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Mototurismo: Uma louca viagem ao Cabo Norte no Inverno – 2ª Parte

By on 11 Abril, 2022

“As cores da Aurora Boreal são reais? Quão mais fria poderia ser a sensação nas motos? E se simplesmente desistirmos e voltarmos…?”

À medida que o casal de aventureiros se aproximava do ponto mais setentrional do continente europeu, a viagem prosseguiu por intermináveis estradas cobertas de neve, a visibilidade era quase nula e as dúvidas sobre o percurso multiplicavam-se. Mas isso não impediu Tugce e Fatih de prosseguirem a sua aventura invernal em direção ao Cabo Norte.

A caminho do objetivo final

“À medida que seguiamos de moto por vários países em direcção ao Cabo Norte, a temperatura começou a descer, e a chuva transformou-se em neve. Apesar das condições de congelamento, ambos nos propusemos ao objectivo final, de alcançar a parte mais setentrional da Europa continental nas nossas motos durante o Inverno. E com esse objectivo principal em mente, a cada quilómetro percorrido ia ficando mais próximo o objectivo final.

Durante o caminho, fizemos uma paragem nocturna na capital da Estónia, Tallinn. Tudo parecia óptimo até sair do nosso albergue na manhã seguinte para ver a minha KTM 690 R deitada de lado na neve. Durante a noite, a neve derreteu sob o suporte lateral e, com a ajuda do vento frio, a moto acabou por cair no chão. A queda tinha provocado a quebra do pára-brisas, um problema que tivemos de resolver antes de voltarmos à estrada.”

“Para continuar para norte, apanhámos o ferry de 2,5 horas de duração de Tallinn para Helsínquia. Quando os portões do ferry abriram em Helsínquia, ficámos chocados com o que vimos. Com as estradas cobertas de neve profunda e o vento gelado a martelar as nossas motos e corpos, as condições não eram de todo favoráveis para andar de moto. Isso fez com que o trajeto de 15 quilómetros até à loja onde íamos recolher e instalar os pregos nos pneus, se tornasse um pesadelo. Apesar as estradas serem totalmente inadequadas para andar de moto, tínhamos das atravessar para chegar à loja. Na saída da auto-estrada e com velocidades bastante baixas, ambos deixámos cair as nossas motos. Estamos ambos bastante habituados à sensação de perder o controlo e largar a moto enquanto andamos fora da estrada, mas ter essa sensação no asfalto é uma história completamente diferente!

Assim que chegámos à loja, deixaram-nos trabalhar na área de serviço e instalámos mais de 500 pregos em 2 horas e 15 minutos. Agora com os pregos e as viseiras aquecidas, estávamos melhor preparados para a última parte do dia de viagem. À espera que a tempestade de neve passasse, decidimos ir para o nosso hotel e agarrámos a oportunidade de fazer uma visita turística a Helsínquia. Assim que o tempo se acalmou em Helsínquia, fizemos a estrada para o norte. À medida que avançávamos, a parte visível do alcatrão ia ficando cada vez mais pequena. Quando chegámos ao Círculo Árctico, não havia qualquer sinal de pavimentação. Estava 100% coberto de gelo!  Apesar das condições serem muito hostis, ambos começámos a desfrutar da aventura através desta terra branca de neve. Deixámos toda a multidão para trás e começámos a pensar que estávamos sozinhos até nos depararmos com algumas raposas e renas. Foi maravilhoso, ver a vida selvagem enquanto andavamos de moto.”

Nos territórios inexplorados da Lapónia

“Quando a temperatura baixou para 5 graus negativos, decidimos adicionar os fatos laranja que comprámos em cima do nosso equipamento. Com estes fatos cor-de-laranja vestidos, acho que podemos ser visíveis da lua… mas o mais importante é que ambos nos sentimos muito mais quentes. Navegar pelas intermináveis estradas brancas, tornou-se lentamente divertido, e à medida que prosseguiamos começámos a ficar mais confiantes, mantendo o nosso foco na estrada continuamente. Após algumas horas a rodar nestas condições, arriscamo-nos a ficar hipnotizados pelo ambiente monótono. Se não se der uma pausa, tudo começa a parecer o mesmo e já não se consegue reconhecer as mudanças na superfície da estrada.

Em motos e trajes cor-de-laranja a caminho das saunas escandinavas

Embora os pregos para a neve estivessem a funcionar bem, também precisámos de baixar a pressão dos pneus algumas vezes para melhorar a aderência. O terreno muda tão frequentemente que por vezes os pregos dos pneus não são a escolha ideal. As fortes tempestades e a queda de neve dificultam a condução com os pregos. E estando nós longe do nosso destino final, percebemos que precisávamos de dar um passo de cada vez. Sabendo que as condições acabarão por se tornar mais complicadas, preparámos correntes para pneus. Lenta e cautelosamente iamos-nos movendo no terreno nevado com velocidades que mal ultrapassam os 40 km/h, as correntes para pneus funcionaram bastante bem para nos ajudar a enfrentar o caminho para norte.

Uma vez habituados ao ambiente hostil, começa-se a apreciar tudo o que aparece à nossa volta, desde os lagos congelados até às pequenas colinas com grandes vistas sobre os vales brancos. Nas nossas breves paragens nocturnas, fomos experimentar as famosas saunas escandinavas. Mesmo quando está -15 graus lá fora, as saunas locais são uma delícia para revogorar o corpo nesta nossa louca experiência.

A chegar ao Nordkapp

Algures pelo caminho e após alguns dias muito frios de viagem, a escala de todo o esforço torna-se mais clara. Para nós, esta foi a nossa primeira vez a rodar em tais condições, e acho que isto tornou tudo mais difícil. Mas estávamos ambos preparados, física e mentalmente para o desafio, e isto transforma os desafios em experiências. Ficámos contentes por termos dado início a esta emocionante aventura, e fomos capazes de desenvolver novas capacidades. Atingir o Círculo Árctico em condições de Inverno foi o nosso primeiro marco e o ‘Nordkapp’ viria a seguir. Um destino muito popular para os motociclistas, para nós o Nordkapp tornou-se o objectivo final onde todos os nossos esforços seriam recompensados, um ponto que continuava a dar-nos a oportunidade de melhorar as nossas competências e aprender.

Usando a experiência de viagens passadas, ficou para nós claro que esta viagem em direcção ao Cabo Norte não era uma corrida contra-relógio. Determinados a chegar aos nossos destinos finais, aceitámos as mudanças de temperatura à medida que chegavam e aprendemos a respeitar o ambiente hostil. Tomar os descansos necessários ao longo do caminho, foi também crucial para nos ajudar a continuar em direcção ao norte. Só rodámos continuamente durante longas horas quando achámos que era sensato fazê-lo. Para qualquer viagem como esta, temos de estar preparados para sermos flexíveis com os nossos planos. E quando as condições começam a ficar cada vez mais difíceis, em vez de perder a tua motivação, tens de manter o foco no objectivo final e desfrutar do processo.

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