Depois de anos de investigação e pressionados agora pelas restritas normas Euro 4 que limitam as emissões, a Husqvarna e a casa mãe KTM decidiram finalmente lançar os tão aguardados modelos a 2 tempos com injecção.
A INJECÇÃO ELECTRÓNICA NOS MOTORES a 2 TEMPOS
A introdução da injecção electrónica nos motores a 2 tempos vem trazer uma resposta mais homogénea, independentemente das condições de altura ou temperatura e uma resposta bastante mais progressiva que se torna ideal para a prática do Enduro. O consumo é também menor e acompanha a redução de emissões aumentando assim a autonomia das motos a 2 tempos.
A injecção é controlada tal como nas motos a 4 tempos por uma centralina apelidada de EMS-Engine Management System, com sensores que identificam a posição do acelerador , a temperatura exterior, a pressão da admissão, a temperatura do motor e toda a informação necessária para definir a mistura ideal. Pode-se ainda optar por dois dos mapas de motor incluídos e em função do estilo de condução ou das condições do terreno.
Outra realidade que torna muito mais prática e cómoda a sua utilização é a mistura automática do óleo através de uma bomba electrónica que o injecta directamente no motor. O depósito situa-se no quadro , no tubo junto à direcção e a ligação ao corpo de injecção é feita pelo seu interior. A sua capacidade são 0.7litros, o suficiente para 5 depósitos de gasolina. Toda a gestão é feita electronicamente dependendo das rotações do motor. A redução de fumos é evidente e a mistura é feita a cerca de 1,25% de óleo.
O depósito de gasolina incorpora uma bomba, tal como nas 4 tempos, e um sensor de nível, mantendo a capacidade do anterior de 9,25 Litros. O sistema de injecção é constituído por um duplo injector que injecta a gasolina directamente na admissão no sentido contrário do fluxo de ar garantindo assim uma melhor mistura e mais homogénea dentro da câmara de combustão. O óleo é injectado separadamente na base do cilindro e só depois se mistura com o ar e a gasolina.
NOVIDADES NA CICLÍSTICA
As Husqvarnas TE’s foram inteiramente renovadas o ano passado com um quadro e plásticos totalmente novos razão pela qual se mantêm mais ou menos idênticos com ligeiras melhoras em alguns dos seus componentes:
. Novas suspensões WP à frente com novas afinações, ligeiramente mais duras e com maior sensibilidade.
. Novos travões Magura à frente e atrás, semelhantes aos Brembo que montavam anteriormente com pinças de 2 êmbolos à frente e de 1 êmbolo atrás e discos de 260mm e 220mm respectivamente.
. Monta agora guiador Pro Taper em todos os modelos de 2018, um guiador conhecido pelas suas sensibilidade e resistência.
. A caixa do filtro de ar foi alterada para poder albergar as novas condutras de admissão. O filtro é da marca Twin Air e o acesso faz-se sem a necessidade de ferramentas.
PRIMEIRO CONTACTO
As primeiras impressões são semelhantes às de quem teve a oportunidade experimentar os modelos de 2017. A posição é idêntica e familiar, com uma postura natural sendo que o tacto dos novos travões Magura é em tudo semelhante aos anteriores Brembo.
O motor arranca à primeira com um simples toque do botão e sem ter que acelerar pese embora mantenha o starter de arranque em frio. Esta é para já uma diferença assinalável para a versão do ano anterior . Ao arrancar a moto quase não emite fumo ou seja outra realidade que a distingue da versão 2017 e à medida que o motor vai ganhando temperatura as emissões práticamente não se percebem à saída do escape.
A suavidade de resposta é a característica principal das novas TE’s a injecção quase a parecerem motos a 4 tempos mas com o som de um motor a 2 tempos. Ora esta realidade é um benefício claro para quando se circula em trialeiras e se procura afinar o mais possível a aceleração para não se perder tração e controle.
Claro que aquela agressividade característica dos motores de 2 tempos está agora muito mais diluída e a entrega de potência faz-se de forma muito mais suave, realidade que se compensa com a utilização da embraiagem para fazer o motor subir mais rapidamente de rotação.
De qualquer forma tanto a 250i como a 300i incluem a possibilidade de personalização dos dois modos de motor possíveis, realidade que tem que ser feita através da reprogramação do software num concessionário. De qualquer forma dado que a injecção confere um temperamento mais “doce” a estas 2 tempos acho que quem está habituado ao esticão das versões anteriores a carburador vai preferir rodar sempre no modo de motor mais agressivo.
Uma vantagem evidente é de facto a redução de consumos que comparativamente com a versões a carburador são realmente surpreendentes garantindo assim uma maior independência para quem gosta de fazer longas tiradas e não ter que se preocupar com o reabastecimento a meio caminho.
CICLÍSTICA TOP
As suspensões são agora de uma maior efectividade, mais rígidas para aguentarem golpes mais fortes mas sem se perder o tacto, a sensibilidade e a capacidade de absorção de pedras , buracos e todo o tipo de obstáculos no terreno, afundando menos nas travagens mais pronunciadas e garantindo um comportamento mais neutro numa condução mais agressiva.
Os travões Magura parecem constituir um upgrade real em relação à versão anterior e para além da potência de travagem são de uma enorme segurança aguentando uma utilização constante sem perderem efectividade.
Com esta evolução podemos com certeza afirmar que tudo vai mudar no panorama do Enduro e que já nada será como antes. Tudo passa a ser mais fácil e mais cómodo para os pilotos e apenas nos temos que concentrar no prazer da pilotagem, coma garantia que agora as motos a 2 tempos também oferecem suavidade, tracção e tacto na condução.
Em questão de consumos e autonomia parece ser que com as novas 250i e 300i se consegue fazer praticamente o dobro dos Kms que se faziam com as anteriores a carburador. Os pilotos mais agressivos vão sentir a falta daquele esticão característico mas após um período de habituação constatarão que ganharão em efectividade e em controle da sua moto. E certamente que num futuro próximo veremos preparadores a oferecer produtos que potenciam estas novas 2 tempos de temperamento de 4.
HUSQVARNA TE250i/300i de 2018 – Características Técnicas
MOTOR
Tipo: Monocilíndrico 2 tempos. 249 cc. / 300cc
Refrigeração: Líquida
Potência máxima: N.D.
Par máximo: N.D.
Caixa: 6 velocidades
Transmissão: Corrente
CICLÍSTICA
Quadro Tipo: Central de de duplo berço em aço 25CrMo4
Suspensões: WP Xplor 48mm curso 300mm / Amortecedor WP monoshock con bielas curso 330mm
Travão Dianteiro: Magura com disco de 260mm
Travão Traseiro: Magura com disco de 220mm
MEDIDAS
Comprimento: N.D.
Distância entre eixos: 1.495 mm
Altura do banco: 960 mm
Peso atestada: 105,2 / 105,4 Kg
Depósito: 9,25 litros
