O futuro do design na moto: simples, tecnológico e orgânico
Novas tecnologias implementadas, materiais inovadores e cada vez mais “verdes” são as novas tendências… Como o design da moto mudou nos últimos anos? E o que devemos esperar nos próximos anos?
Nas décadas de 1980 e 1990, o mundo abriu-se para a globalização e os regimes totalitários foram caindo um a um, sob a pressão de uma mudança no estilo de vida e nos gostos. E isso também se refletiu no design dos meios de transporte, com um salto rápido de linhas quadradas e claras para formas suaves e afiladas, juntamente com uma técnica cada vez mais focada em fornecer prazer e performance.
No entanto, os primeiros anos do novo milénio, não apresentaram o mesmo efeito mágico, e a crescente disseminação das duas rodas no mundo (combinada com curtos períodos de forte crise económica) levou a sacrificar a criatividade dos designers visionários ao pináculo da eficiência da produção, da evolução eletrónica e da economia de escala.
Na Aprilia Moto 6.5, o famoso arquitecto Philippe Starck colocou a estética antes da funcionalidade. Não foi perfeito e não foi um sucesso na época, mas foi um primeiro passo para o estilo minimalista hoje tão em voga
Prever como será o estilo das motos do futuro tornou-se mais difícil, mas temos todos os elementos para entender em que direção vamos, e a partir de onde as próximas modas estilísticas nas duas rodas serão inspiradas, olhando sobretudo para a evolução do mundo automóvel. Então, o que devemos esperar nos próximos 10 ou 20 anos?
GRUPOS ÓPTICOS E DRL
Parte do design das novas motos pode se desenvolver em torno dos grupos ópticos, que graças à tecnologia LED, agora disponível em todas as faixas de preço e gamas, dará aos designers a oportunidade de ceder muito mais do que no passado. É uma evolução já em vigor há algum tempo, mas o próximo passo certamente estará ligado à difusão de indicadores de direção sequenciais, luzes diurnas (DRL) com “sinal de boas-vindas” e aplicação da tecnologia OLED de última geração, como já está a acontecer no mundo dos carros. Nos últimos dias a Audi apresentou o Q5 com faróis traseiros para telas OLED com gráficos configuráveis. Imagine-se a aproximar-se da sua moto com as chaves no bolso e vê-la ligar os faróis com a iluminação progressiva dos LEDs para criar uma espécie de design de luz. É uma tecnologia que já existe e que não tardará a chegar às motos.
RADARES QUE DIFICILMENTE COMBINAM COM A ESTÉTICA
Este será o verdadeiro desafio estilístico dos próximos anos. Os radares dos controles eletrónicos de condução são uma realidade das quatro rodas que estão a chegar ao mundo das motos – a nova Ducati Multistrada V4, assim como a BMW R 1250 RT já os empregam, mas depressa se irão disseminar pelas marcas japonesas, americanas e até asiáticas.
Tal como nos primeiros anos de aplicação nos automóveis, os radares têm o problema de serem quadrados de plástico simples que dificilmente combinam com qualquer tipo de design moderno. Nas quatro rodas, após as primeiras e mal conseguidas tentativas de integração em grelhas e pára-choques, chegou-se a uma camuflagem astuta nas partes baixas e ocultas da frente dos carros – onde o olho não cai com frequência – enquanto nas motos a tarefa é mais difícil, tendo menos superfície corporal em que trabalhar.
A Ducati foi a primeira, com a recém-apresentada Multistrada V4, a experimentar a nova tecnologia com uma integração bastante satisfatória na frente, mas isso dá que pensar o quanto mais perfeito teria sido sem se integrar no meio dos faróis e, atrás, acima da placa. Muito em breve, veremos como este desafio será encarado por outros construtores.
OS ESPELHOS RETROVISORES VÃO DESAPARECER?
Não colocaríamos a mão no fogo neste ponto, mas tudo indica que no futuro vamos passar a ter sistemas com câmaras em vez de espelhos retrovisores, mesmo sobre duas rodas. Os profissionais estão, sem dúvida, ligados à possibilidade de ter uma visão mais ampla e regular do que acontece atrás de nós, sem depender de espelhos com uma forma irregular e que refletem em parte os nossos ombros tirando visibilidade e criando perigosos pontos cegos.
Os contras da aplicação de câmaras estão relacionados com a forma como essas telas serão adaptadas à visão do condutor. Serão integrados à instrumentação (com a obrigação de olhar para baixo) ou substituirão os retrovisores na sua própria posição? E com que resultados estéticos? Haverá implementações do Head Up Display dentro do capacete? A confusão ainda é muita sobre este tema, mas não vai demorar muito até termos respostas concretas.
MOTOS BIOLÓGICAS
Estamos no meio de uma revolução ambiental, e a sustentabilidade também passa por novos métodos de produção, elementos feitos a partir de fibras naturais e novos processos industriais com materiais reciclados e fontes renováveis.
Prepare-se para ouvir cada vez mais falar sobre bioplásticos, fibras de algodão, bambu, celulose, biocompositos e madeiras de vários tipos, até na produção de motos. Isso também levará a novas texturas e cores de sobrestruturas e carenagens, que dão a percepção de um design mais orgânico e em consonância com a evolução para um futuro mais limpo, não apenas para as motos elétricas.
LINHAS LIMPAS E MENOS COMPLEXAS
Falando em termos de design puro e como será a estética como um todo, temos observado há alguns anos quantos vão pesquisar nas formas de motos vintage de linhas limpas e simples cuja forma se foi perdendo ao longo dos anos. Linhas robóticas, ailerons, frontais agressivos ainda serão peculiaridades de muitos modelos, especialmente os mais desportivos, mas serão as linhas simples e uma onda de conceitos como o minimalismo do “menos é mais” que neste período vão mudando os hábitos de vida de muitos e também o design do mundo automóvel. Vejam por exemplo os interiores do Tesla ou linhas simples, mas neo-retro como o Honda E, e vão perceber do que falamos.
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