Yamaha XZ550 Speed Block
Cada vez que Maarten Poodt conclui outro projeto, temos a sensação de estar a ver uma Yamaha do passado da qual nunca tínhamos ouvido falar. Que é exatamente o que o preparador personalizado holandês pretende.
Maarten tem uma queda pelas Yamaha, e particularmente os modelos que são difíceis de encontrar na Holanda. Ele prefere um visual retro de desportiva, e acerta com o aspeto de origem incrivelmente bem. Quando ele apresenta uma moto terminada, acabamos por nos questionar sobre os nossos conhecimentos da gama antiga da Yamaha.
Maarten costumava construir uma moto por ano, mas distraiu-se por dois anos, fazendo peças para outros personalizadores e estofando assentos. Ansioso por um projeto próprio novamente, ele pegou numa XZ 550 de 1983 e desmontou-a.
Também conhecida como Vision, a XZ 550 não teve sucesso comercial e foi fabricada apenas dois anos. Era alimentada por um bicilíndrico em V de 552 cc a 70 graus, e foi a primeira Yamaha com carburadores verticais. Infelizmente, esses carburadores também tinham uma falha desagradável ao ralenti.
Maarten reconstruiu a XZ 550 usando um número notável de peças de fábrica da Yamaha originando de vários modelos diferentes. E isso faz com que esta seja uma das especiais mais bem conseguidas que já vimos.
Na frente estão os garfos, mesas e avanços de uma R6. As rodas vieram de uma XS850, medindo 19 polegadas na frente e 18 polegadas atrás. O monoamortecedor traseiro é da Hyperpro, e os travões são uma combinação de modernas pinças de MT-07 e discos de YZF600.
Conseguir todas essas partes jogar bem entre elas não foi fácil. Maarten diz que o que deu mais trabalho foi a fabricação de um novo cubo, para poder montar uma roda traseira de XS850 no veio da XZ 550. Modificar o ângulo da cabeça de direção para um comportamento mais ágil também foi um bico de obra.
Os garfos dianteiros precisaram de ser adaptados para acomodar a nova roda dianteira, e os pontos de suporte precisavam de ser ajustados para os travões. Mas tudo parece que pertence ao modelo, e até mesmo o guarda-lamas dianteiro parece equipamento de origem.
Maarten usou a mesma abordagem de misturar tudo para completar a nova carroçaria da XZ, criando uma silhueta que parece familiar.
O depósito é o de origem, mas Maarten fez trabalho de bate-chapa para criar recortes para os avanços e depois acrescentou uma protuberância na barriga para manter uma capacidade de 17 litros.
A carenagem de fibra de vidro veio do malogrado piloto holandês Jack Middelburg e dá ideia da famosa moto de corrida YZR500 de Kenny Roberts, com que o Californiano conquistou Campeonatos Mundiais entre 1978 e 1980. (Maarten conseguiu-a encaixar por meio de uma aranha de alumínio personalizada). Logo por dentro, atrás do vidro, estão os manómetros de origem, reposicionados numa caixa de fibra de vidro única.
Reconhecem essa peça da cauda volumosa? Foi tirada de uma Yamaha TZ250 de Grande Prémio e acabada com um assento fino e um par de farolins traseiros embutidos. E se esse arranjo de chapa de matrícula parece muito familiar, é porque é – Maarten sacou-o de uma R1, completo com o refletor vermelho e piscas (mais as peseiras e pedais).
À espreita por baixo da carroçaria encontra-se um motor totalmente reconstruído, com carburadores sincronizados de tal modo que já não falham, e a cablagem foi toda revista, com uma bateria mais pequena. O sistema de escape consiste num par de tubos inoxidáveis feitos e dobrados à medida, que acabam num par de silenciadores Laser.
Escolher uma pintura para a XZ 550 foi uma decisão óbvia – está envolta no icónico design amarelo de losangos pretos de todas as Yamaha de velocidade como a do King Kenny. O esquema, originalmente chamado “Speed Block”, daí o nome da moto, foi criado no final dos anos 70 para toda a gama de competição da marca, por Rollin Sanders, um consultor da indústria americana que também sugeriu o verde lima da Kawasaki pela mesma altura e criou, portanto, dois dos mais famosos esquemas cromáticos de todos os tempos.
As rodas foram mesmo refeitas em dourado para combinar, e há acabamentos novos em tudo, desde o quadro até às tampas do motor.
É outra execução impecável de Maarten. Com alguma sorte, vai parar com os negócios de peças e assentos e já está a trabalhar na sua próxima clássica instantânea.
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