Ensaio Honda Africa Twin Adventure Sports – A “Super Africa Twin”
A convite da Honda Motor Portugal viajámos até à Província de Granada, em Espanha, para testar a nova e entusiasmante Africa Twin Adventure Sports. Desde a sua apresentação em Milão, durante a EICMA 2017, que a expectativa criada sobre a mesma era imensa já que os seus atributos revelavam uma Africa Twin super dotada e capaz de nos levar a qualquer lugar no mundo.
A previsão do tempo era de temperaturas próximas dos zero graus e iríamos rodar em alguma estradas perto de Sierra Nevada que teriam inclusivamente neve. À chegada a Granada esperava-nos no exterior, junto à recepção do Hotel , uma belíssima Adventure Sports, como que a dar-nos as boas vindas e a confirmar de quem seria a nossa companheira nos próximos dois dias.
Pudemos no local e de imediato confirmar o belíssimo resultado obtido nesta conjugação de cores, alusiva ao 30º aniversário da icónica XRV 650, com o seu quadro em branco e a pintura tricolor em dois tons de azul e vermelho sobre fundo branco, onde sobressaía no depósito o grafismo relativo à celebração do referido aniversário.
De imediato notámos também a sua altura ao solo, a deixar-nos algo preocupados relativamente a manobras a baixa velocidade e em situações em que o equilíbrio viesse a necessitar de algum apoio de pé. Os 920mm de altura do banco plano poderia no entanto ser regulado para uma posição inferior ficando nos 900mm, continuando a ser ainda alta comparativamente com os 870/850mm da sua versão standard.
Outro pormenor que nos saltou de imediato à vista foi o do seu painel LCD de informação que, ao contrário da versão normal de 2017 que era dividido em duas secções, este é agora um painel único com excelente visibilidade e que concentra toda a informação. Aliás no parque de motos disponíveis para ensaio, que integrava para além das duas versões da Africa Twin Adventure Sports, a normal e a com caixa DCT, também versões Standard da Africa Twin 2018, pudemos comprovar que todas as versões integram este ano o mesmo painel LCD único de informação.
A vantagem, para além de esteticamente mais apelativa, revelou-se no segundo dia quando rodámos em Off Road, em percursos com muito pó onde sempre que era necessário limpar o painel LCD, bastava apenas uma passagem de luva do topo à sua base para que o mesmo voltasse a ter a boa leitura necessária.
O dia seguinte à chegada seria o de primeiro contacto com a Adventure Sports e os organizadores, para além de elementos da própria Honda Europa, integravam também responsáveis do Concessionário local que, conhecedores da sua região, nos tinham preparado “dois dias de aventura” segundo nos comunicaram… ou seja, que não seria apenas um teste mas sim uma experiência inesquecível aquilo que nos tinham preparado para os próximos dias.
Com a promessa de uma aventura inolvidável iniciámos o primeiro dia com a apresentação formal do novo modelo onde se destacaram algumas características que referenciam e diferenciam a nova Adventure Sports da versão normal.
O sistema de aceleração Ride-by-Wire foi agora incorporado nas Africa Twin de 2018 garantindo maior suavidade e maior controle na entrega de potência do motor. Graças ao Ride-by-Wire a Africa Twin integra agora também a nível da sua electrónica 4 modos de entrega de potência, Tour, Urban, Gravel, estes três modos pré-configurados por sua vez condicionam também o travão de motor e o controlo de tração e o quarto modo “User” onde podemos personalizar todos os parãmetros.
Na versão normal da Adventure Sports existe a possibilidade de optarmos por incluir o sistema “Quick Shift” que permite a troca de velocidades sem uso de embraiagem, estando o sistema dotado inclusivamente de um “Blip” de acelerador automático que facilita as mudanças de caixa.
Na versão com caixa automática DCT houve também uma evolução em relação à caixa DCT de 2017 sendo que esta nova versão garante uma maior suavidade na entrega de potência sobretudo a baixa rotação. Esta realidade permite um maior controle da moto sobretudo em manobras a baixa velocidade pois a versão anterior tinha um efeito de acelerador tipo “on-off” que provocava alguns desiquilíbrios inesperados a quem não estivesse realmente habituado.
Primeiro Contacto
Saímos a rodar numa versão DCT para enfrentar os 190 Kms de estrada que nos tinham preparado com situações variadas, desde auto-estrada a percursos de montanha e alguns ainda em estradas ladeadas de neve e com temperaturas próximas dos zero graus. O primeiro que fizemos foi baixar precisamente o banco para a posição inferior pois a altura da Adventure Sports, apesar dos meus 1,80m, não nos deixava confortáveis nem tranquilos.
Mas assim que arrancámos com a mesma, de imediato notamos uma evolução notória na suavidade da caixa DCT, ficámos perfeitamente à vontade muito graças ao maior controle da moto a baixa rotação e a baixa velocidade, por entre os carros na cidade de Granada, mas também pela sensação de equilíbrio que sentimos graças a uma perfeita distribuição de massas.
A posição de condução é perfeitamente natural e bastante cómoda, com o volante alto e mais chegado ao piloto que permite inclusivamente uma posição de condução em pé sem demasiado peso sobre a roda dianteira, e o banco, plano na sua concepção original e estreito ao nível dos joelhos, bastante cómodo sem apresentar a rigidez típica das motos mais todo-o-terreno, garantindo assim conforto extra em longas tiradas.
Relativamente à autonomia este é um dos aspectos onde a Aventure Sports difere da versão normal da Africa Twin já que o seu depósito com 24,2 litros de combustível, tem praticamente mais 5 litros que a versão normal garantindo, segundo o fabricante, uma autonomia de cerca de 500 Kms, ou seja, um consumo perto dos 5 litros aos 100Km em condução normal.
Em andamento rápido em estrada notamos a maior proteção ao vento proporcionada pelo novo vidro frontal que é cerca de 8 cm mais alto que na versão normal mas que lamentavelmente não permite ajustes. Para a minha estatura estava perfeito mas imagino que para pilotos de diferentes estaturas seria recomendável incluir a opção do seu ajuste .
O som do motor da Adventure Sports está agora “ampliado” graças a uma nova panela de escape mais curta e que no seu interior tem apenas 2 secções, em vez das 3 da versão anterior. O prazer na aceleração da Adventure Sports é por isso acompanhado por um roncar mais grave e sonoro, característico do dois cilindros em linha. A caixa DCT em estrada revela-se uma maravilha proporcionando um conforto extra na condução. O binário da Adventure Sports a baixa rotação permite rodar com poucas trocas de caixa e as mesmas são realizadas com enorme facilidade apenas com o toque de botão, ambos no comando esquerdo do guiador, usando o polegar para reduzir e o indicador para subir de velocidade.
O nível de conforto da Adventure Sports é notório graças sobretudo ao excelente comportamento das suspensões Showa invertidas de 45mm, que têm mais 20mm de curso em relação à Africa Twin normal. Apenas nas travagens mais violentas revelaram algum afundamento excessivo, sobretudo devido às mesmas estarem também vocacionadas para proporcionar uma condução mais agressiva fora de estrada. De qualquer forma a travagem proporcionada pelas pinças Nissin de 4 pistons e pelos dois discos de 310mm na roda dianteira é bastante progressiva e sempre controlável e doseável, mordendo mais vigorosamente sempre que necessário mas sem a sensação de falta de controle, também graças a um ABS interventivo quanto baste.
A nível da iluminação a Adventure Sports está dotada integralmente de luzes de tecnologia LED, com dois faróis dianteiros potentes e estéticamente apelativos e os piscas têm a particularidade não só de se desligarem sozinhos como também em travagens bruscas acenderem os traseiros em sinal de aviso para quem circule atrás. aumentando assim a segurança de ambos condutores.
Terminámos o primeiro dia com a sensação de que realmente a Adventure Sports faz jus ao slogan da marca que refere “Go Anywhere” ou seja “ir a qualquer lugar”, realidade para a qual destacamos de facto o conforto e a suavidade que a Adventure Sports proporciona juntamente com a sua autonomia.
Comportamento Off Road
O segundo dia estava reservado para nos proporcionar uma experiência “off road” pelos Canyons e Ramblas da Província de Granada, razão pela qual os técnicos que nos acompanhavam se dedicaram no final da jornada a trocar os pneus de estrada por pneus de tacos, garantindo assim maior capacidade às Adventure Sports para enfrentar os percurso mais agrestes e sempre fora de estrada que estavam previstos e que tinham sido cuidadosamente selecionados.
Devido á minha experiência no todo terreno optei desta vez pela versão com caixa normal de 6 velocidades e embraiagem, neste caso deslisante, e a versão que me foi disponibilizada montava a opção adicional do sistema “quick shift” que se mostrou bastante útil sobretudo em zonas mais técnicas onde tinha que passar rapidamente caixa sem ter que utilizar a embraiagem.
O percurso fora de estrada que nos tinham reservado tinha de tudo, zonas de ribeiros, zonas de cascalho, outras zonas de areia, partes de deserto e caminhos entre arvoredo, estradões e zonas mais técnicas também, um desafio para colocar à prova a Adventure Sports e sobretudo a nossa destreza com a mesma. Confesso que a minha única preocupação era a de não cair com a belíssima Africa Twin Adventure Sports e poder provocar estragos na mesma. Queria mesmo chegar ao fim com a moto inteira e esse era mais um desafio que me coloquei a mim próprio. Certo é que a Adventure Sports de imediato provou que era uma verdadeira moto de todo-o-terreno que, apesar da sua dimensão e peso de 243 Kg, mais 11 Kg que a versão normal, quase se comportava como uma moto de Enduro graças sobretudo às suas maravilhosas suspensões e alguma ajuda da sua electrónica.
Na diversidade de percursos e de situações de piso a Adventure Sports proporcionou-nos um verdadeiro dia de todo o terreno com passagens por locais incríveis e a demonstrar uma enorme polivalência e capacidade de transpor todo o tipo de obstáculos com a ligeireza de uma moto com outro perfil mais endurista.
Durante o percurso off-road e depois de experimentar várias opções acabei por utilizar a fórmula 1-2-3 ou seja, em vez de utilizar o modo G de Gravel, especialmente adaptado ao todo terreno, optei por utilizar o modo “USER” personalizando a entrega de Potência 1, neste caso máxima, o Engine Brake em 2 proporcionando algum travão de motor e o controle de Tração em 3 para garantir maior tração sem retirar a minha própria sensibilidade no acelerador.
Durante o percurso tivemos a possibilidade de experimentar também as versões normais de 2018 da Africa Twin, que se mostraram à altura do desafio, embora com menos curso de suspensão e mais limitadas por isso a uma condução mais agressiva. Mas essas ficam para um próximo ensaio já que a este se centrava essencialmente na nova “Super” Africa Twin versão Adventure Sports.
No final todos os desafios foram superados, inclusive o da entrega da moto sem uma beliscadura ou arranhão, apesar da diversidade e alguma dificuldade em determinadas partes do percurso.
Em conclusão, a nova Africa Twin Adventure Sports é mesmo uma moto especial que para além de invocar a icónica XRV650 lançada em 1988, depois da versão de competição NXR 750 ter ganho o Dakar em 86, vem agora completar a gama com uma versão mais aventureira e especialmente preparada para enfrentar qualquer desafio.
A nova Africa Twin CRF1000 tem tido um enorme sucesso comercial desde que foi lançada em 2016, com mais de 50.000 unidades vendidas no mundo inteiro e apesar de não ser a mais potente e a mais vocacionada para o off-road, tal como algumas das suas concorrentes, tem demonstrado um equilíbrio e uma polivalência de acordo com o seu posicionamento estratégico de moto fácil de pilotar que nos permite chegar a qualquer lugar. A nova versão Adventure Sports vem estabelecer e proporcionar um nível acima na aptidão para o todo-o-terreno e na capacidade de concretizar longos percursos em viagem, sejam de estrada sejam fora da mesma, com enorme conforto e autonomia.
Disponível apenas na cor especial 30º Aniversário com os seguintes PVP’s:
- Versão Cx. Normal de 6 velocidades PVP Base 14.700,- euros
- Versão com Caixa DCT PVP Base 15.750,- euros
Características Técnicas
MOTOR
DIÂM x CURSO (mm) | 92,0 x 75,1 mm |
CILINDRADA (cm3) | 998 cm³ |
TIPO DE MOTOR | Motor bicilíndrico paralelo, 8 válvulas, 4 tempos, cambota a 270°,
Unicam, arrefecimento por líquido |
POTÊNCIA MÁXIMA | 70 kW/7.500 rpm (95/1/EC) |
BINÁRIO MÁXIMO | 99 N·m/6.000 rpm (95/1/EC) |
ARRANQUE | Eléctrico |
TRANSMISSÃO
EMBRAIAGEM | Embraiagem húmida, de discos múltiplos e molas helicoidais,
com came de assistência em alumínio e função de escorregamento |
TRANSMISSÃO FINAL | Corrente de transmissão selada por O-rings |
CAIXA DE VELOCIDADES | Engrenagem constante, 6 velocidades |
RODAS
TIPO DE SISTEMA ABS | 2 canais com interruptor de desligar o ABS traseiro |
TRAVÕES FRENTE | Dois discos hidráulicos ondulados e flutuantes de 310 mm,
com cubos em alumínio, pinças radiais de 4 êmbolos e pastilhas em material sinterizado |
TRAVÕES RECTAGUARDA | Disco hidráulico ondulado de 256 mm, com pinça de 1 êmbolo e
pastilhas em material sinterizado Também sistema de travão de estacionamento por alavanca de bloqueio na versão com DCT, com pinça deslizante adicional de 1 êmbolo |
SUSPENSÃO – FRENTE | Forquilha telescópica invertida Showa do tipo cartucho com 45 mm,
afinador hidráulico tipo mostrador da pré-carga (compressão e extensão), 252 mm de curso, 224 mm de deslocamento do eixo |
SUSPENSÃO – RECTAGUARDA | Braço oscilante monobloco em alumínio fundido, com sistema Pro-Link,
amortecedor com reservatório de gás, afinador hidráulico tipo mostrador da pré-carga e afinação do amortecimento em extensão, 240 mm de deslocamento da roda traseira, 101 mm de curso |
PNEUS – FRENTE | 90/90-R21, com câmara-de-ar |
PNEUS – RECTAGUARDA | 150/70-R18, com câmara-de-ar |
RODA – TIPO – FRENTE | 21 M/C x MT 2,15 Jante de alumínio com raios de arame |
RODA – TIPO – RECTAGUARDA | 18 M/C x MT4,00 Jante de alumínio com raios de arame |
CICLÍSTICA
DIMENSÕES (mm) | 2.340 x 930 x 1.570 mm |
QUADRO | Quadro de berço semi-duplo em aço, com reforços de alta tenacidade
no sub-quadro traseiro |
DEPÓSITO DE COMBUSTÍVEL (Litros) | 24,2 litros |
CONSUMO DE COMBUSTÍVEL | 4,61 l/100 km (61,3 mpg ) (WMTC) |
DISTÂNCIA LIVRE AO SOLO (mm) | 270 mm |
LUZES | LEDs duplos (1 máximos/1 médios) |
PESO EM ORDEM DE MARCHA (kg) | 243 kg |
ALTURA DO ASSENTO (mm) | Altura da posição normal: 920 mm/Altura da posição mais baixa: 900 mm |
DISTÂNCIA ENTRE EIXOS (mm) | 1.580 mm |
CONCORRÊNCIA
BMW R 1200 GS Rally / 1.170 cc / 125 CV / 260 Kg / 18.068 eur
Ducati MultiStrada Enduro / 1.198 cc / 152 CV / 254 Kg / 20.545 eur
KTM 1090 Adventure R / 1.050 cc / 125 CV / 207 Kg / 16.275 eur
Equipamento Utilizado
Capacete: NEXX WED.2 Neon
Blusão: MACNA Vosgues Deflector
Calças : MACNA Fulcrum
Luvas : MACNA Intense OutDry
Botas: FALCO Mixto 2 ADV
Galeria de Imagens
Excelente review, fotografias fantásticas!