Bruxelas quer obrigar todas as novas motos a integrar sistemas ADAS (Advanced Driver-Assistance Systems) a partir de 2027. A medida divide opiniões entre segurança e liberdade de condução.
A Comissão Europeia está a avaliar a obrigatoriedade de equipar todas as novas motos com sistemas avançados de assistência à condução (ADAS) a partir de 2027, uma decisão que poderá transformar profundamente o futuro do motociclismo.
A proposta, enquadrada no Regulamento Geral de Segurança da UE, pretende ir muito além do ABS atualmente obrigatório. Entre os sistemas em discussão estão travagem automática de emergência, deteção de ângulo morto, cruise control adaptativo, avisos de colisão frontal e ABS em curva.

Segundo os reguladores, estas tecnologias podem ter um impacto decisivo na redução da sinistralidade, lembrando que os motociclistas representam 15,5% das mortes na estrada na Europa, apesar de constituírem apenas 2,4% do tráfego.
Mas nem todos aplaudem. Fabricantes alertam que a integração destes sistemas encarece significativamente as motos, podendo afastar novos motociclistas num mercado já fragilizado. Grupos de motociclistas levantam dúvidas sobre a fiabilidade dos sensores em veículos tão dinâmicos como as motos, temendo falsos acionamentos que ponham em causa a segurança em vez de a reforçar. Para muitos, a obrigatoriedade ameaça também a própria essência do motociclismo. Liberdade, controlo e acessibilidade.
O impacto poderá não ficar restrito à Europa. Caso avance, a medida poderá tornar-se referência global, forçando os construtores a redesenhar modelos para todos os mercados. Acresce ainda o desafio jurídico de quem será responsável em caso de falha de sistema ou mau uso por parte do condutor?
Para já, o debate está em cima da mesa e expõe a questão central de como equilibrar a procura por maior segurança com a preservação da autonomia que define andar de moto.