahhhh!, a experiência até podia dar-se por bem sucedida nesse aspeto, mas em termos de veículos práticos, suscetíveis de ser postos em produção em massa, a história já era outra…

Ford V8 numa moto? No problem, desde que seja pintada de preto…

Adaptar um propulsor V8 de carro a uma moto? Já foi feito muitas vezes, veja-se esta Honda cujo criador escolheu uma solução transversal, ou a adaptação do inevitável Ford V8… impressionante, se não se importarem de ter 450 Kg debaixo, ou de destruir o pneu traseiro em 200 metros com qualquer aceleradela intempestiva…

Diesel? Já foi feito também, por sinal da Índia onde há mesmo uma versão a gasóleo das Royal Enfield. Mais uma vez, considerações de peso/volume versus desempenho desencorajaram a solução de ter uma aplicação séria massificada.

Por vezes, o que se procurava era apenas a originalidade, o estranho, ou por outro lado adotar um propulsor que, pela sua abundância numa qualquer sucata, pusesse a criação ao alcance de qualquer um equipado com as capacidades básicas de engenharia por poucos dólares…

Vapor? Também já foi tentado

Motores de VW carocha, boxers da Citroen, motores compactos como os quatro em linha dos Mini ou Hillman Imp, foram adaptados a ciclísticas consideradas de excelência, como montagens Norton ou BSA. Até reatores a jato foram adaptados a motos, jogando tanto com a temeridade do eventual condutor como com as suas capacidades mecânicas…

A Qasar no seu ambiente natural… o Museu

A maioria não passou de curiosidades de feira, mas destaquem-se as criações “pés à frente” do engenheiro Inglês Tony Foale, um especialista em ciclísticas dos anos 80 e 90 que criou uma espécie de veículo que só poderíamos descrever como um carro, com proteção para o condutor e para-brisas, mas com as rodas em alinhamento longitudinal como uma moto.

Claro que a BMW transferiu o conceito para uma aplicação prática, a scooter C1, mas a aceitação do público foi morna, para dizer pouco… um caso de cedo demais, talvez?

Enfim, nos últimos tempos, a procura de motorizações alternativas, nomeadamente elétricas, tem desviado as atenções das geometrias ou soluções alternativas… mas decerto no futuro estará tudo em aberto, neste capítulo também…

 

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