Posicionada algures entre a 900 DSX e a 525 DSX surge agora esta Voge 625 DSX, uma aventureira a prometer momentos de glória, na estrada ou fora dela. Inclui tudo aquilo a que temos direito, com margem para algumas surpresas… como o preço.
POR ANTÓNIO AMORIM • FOTOS VOGE ESPANHA
A marca premium do Grupo Loncin continua a dar cartas. Desta vez reforça a sua gama “crossover” de média cilindrada com a Voge 625 DSX, posicionada entre a 900 DSX e a quase igual 525 DSX. Mais uma proposta tentadora, que convence bastante na relação preço-equipamento mas acima de tudo no preço-qualidade. São 6592 euros por uma moto perfeitamente capaz de nos levar onde bem entendermos, a solo ou a dois.

Face à 525 DSX, a nova 625 DSX propõe uma aparência ligeiramente mais encorpada, uma suspensão bastante mais sofisticada, com regulações em três vias (compressão, expansão e pré-carga) em ambos os eixos e, claro, uma versão de cilindrada aumentada (581 cc) do mesmo motor, aqui a debitar 63 cv de potência e um binário máximo de 57 Nm às 6500 rpm. Temos portanto mais moto para viagens maiores e por todo o tipo de caminhos, mas por um acréscimo de apenas 700 euros.
Motor encorpado

Falamos de um motor de dois cilindros paralelos com cambota a 270 graus. Ou seja, com um cilindro a um quarto de volta do outro, imitando o funcionamento de um V-Twin a 90 graus, para uma entrega de torque mais constante ao longo das faixas de rotação e uma sonoridade muito agradável e entusiasmante. Injeção eletrónica, cabeça multiválvulas e um veio contra-rotativo asseguram uma entrega refinada e suave da referida força, com pouca vibração nos regimes baixos e intermédios, alguma a persistir nas mais altas rotações, onde a 625 DSX se dá muitíssimo bem em termos de rendimento e, acima de tudo, consumos, que na nossa experiência pelas estradas de Valência nunca foi além dos 4,6 litros, sempre a puxar por ela e mesmo incluindo um troço de estradão de terra. Nesta situação, a robustez estrutural da 625 DSX é uma constante e a sofisticação tecnológica asseguram um bom controlo com certas doses de divertimento, dentro das limitações de um conjunto de jantes que não vão além das 19 polegadas na frente e 17 polegadas atrás.
A Voge 625 DSX exibe na frente uma forquilha invertida Kayaba, com 41 mm de diâmetro e um curso de 174 mm, que aceita o asfalto com mais naturalidade do que a terra, apesar de tão elevado rebatimento. Atrás temos um monoamortecedor com depósito externo, ajustável na pré-carga e com 180 mm de curso. A altura livre ao solo de 220 mm também nos ajuda a encarar com certa descontração aquele caminho de cabras que nos leva mais diretamente à praia. Os pneus de série Metzeler Tourance asseguram boa tração, mas o efeito principal cabe às diversas soluções, físicas e eletrónicas típicas de uma moto de off-road aqui presentes. Destacamos a possibilidade de desligar tanto o ABS traseiro como o controlo de tração, cada um com o seu botão direto no punho esquerdo, assim como a sempre reconfortante presença (de série) das sólidas e envolventes mas discretas “crash-bars”, das proteções de mãos, essenciais para defender tanto os nossos dedos e pulsos como as manetes num eventual (e tão frequente) descuido nestas andanças.

Destaque ainda para a proteção de cárter em alumínio e ainda para a própria robustez e beleza das jantes “tubeless” de raios cruzados, douradas na versão Black Knight que conduzimos. Existe também uma bela versão amarela (Desert Sand) que casa bastante bem com a aparência empoeirada e enlameada dos ambientes para os quais a Voge 625 DSX também foi concebida. A condução de pé está especialmente facilitada, graças aos vastos pousa-pés com borrachas amovíveis e o pára-brisas pode ser regulado em duas posições com um só movimento com uma mão, difícil em andamento, mas rápido e fácil numa breve paragem sem necessitarmos de saltar fora da moto. Convém no entanto esclarecer que, mesmo na posição mais elevada, as estaturas mais altas terão de lidar com vento moderado a forte na zona da cabeça.
Fácil e sofisticada

Com os seus meros 830 mm de altura do assento ao solo a Voge 625 DSX é uma moto fácil e acessível para utilizadores de média estatura, um pouco acanhada para percentis superiores. Até os dedos mais curtos facilmente controlam as manetes, já que ambas têm regulação, sendo de destacar a extrema leveza de operação da embraiagem. Também muito acolhedora para um segundo ocupante, tem um assento largo e confortável sob o qual se esconde o cartão de memória (SSD) para alimentar a ação constante de uma pequena câmara frontal que grava em contínuo, tanto imagem como som. Uma solução habitual nesta marca e que pode ser de grande utilidade tanto para gravarmos aqueles momentos únicos de uma evasão pelo meio da serra, como para a eventualidade de um qualquer incidente onde a imagem possa ser usada como prova para nossa defesa.

Outro elemento incluído no preço é a grade porta-bagagens, que pode receber um opcional conjunto de três malas “by Loboo” de alumínio e tampa superior, que no total permitem arrumar 99 litros de objetos, tudo por apenas 998 euros. Uma solução que casa na perfeição com o design da moto e que cria o pacote perfeito para uma viagem a dois por vários dias, até porque o depósito de combustível tem uma capacidade de 17,6 litros, evitando reabastecimentos constantes. Mas não acabam aqui os detalhes que tornam a Voge 625 DSX uma moto completa e extremamente tentadora tendo em conta o que custa. Os botões são retroiluminados num atraente tom de azul, algo muito útil de noite e que contribui para a aparência cara da moto chinesa.

O mesmo se pode dizer do grande painel de instrumentos LCD com tecnologia IPS (agora também presente na 525 DSX), de cores bem vivas, grafismo claro e arrumação cuidada. É de excelente leitura e anti-reflexos e podemos nele controlar os dois modos de condução “E” ou “S”, verificar a pressão dos pneus, as médias de consumo, a temperatura exterior, a mudança engrenada e, claro, a velocidade e o conta-rotações em destaque. Permite ainda visualizar o sistema de navegação turn-by-turn e assegura conectividade com o telemóvel via “bluetooth”. De cada um dos lados, em posição óbvia encontramos uma tomada USB e outra 12V. Brilha também a iluminação full LED com faróis auxiliares integrados e os bonitos piscas de efeito crescente. Parece haver sofisticação em tudo nesta moto feita por quem conhece os pequenos detalhes que qualquer motociclista realmente aprecia. Nem sequer faltam as válvulas dos pneus em cotovelo, para facilitar a verificação da pressão sem termos de enfiar o bico da bomba de ar por dentro dos raios. Tudo bem desenhado, refinadamente acabado e solidamente construído.
Moto de precisão

Pilotar a Voge 625 DSX é uma experiência de casamento perfeito “Homem-Máquina”, com esta a descrever as trajetórias com um nível de obediência que parece diretamente ligada ao nosso cérebro. A sonoridade rouca do escape espicaça o entusiasmo e a leveza dos comandos coloca-nos um sorriso nos lábios. A caixa de velocidades é macia e precisa, com o escalonamento certo para aproveitar cada um dos 63 cavalos. Gostámos (muito) mais do travão traseiro, potente e doseável, embora à frente também contemos com um bom conjunto Nissin de dois discos com 298 mm de diâmetro, mordidos por pinças de duplo pistão, enquanto atrás temos um disco de 240 mm com pistão simples.
Mesmo puxada até aos seus limites em diversas situações a Voge 625 DSX que testámos por terras espanholas nunca foi além dos 4,6 litros aos cem. As emissões de CO2 ficam-se pelos 89 gramas por km, obedecendo à norma de emissões Euro 5Plus. Para quem tiver apenas a carta A2 a marca disponibiliza ainda uma versão restrita aos 47,6 cavalos (35 kW).
Conclusão

A Voge 625 DSX já está disponível em Portugal, apenas 700 euros mais cara que a versão abaixo, mas oferece mais 15 cv de potência pesa o mesmo (206 kg) e exibe uma vocação mais óbvia para o fora-de-estrada. Continua a ser uma moto muito fácil, completa e surpreendentemente bem construída e desenhada. Um produto onde não é fácil apontar defeitos, com garantia de cinco anos, mostrando até que ponto a indústria chinesa começa a ter a maior parte dos trunfos nas suas mãos.
FICHA TÉCNICA
VOGE 625 DSX
Motor: Bicilíndrico a 270º, injeção eletrónica, refr. líquida, veio de equilíbrio
Distribuição: Duas árvores de cames à cabeça, 4 válvulas
Cilindrada: 581 cc
Potência Máxima: 63 cv às 9000 rpm
Binário Máximo: 57 Nm às 6500 rpm
Versão limitada A2: Sim
Caixa: 6 velocidades
Quadro: Estrutura tubular em aço
Suspensão Dianteira: Forquilha invertida Kayaba de Ø41 mm, totalmente ajustável
Suspensão Traseira: Mono-amortecedor, ajustável
Travão Dianteiro: 2 discos de 298 mm, pinças Nissin, ABS
Travão Traseiro: Disco de 250 mm, pinça Nissin, ABS desligável
Pneu Dianteiro: 110/80 – 19”
Pneu Traseiro: 150/70 – 17”
Distância entre eixos: 1460 mm
Altura do Assento: 835 mm
Peso: 206 kg
Depósito: 17,6 litros
Consumo: 4,6 l/100 km
Garantia: 5 anos
Importador: Voge Ibérica
PVP: 6592€
PONTUAÇÃO
VOGE 625 DSX
Estética 4
Prestações 4
Comportamento 4
Suspensões 3,5
Travões 4
Consumo 3,5
Preço 4,5