Macbor Rockster 410: Identidade própria | Ensaio

A Macbor não é uma marca nova, mas recentemente tem dado mais nas vistas e tem potenciado a sua gama com novos modelos, e modelos que têm dado nas vistas por boas razões. Na linha do que tem acontecido, a marca espanhola apresentou a Rockster 410, uma moto que entre no segmento custom com a finalidade de deixar uma marca profunda nas motos de estilo mais clássico, estando dotada de argumentos que permitem que todos os condutores, com diferentes níveis de experiência disfrutem de circular aos comandos desta moto.

Herança chinesa

Há alguns anos, afirmar que uma moto tinha herança chinesa ou componentes chineses, nomeadamente o motor, era imediatamente razão para a maioria dos potenciais clientes olhar para a concorrência e descartar qualquer modelos que pudesse ter ligações à China. 

Hoje, a história é bem diferente, com o crescimento acentuado dos fabricantes chineses, que têm inclusive criado as próprias marcas e marcas de enorme sucesso. Isto ara dizer que a Rockster 410 tem efetivamente um coração chines, se pudemos dizer assim. O motor bicilíndrico paralelo de 400cc com 42 cv é fabricado pela Zongshen – parceiro de longa data da Macbor – e esteve para ser um motor em V, quase como mandam as regras deste segmento, mas, segundo a Macbor, não reunia as condições de custos e características para encaixar neste novo modelo. Assim, a marca espanhola optou por colocar um motor que já era fabricado pela Zongshen, assumindo assim menos riscos também no que diz respeito à fiabilidade.

 Apesar de conta com 42 cv, uma potência um pouco abaixo da concorrência, esta moto tem 32,8 N.m de binário máximo às 7.000 rpm e conta com um peso de 185 kg em ordem de marcha, tendo assim uma boa relação peso/potência. A verdade é que sentimos o motor vivo nesta moto, mas também sendo também notório que provavelmente vai perder um pouco comparativamente à concorrência, também por uma relação de caixa algo longa, onde sentimos que a 3ª, 4ª e 5ª estão muito próximas no que diz respeito às rotações, estando depois a 6ª velocidade bastante longa para a potência disponível. 

Sendo esta uma moto custom, a necessidade de atingir velocidade muito elevadas não é propriamente uma necessidade. Assim, e apesar de ter um peso relativamente baixo e da boa vivacidade do motor, ao rolar em estrada aberta sentimos que temos sempre de trabalhar um pouco mais a caixa do que o que gostaríamos. Há também algumas vibrações entre as 4.200 rpm e as 4.500 rpm, mas desaparecem assim que passamos essa faixa de rotação, sendo este motor até bastante suave em toda a faixa de rotação à exceção da referida.

Disfrutar da paisagem

No que diz respeito à ciclística, e como seria de esperar numa moto deste segmento, a Rockster 410 está claramente focada para se circular de forma tranquila e calma por estradas sem fim, com curvas largas e enormes retas, até pelo seu depósito de 17 litros, algo incomum neste segmento. 

Ainda assim podem optar por uma condução mais aplicada, sendo que os pousa-pés vão reclamar muito, muito cedo e terão de ter enorme cuidado para não tocar com o escape no chão. No fundo, estarão a sair da zona de conforto desta moto, mesmo que a suspensão invertida e o duplo amortecedor trabalhem muito bem a velocidades mais elevadas. Na verdade, uma das maiores dificuldades da Rockster 410 é até a baixas velocidades, no curso inicial da suspensão, onde sentimos que não está tão confortável com pequenos ressaltos.

Já com o duplo amortecedor traseiro não sentimos essa dificuldade e a verdade é que o assento é bastante confortável e ajuda a disfarçar as irregularidades do piso. Aliás, este conforto não só ajuda a mascarar o mau piso, como nos permite realizar vários quilómetros aos comandos desta moto sem fadiga praticamente nenhuma, algo que é ajudado pela boa ergonomia de condução desta Rockster 410 e por uma posição que vai ser extremamente natural para os amantes do segmento. Ainda no departamento da ciclística dizer que a travagem conta com dois discos de 300 mm na dianteira que foram melhorando ao longo do dia, também coma. 

Ajuda de ajustes na manete de travão (a manete de embraiagem também é regulável). Sendo estas motos com poucos quilómetros, sentimos claramente que durante a manhã o tato não era o melhor, mas isso foi mudando ao longo do percurso, ficando depois bastante agradável e potente. O pedal de travão é também bastante mordaz e transmite boa sensibilidade e ligação ao disco de 240 mm equipado na traseira desta moto.  

É importante dizer também que o peso da moto parece inferior ao anunciado assim que começamos a circular, sendo esta bastante ágil e fácil de inserir em curva, estando também muito equilibrada a baixa velocidade.

Clássica, mas moderna

Ainda que esta Rockster 410 vá buscar muita inspiração a motos mais antigas e mantenha um estilo muito próprio do segmento custom, não deixa de contar com muita tecnologia. O destaque vai sem dúvida para o painel TFT circular de 5”, que conta com muita informação e possibilidade de conectar e ainda espelhar o telemóvel (ainda que o espelho tenha de ser feito através da aplicação Carbite). 

O painel oferce boa visibilidade em quase todas as condições, apresentando algumas dificuldades em lidar com o sol direto, ainda que tenha a funcionalidade automática de alteração entre o tema claro e escuro. Contamos ainda com iluminação Full LED, comandos retro iluminados e uma tomada USB, no capítulo dos gadgets, sendo que o ABS e o controlo de tração também fazem parte do arsenal tecnológico desta Rockster 410. Quanto ao ABS e o controlo de tração, dizer que nunca sentimos que fossem ativados, acreditando que o controlo de tração poderá ser benéfico para condutores menos experientes em condições meteorológicas mais adversas.

Evolução contínua

Esta moto vem marcar a evolução e a vontade da Macbor de estar presente em mais segmentos e em lugar de destaque. Não só marca a entrada da marca espanhola no segmento custom de média cilindrada, como revela ambição para chegar a patamares mais altos. 

A Rockster 410 entra no jogo com algumas arestas para limar, mas a parceria com a Zongshen permite que a Macbor tenha o suporte de um enorme fabricante por trás, com muita experiência no mercado das duas rodas – existindo inclusive um modelo semelhante no mercado asiático, ainda que a Rockster 410 seja exclusiva um modelo específico da Macbor para a Europa. 

Entre essas arestas está a lista de acessórios – muito importante neste segmento – que provavelmente poderemos ter acesso durante o salão de Milão deste ano. A Macbor está a crescer, mas com isso vem também mais responsabilidade e maior exigência do público em obter produtos de maior qualidade, e há a clara sensação de que a marca está bem ciente disso.