A história da AGV
Anos 40 – A marca de capacetes AGV foi fundada em 1946 por Gino Amisano e seus dois sócios como fabricante de capas de sela e capacetes leves para ciclistas de competição. Durante o seu primeiro ano, a nova empresa mudou seu mercado-alvo de bicicletas para scooters, fazendo selas e almofadas de encosto para Vespas e Lambrettas. Logo depois disso, Gino deixou os seus parceiros para seguir o seu próprio caminho e, trabalhando por três, conseguiu aumentar as vendas de 20 coberturas de sela por semana para 700, com apenas um funcionário. Durante esse tempo, conheceu Luciana Morando, com quem se casou em 1947. Ela foi imediatamente trazida para a empresa e mais tarde tornou-se uma força motriz por trás da AGV.
O primeiro capacete de motocicleta AGV foi criado em 1947. Amisano tinha visto que os motociclistas que estavam um pouco melhor equipados nas primeiras corridas de rua da recuperação do pós-guerra, protegiam as cabeças com boinas de couro. Os mais sortudos tinham capacetes Cromwell “forma de pudim” feitos na Inglaterra. Amisano imediatamente viu a oportunidade de expansão para a sua nova empresa e rapidamente entrou no mercado de capacetes para motociclistas.
O primeiro capacete de motocicleta AGV foi feito de couro, formado sobre um molde de madeira, depois removido e secado no forno por uma hora a 50° e pintado uma vez estabilizado. Estes primeiros capacetes eram completamente feitos à mão, com produção inicialmente limitada a cinco por semana. Amisano foi um verdadeiro pioneiro no design de capacetes e teve o luxo de experimentar muitos materiais, já que testes e padrões ainda eram desconhecidos naqueles anos. Assim como a Itália trabalhou tenazmente para reconstruir a sua economia após a guerra, também Gino e Luciana construíram a AGV. Eles praticamente moravam na fábrica, chegando às sete da manhã e muitas vezes ficando lá até depois da meia-noite. As inovações fluíram ao longo dos próximos anos – tanto em tecnologia quanto em marketing…
Os anos 50
A primeira iteração do capacete italiano moderno, feita de fibra de vidro, surgiu em 1954. Isso levou à criação de um modelo conhecido como o 160, que continuou a usar o formato clássico de tigela com um arnês interno cruzando o capacete para a cabeça do condutor. Foi um grande sucesso. O primeiro piloto a usar um em pista foi Carlo Bandirola, piloto oficial da MV Agusta.
Em 1956, o primeiro capacete jet AGV entrou em produção. Este novo capacete foi baseado nos capacetes usados por pilotos de caça a jato e oferecia maior proteção, além de linhas modernas atraentes. O seu lançamento no Salão Internacional do Automóvel de Londres, no inverno de 1955, causou bastante agitação, o que impulsionou a produção. Em 1958, a AGV tornou-se mesmo na primeira empresa a usar uma corrida de motos como recurso publicitário. Amisano tinha telas afixadas nas curvas mais fotografadas, com o nome da empresa e os produtos: AGV, capacetes e selas, Valenza, Itália. O nome estava a tornar-se falado.
Os anos 60
Uma década depois, procurando patrocinar um piloto, o acordo com Giacomo Agostini foi quase inevitável; o campeão mundial de motociclismo só poderia ser piloto AGV. O primeiro contrato foi assinado em 1967 e valia três milhões de liras para a estrela de Bergamo, que se tornou no primeiro piloto nos livros de Amisano. Agostini tinha o seu clássico capacete de forma de pudim pintado nas suas próprias cores – branco, vermelho e verde – com uma faixa quadriculada ao longo da parte inferior e o logotipo do MV na frente. As suas vitórias nas MV 350cc e 500cc do Conde Agusta levaram a marca AGV a todo o mundo, aumentando a sua notoriedade e, com ela, as vendas.
Naquela época, Gino Amisano viu os primeiros capacetes integrais que tinham saído na América. Ele imediatamente decidiu lançá-los em Itália, começando, é claro, com as corridas de motos. Mas ele não tinha previsto a desconfiança com que o capacete integral seria recebido. Enquanto a tecnologia dos capacetes estivesse a progredir a passos rápidos, o meio do automobilismo sempre foi tradicional e cauteloso com as mudanças. Pilotos mais velhos afirmaram em entrevistas que os capacetes integrais estavam longe de ser seguros, já que eles obscureciam a visão e impediam a audição, e que os verdadeiros motociclistas deveriam – se o pior acontecesse – ostentar com orgulho as cicatrizes dos acidentes nos seus rostos. Mas Amisano acabou por levar a sua avante e o primeiro piloto profissional a usar um capacete integral AGV em corrida foi Alberto Pagani, no GP das Nações de setembro de 1969 em Imola.
Os anos setenta
A primeira apresentação do capacete integral da AGV foi um grande sucesso e, a partir de 1971, houve uma explosão completa quando entraram em produção em massa. Primeiro havia o X-80 e depois o X-3000 que, seguindo os conselhos de Agostini, apresentava uma zona frontal da queixeira recortada, que permitia ao piloto abaixar-se no depósito para as retas. Ao ao mesmo tempo, o modelo, apelidado de Ago, também tinha um recorte na nuca para permitir maior liberdade de movimentos. Durante este período, a AGV também foi o primeiro fabricante a aparecer com um capacete de fibra de vidro de duas cores.
Em 1974, houve um duelo histórico entre Agostini e Kenny Roberts, ambos pilotos Yamaha nos anos 70. Agostini venceu em frente de uma multidão de mais de 100.000 pessoas. Gino Amisano foi rápido em ver que o futuro das corridas de moto estava nesses eventos e conseguiu colocar os seus capacetes nos pilotos mais rápidos. Posteriormente tornou-se amigo de Checco Costa, pai do Dr. Claudio Costa e organizador das 200 Milhas de Imola e tornou-se patrocinador de corridas, não apenas dos pilotos. Foi um patrocinador parcial da corrida de 1974 e principal patrocinador no ano seguinte, que ficou na história como as “200 Milhas de Imola AGV “.
Ao longo dos anos, muitos eventos, equipas e pilotos decidiram associar o seu nome à AGV: Além de Giacomo Agostini, também Barry Sheene, Kenny Roberts, Johnny Cecotto, Angel Nieto, Marco Lucchinelli, Franco Uncini, Fausto Gresini, Niki Lauda, Emerson Fittipaldi, Randy Mamola, Luca Cadalora e mais recentemente Valentino Rossi, vêm exibindo o logo tricolor da marca pioneira. Essas colaborações trouxeram à AGV mais de 130 títulos e um lugar no cenário mundial das corridas de moto.
Atualidade
A história da AGV é uma história de pilotos, de entusiastas e de paixão. Depois de ter sido detida por um fundo de investimento belga durante alguns anos, e parte do grupo Lazer, a empresa está de volta a mãos italianas – as de Lino Dainese, presidente da Dainese, que comprou a AGV em 30 de julho de 2007.
0 comments