A marca planeia grande investimento no crescente mercado das 350-500, segundo o Presidente Toshihiro Suzuki

Executivos da marca japonesa insinuaram recentemente novos planos para motos de baixa cilindrada, provavelmente para combater a concorrência chinesa.
A Suzuki pode estar a preparar-se para entrar no mercado das motos de 350-500cc, que está em rápida expansão, com a popularidade de modelos acessíveis e com postura ereta a continuar a espalhar-se pelos mercados europeu e asiático.
Em declarações recentes, o presidente da Suzuki Motor Corporation, Toshihiro Suzuki, e o diretor geral de Marketing e Planeamento de Motos, Akira Kyuji, durante o recente Salão de Milão EICMA revelou a chegada da SV-7GX, uma sport-touring de média cilindrada com motor V-twin, revitalizando o seu motor bicilíndrico em V de 645cc, lançado em 1999, e entrando diretamente na disputa com a gama Tracer 7 da Yamaha.
“É um segmento onde os produtos estão a tornar-se cada vez mais populares entre os clientes”, disse Akira Kyuji, quando questionado sobre a entrada no segmento de menor cilindrada. “Claro que, para fabricantes como nós, precisamos de investir nisso. Se houver procura por parte dos clientes, devemos investir nisso”.

A Suzuki já produz um motor monocilíndrico de 398 cc com injeção eletrónica para as suas trail DR-Z4S e supermoto DR-Z4SM, que poderá ser adaptado para outras aplicações com alguns ajustes internos.
A potência é já de 37,5 cv, adequada para a categoria A2, e cumpre os mais recentes padrões Euro 5+.
“A procura por motociclos de 350 a 500 cc está a tornar-se cada vez mais popular, e não apenas na Europa”, admitiu Kyuji – afirmando que mercados como a China também registaram um grande aumento na procura de máquinas desta dimensão devido às alterações na legislação.
Na Europa, o aumento de motos mais pequenas e mais fáceis de conduzir tem sido evidente. No Reino Unido, por exemplo, as estatísticas divulgadas pela Associação da Indústria de Motociclos (MCIA) no início deste mês mostraram que foram registadas 1.416 motos de 126 a 500 cc só em outubro de 2025 – o segundo número mais elevado para o período, apenas atrás do segmento de 51 a 125 cc. A recém-lançada BSA Bantam 350, com um preço de 3.499 libras, foi também a “clássica moderna” mais vendida de todas as cilindradas em outubro de 2025, com 87 matrículas. Aliás, foi também a moto mais popular entre as 126 e as 500 cc.
Em Portugal, de janeiro a outubro de 2025, segundo números da ACAP, tinham-se registado quase tantas motos até 125cc como acima em todas as cilindradas – cerca de 19.200 contra 20.800, o que aponta basicamente à mesma tendência.
Em todo o mundo, a popularidade das motos de menor cilindrada é mais evidente nas vendas de marcas como a Royal Enfield, além de outras como a Triumph, BMW e KTM, que estabeleceram parcerias com marcas indianas nos últimos anos para produzir modelos de menor cilindrada, mais acessíveis a muitos mercados fora da Europa.

Só a Royal Enfield produz uma gama de motos monocilíndricas de 350 e 450 cc, para além das maiores bicilíndricas de 650 cc.
Há apenas 25 anos, a empresa fabricava cerca de 30.000 motos por ano e corria o risco de falir. No entanto, o seu último ano fiscal, que terminou a 31 de março de 2025, registou a produção de 1.009.900 motociclos nos 12 meses anteriores – um aumento de 11%.
A própria Suzuki já tem laços com o fabrico de motociclos na Índia, tendo produzido mais de nove milhões de motociclos no país desde 2006 – tanto para o mercado interno como para o internacional. No dia 20 de maio deste ano, realizou-se a cerimónia de inauguração de uma nova fábrica em Kharkhoda, no estado de Haryana, com previsão de abertura com uma capacidade inicial de 750.000 unidades por ano.
Muitas destas novas motos naked acessíveis foram produzidas com um toque retro – explorando a história da marca e os modelos anteriores de menor cilindrada. Quando questionado se a Suzuki consideraria apoiar-se ainda mais na sua herança, Kyuji acrescentou: “Não podemos partilhar planos para modelos futuros. Mas a procura é a procura, e penso que o nosso trabalho é procurar satisfazê-la.”

Para além das motos de menor cilindrada, o presidente da Suzuki, Toshihiro Suzuki, reconheceu a rápida expansão do fabrico de motos na China – algo evidente no Salão de Milão, com novos modelos impressionantes, concepts inovadores e uma onda de novos fabricantes prontos a conquistar mercados como o europeu.
“Visitámos algumas marcas chinesas no Salão e, sim, o seu progresso é rápido, por isso não podemos esperar. Precisamos de dar um passo em frente”, admitiu o presidente. “Acreditamos que há algumas funções de design que precisamos de aprender com a China.”
O bicilíndrico em V de 650 cc continua vivo, pois apesar de agora também produzir uma linha de motores bicilíndricos paralelos de 776 cc com cerca de 82 cv e uma cambota de 270 graus, os executivos da Suzuki optaram por continuar a atualizar o seu motor V-twin de 645 cc, agora com 26 anos, para equipar a nova SV-7GX, que chega em 2026.
“Tecnicamente, um bicilíndrico paralelo com um ângulo de 270 graus pode oferecer um desempenho quase igual ao de um V-twin, mas a vantagem do motor em V é a compactação interna”, disse Akira Kyuji, da Suzuki. “A nossa filosofia é fabricar motos com assentos mais baixos”, acrescentou.
“Acredito que a vantagem do motor V-twin é simplesmente o tamanho da moto. Esbelta e compacta.”
O motor atualizado vem agora equipado com acelerador eletrónico (ride-by-wire) e quickshifter para cima e para baixo. Questionado se esta poderia gerar outra SV650, e possivelmente uma variante S mais desportiva, o presidente da empresa, Toshihiro Suzuki, concluiu: “Este motor V-twin é uma espécie de tesouro para a Suzuki, por isso queremos preservá-lo e utilizá-lo da melhor forma possível, porque outros fabricantes não o possuem.”
















