Parte 1
Se bisar num título mundial já é difícil, imaginem fazê-lo em duas classes, dois anos consecutivos. Foi isso mesmo que o Sul-Africano Kork Ballington conseguiu, em 1978 e 1979, ganhando em 250 e 350 com a Kawasaki, na época áurea das motos verde lima

“Kork” Ballington nasceu como Hugh Neville Ballington na Rodésia, hoje Zimbabue, a 10 de Abril de 1951. Ao contrário de muitos outros, a influência familiar em virá-lo para as motos não foi grande, embora o pai chegasse a ter uma Velocette.
Em miúdo, era mais os carros que entusiasmavam o jovem, que após a familia ter mudado para a África do Sul, coleccionava cromos de carros de corrida. Foi então que um circuito foi construído perto de si na região de Natal.

Atraído por uma corrida internacional de automóveis, Kork entra em contacto direto pela primeira vez com motos de corrida, que também estavam no programa e apaixona-se. Os heróis da época, Jim Redman, Gary Hocking e Phil Read,(ainda por cima, dois dos 3 Rodesianos como ele!) estavam presentes e perante as excitantes corridas que presenciou, o pequeno Hugh, alcunhado de Kork, ficou apanhado.

Aos 16 anos, adaptou uma 50 para praticar numa pista de terra perto de casa. Depois, construiu uma moto de pista e começou a correr localmente. Na primeira corrida após tirar a licença desportiva, ficou terceiro e à 3ª corrida numa Honda 50, ganhou.

O pai, que tentara desencorajá-lo a princípio, com essa vitória começou a ajudá-lo, e tudo partiu daí. 5 anos depois, em 1972, ganhou o campeonato Sul-Africano e com ele o prémio “Um piloto para a Europa”, oferecido por um jornal local.
O prémio eram 2 bilhetes de avião e carga para duas motos, para permitir a um piloto ir correr na Europa. Kork diz que ganhou por ter um bom quadro Seeley, importado de Inglaterra, e bons pneus de chuva. Embora os treinos se disputassem no seco, quando na corrida choveu, isso fez com que deixasse os outros para trás facilmente.
Assim, viajou e instalado na Europa, em Inglaterra, a sua primeira corrida viria a ser nos campeonatos britânicos, em 1973. Apesar de não estar muito confiante com as suas motos velhas, acabou por chamar a atenção o suficiente para arranjar um patrocínio duma loja de Birmingham pertença de Syd Griffiths.
Este compra-lhe uma moto nova, uma Yamaha competição-cliente, e os resultados começaram a aparecer, colocando-o sob a lupa das equipas oficiais. Em 1976, prepara-se para entrar no extinto Mundial de 350cc.

A estreia em Grandes Prémios veio no GP das Nações em Monza nesse ano. Não pontuou, mas há que salientar a competitividade do Mundial de então… nesse ano, nas 500, pontuaram 58 pilotos… a presente grelha de MotoGP nem chega a metade desse número!
Assim, só no ano seguinte viria a provar a vitória, na classe de 350 em Montjuich, na altura um circuito urbano assustador que volteava pelas colinas dos arredores de Barcelona.
A experiência fora boa, pois mesmo na perigosa pista ladeada de árvores, tivera que andar a 100% e bater pilotos como Franco Uncini e Johnny Ceccotto para ganhar. Com mais duas vitórias em 350 e uma no GP de Inglaterra em 250 no ano seguinte, é reconhecido como um especialista das médias cilindradas e foi-lhe, finalmente, oferecido um lugar na equipa Kawasaki oficial para 1978.

Á época, os produtos de consumo estavam a despertar para o potencial de se divulgarem na competição e a equipa obtém um patrocínio das aparelhagens Akai e, mais tarde, da Pioneer. Nesse ano, Kork dominou na pequena moto verde, vencendo em Mugello na Itália, em Imatra na Finlândia, em Hockenheim na Alemanha e Brno na Checoslováquia, mas mostrando grande regularidade nos outros GP, sendo por exemplo, 4º em Espanha, 3º em França, 2º em Assen, 5º na Bélgica e e 2º outra vez na Suécia, após partir da pole. Isto numa época em que era vulgar as motos partirem, ou os pilotos sofrerem quedas regularmente.
(Continua)