Ensaio Yamaha R1M 2018 no Circuito de Portimão
A convite da Yamaha Europe Portugal fomos tomar contacto e ensaiar em pista a nova Yamaha R1M de 2018, expoente máximo tecnológico da gama da marca do diapasão em termos de motos desportivas, ao Circuito do AIA – Autódromo Internacional do Algarve, em Portimão.
Sendo uma máquina de 200 CV com cerca de 200 Kg de peso , quase semelhante a uma moto de competição, era com alguma ansiedade e apreensão que iríamos rodar no circuito de Portimão, um circuito muito técnico que obriga a trajectórias bem estudadas e definidas para se conseguir um encadeamento fluido ao longo de todo o seu percurso, curvas cegas, subidas e descidas, uma verdadeira “montanha russa”, Algarvia neste caso . Soubemos entretanto que o circuito tinha sido recentemente asfaltado nas zonas que anteriormente estavam mais danificadas tendo sido eliminadas algumas das imperfeições mais críticas anteriormente apontadas no mesmo, realidade que viemos a verificar e que contribuiu para uma maior suavidade e segurança na nossa experiência.
Esteticamente a R1M é belíssima, este ano a Yamaha optou por acentuar os tons negros em deterioro dos alumínios, tanto na ciclistica como no motor, mantendo no entanto o belíssimo depósito em alumínio escovado. Os elementos da carenagem , baquet e guarda-lamas em carbono conferem um look de exclusividade que assenta na perfeição na personalidade racing da R1M e a versão que testámos montava ainda uma belíssima ponteira em titânio da Akrapovic, mantendo o elemento catalítico.
Evolução em 2018
Na apresentação prévia realizada em boxes por elementos da direção da Yamaha foi-nos dado a conhecer as características da R1M, versão 2018, e percebemos que a grande evolução para este ano estava no software de gestão das fantásticas suspensões Ohlins SEC, as mais sofisticadas que existem em motos de série, agora com um interface mais simples para o piloto realizar afinações em função do tipo de condução pretendida e do comportamento que pretendemos em aceleração, em travagem e em curva.
Também do ponto de vista mecânico houve evolução já que na versão de 2018 da R1M passamos a poder reduzir sem embraiagem, passando o sistema de Quick Shift a actuar no acelerador, produzindo o “ Blip” ou toque de acelerador que normalmente realizamos para facilitar a redução, exigindo no entanto que o punho de acelerador se encontre fechado. Esta realidade levou algum tempo a habituar-nos para deixarmos de fazer o instintivo “Blip” manual e dei por mim em pista, ao longo da sessão, quase sempre a esquecer que o sistema o poderia fazer por mim.
A nível da electrónica a R1M também introduziu para este ano alguns melhoramentos. O sistema de controle de elevação da roda dianteira, apelidado de função de “LIF” ( lift ? ) pela Yamaha, está a agora mais suave e natural permitindo dois níveis de intervenção ou desligado. A unidade de controlo de todos os sensores da moto permite aferir várias realidades como a inclinação da moto, a aceleração e a travagem doseando o controlo de tração, o ABS, o LIF e a entrega de potência do motor em função do modo selecionado.
Segurança na travagem
Relativamente à travagem a mesma é assegurada na frente por dois discos de 320mm com pinças monobloco de montagem radial e por um disco traseiro de 220mm , ambos com ABS sensível à inclinação da moto e também pelo sistema de travagem misto, simultâneo dianteira e traseira, que dá pelo nome de “Unified Brake System” e que actua na pinça traseira sempre que travamos com o travão dianteiro. No entanto em circuito e em travagens mais agressivas vimo-nos obrigados a levar também o pé ao pedal do travão traseiro para ajudar a colocar a moto na trajectória correcta. A R1M tem ainda controle de Slide ou derrapagem na roda traseira que permite uma abordagem agressiva e controlada em curva garantindo maior confiança ao piloto.
Em Pista
A sessão de cerca de 1 hora permitiu-nos testar algumas afinações das suspensões e das várias opções da electrónica embora em tão pouco tempo seja difícil tirarmos conclusões definitivas num circuito tão técnico e exigente. A sensação é de estarmos numa verdadeira Superbike de competição, extremamente precisa e eficaz em circuito, uma moto ágil e com uma aceleração brutal graças ao seu motor de tecnologia crossplane. Os pneus semi-slick da Bridgestone, especialmente montados para a sessão, rapidamente começaram a dar mostras do ritmo que a R1M permitia impôr mas mostraram-se à altura do desafio. A R1M inclui ainda a função de Launch Control que permite um arranque perfeito muito útil em competição.
O circuito do AIP é realmente exigente e obrigou-nos a rodar com alguma moderação pois de forma alguma queríamos arriscar uma caída, mas permitiu-nos testar o comportamento da R1M em pista e sobretudo a facilidade com que se mudam os parâmetros de afinação electrónica e das suspensões embora para se obter a afinação ótima em circuito requeira algum estudo mais aprofundado das diversas opções e o teste das mesmas em pista até se chegar à afinação perfeita para cada um.
A Sessão decorreu com a presença de Rui Reigoto e a orientação em pista de Miguel Praia que, através de um recente acordo com a Yamaha, irá ao longo de 2018 organizar alguns cursos de pilotagem no AIP. Será certamente uma excelente oportunidade para todos aqueles que pretenderem desenvolver o seu desempenho em pista e também poderem eventualmente rodar nas fantásticas Yamaha R1 num dos circuitos mais incríveis do mundo.
Conclusão
Toda esta sofisticação, quase de moto de competição/cliente, tem obviamente um custo que, se considerarmos todos os seus atributos e os melhoramentos realizados este ano, assim como os componentes em carbono que a versão R1M inclui, os cerca de 25.000 euros podem estar justificados , no entanto a versão base será certamente uma opção válida e por cerca de menos 6.000 eur. Se pretenderem sofisticação e exclusividade máxima então a R1M é a vossa moto mas terão que a encomendar directamente à Yamaha através de um processo de inscrição que tem acesso neste preciso link https://r1m.yamaha-motor.eu/
FICHA TÉCNICA
MOTOR
Tipo | 4 cilindros, 4 tempos, DOHC, 4 válvulas e refrigeração líquida. |
Cilindrada | 998 cc |
Diâmetro/Curso | 79 mm x 50,9 mm |
Potência máxima | 200 CV às 13.500 rpm |
Binário máximo | 112,4 Nm às 11.500 rpm |
Alimentação | Injecção electrónica, Ride-by-Wire |
Compressão | 13.0 : 1 |
Escape | Escape 4-1 |
Embraiagem | Multidisco em banho de óleo |
Transmissão final | Corrente |
Caixa de velocidades | 6 velocidades |
CICLÍSTICA
Quadro | Dupla trave, Deltabox, em alumínio |
Braço oscilante | Mono-braço oscilante em alumínio |
Angulo de direção | 24 graus |
Trail | 102 mm |
Pneu dianteiro | 120/70 R 17 |
Pneu traseiro | 200/55 R 17 |
Suspensão dianteira | Forquilha invertida Ohlins de 43 mm, com regulação electrónica |
Suspensão traseira | Mono-amortecedor Ohlins com regulação electrónica |
Travão dianteiro | Dois discos de 320 mm, pinças monobloco de montagem Radial, com ABS activo em curva |
Travão traseiro | Disco de 220 mm, com ABS e sistema de travagem misto |
DIMENSÕES
Altura máxima | 1150 mm |
Altura do banco | 860 mm |
Distância entre eixos | 1404 mm |
Comprimento | 2.055 mm |
Angulo de direcção | 24 º |
Trail | 102 mm |
Peso | 201 kg |
Depósito | 17 litros |
Concorrência
Aprilia RSV4 RR Factory 999cc / 201 CV / n.d. Kg / 22.571,- eur
Honda CBR 1000RR Fireblade SP1 999cc / 192 CV / 195 Kg / 23.000,- eur
Kawasaki ZX10 RR 998cc / 200 CV / 198 Kg / 22.490,-
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