Tetraciclídricas japonesas de 250/400cc na Europa. Regresso?
SE A KAWASAKI NOS SURPREENDEU RECENTEMENTE COM A ZX-25R, HÁ RUMORES DE QUE A HONDA CBR 400RR SERÁ A PRÓXIMA A SER INTRODUZIDA NO MERCADO. MAS ISTO NEM SEQUER É NOVO, PORQUE AS 400 JAPONESAS JÁ POR CÁ ANDARAM… E A MODA NÃO PEGOU!
As últimas duas décadas do século XX viram o nascimento das grandes desportivas japonesas. Motos que na sua génese tinham motores de alto rendimento, com chassis, suspensões e travões à medida das performances. As segundas gerações destes modelos que chegaram ao mercado, melhoraram significativamente na parte ciclística, e hoje, alguns desses modelos começam a ser valorizados como motos clássicas, como é o caso da primeira geração da Suzuki GSX-R 750, Honda VFR 750 R45, Yamaha FZR 1000 EXUP, etc.
PORQUE NASCERAM AS 400 NO JAPÃO?
Facto curioso é que todas elas foram projetadas (e depois também fabricadas) no país do sol nascente, mas exportadas principalmente para a Europa e América. O elevado tratamento tributário japonês penaliza muito as motos de alta cilindrada, e por isso o seu mercado interno, exigia produtos semelhantes às motos maiores que enchiam os armazéns para os cargueiros com destino ao exterior, mas com menos cilindrada.
Assim nasceram réplicas dessas motos R em 400 e 250cc. O conceito e a tecnologia utilizados eram os mesmos das motos de grande capacidade, a tal ponto que a Honda fez uma VFR 400R (NC21) à imagem e semelhança da RC30, além de uma réplica da sua tetracilíndrica, a CBR 400R. A diminuição da cilindrada, além da diminuição da potência e do desempenho, teve características intrínsecas. O mais impressionante foi que, sendo tetracilíndrica como as suas irmãs mais velhas, cada cilindro tinha um tamanho e peso muito reduzidos. Isso permite uma velocidade de pistão linear muito alta, o que resulta em mais voltas da cambota por minuto.
Um desses motores compactos pode por exemplo entregar entre 50 e 60 cv, mas faz a entrega dessa potência a 14.000 rpm! O uivo nesses regimes é tão excitante, que parece que a moto está a ter um desempenho muito maior. É um prazer para os sentidos!
CHEGARAM À EUROPA CARAS E COM POUCO SUCESSO NAS VENDAS
À Portugal e à Europa em geral, chegaram quantidades reduzidas dessas motos – tivemos na altura a oportunidade de conhecer algumas delas, como a Honda VFR 400 e Yamaha FZR 400 – tendo sido a Suzuki Bandit 400 uma das que teve mais sucesso no velho continente. O aumento dos custos de produção resultou em preços de venda muito altos e a proximidade de preços com as suas irmãs de 600cc, acabou por fazer definhar este segmento.
Hoje, as pequenas cilindradas permanecem em vigor no Japão, pelas razões fiscais acima descritas, e está começando a haver um movimento de retrocesso, criando-se novos modelos que podem chegar â Europa. A primeira marca a deixar em lume brando essa intenção foi a Kawasaki, que no último Salão do Automóvel de Tóquio mostrou a sua nova ZX-25R,uma tetracilíndrica de 250cc. prometendo 47CV a 18.000 rpm.
A HISTÓRIA PODE SE REPETIR?
A Honda tem demorado a reagir, e de acordo com nossos colegas da Young Machine (e eles geralmente não estão errados), parece que até 2021 a nova Honda CBR 400 RR será reintroduzida. A Suzuki também é conhecida por ter patenteado pequenos motores compressores (a Kawasaki já os usa nas H2) e que o downsizing (motores com menos cilindrada e compressor para aumentar consideravelmente a velocidade de giro quando necessário) também pode atingir as suas motos.
De certa forma, é um retorno às origens: muita tecnologia em pequeno formato. É o que o mercado jovem asiático exige, e é aí que essas motos serão comercializadas em primeiro lugar. Não é certo que elas cheguem oficialmente à Europa, um mercado já maduro, no qual os jovens contemplam a mobilidade de outra forma e em que o preço subiria bastante. Mas se há 30 anos algumas unidades chegaram, ainda que a procura não fosse muita, não é de excluir a possibilidade da história se repetir.
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