Testámos a nova gama 2025 da popular Indian Scout

A convite da Indian Motorcycle fomos desta vez até à Califórnia para termos o privilégio de testarmos em primeira mão a nova gama das Indian Scout 2025, modelos que representam em termos de volume de negócio a nível internacional cerca de 50%.

Face a essa importância relativa no negócio global da marca é natural que a mesma tenha tido especial cuidado no desenvolvimento e na evolução dos cinco modelos que compõem a nova gama Scout. Foi por isso que, com especial expectativa, voámos até São Francisco para, durante três dias, podermos conhecer ao pormenor cada modelo e rodarmos nos mesmos, num cenário idílico e especialmente enquadrado para as novas cruisers da marca norte-americana.

O primeiro dia, como é habitual, a marca e os seus principais responsáveis apresentaram cada modelo e as circunstâncias e pormenores do seu desenvolvimento. De acordo com os mesmos, a nova gama  Scout é uma evolução da sua versão anterior e digamos que não rompe totalmente com as características principais que já definiam o modelo.

Porém, ao longo da apresentação, fomos percebendo que, apesar de o conceito ser o mesmo, os novos modelos apresentavam de facto uma evolução notória a todos os níveis. O lema da nova gama, de inspiração num modelo mítico do seu passado, a famosa Scout 101 produzida de 1927 a 1931, assim como nas linhas fluidas dos carros vintage americanos, traduzia-se em “Born from Icons, Ridden by Legends” ou seja, nascida com inspiração em modelos icónicos e pilotada ao longo dos tempos por personagens lendários.

E foi com esse espírito, de contribuirmos para uma história lendária, que saímos da apresentação nesse final de tarde e ansiámos pelo dia seguinte que seria totalmente dedicado a dois dos cinco modelos da nova gama Scout, a versão 101 e a versão Sport.

Evolução Indian Scout 2025

Desde a apresentação da gama Scout em 2015, que a marca vendeu mais de 100.000 unidades até aos dias de hoje, sendo que a sua ambição é a de ser líder de mercado no segmento das cruisers de média cilindrada até 2025.

Para tal alguns princípios foram definidos no desenvolvimento das novas Scout;

– Manterem a sua intemporalidade, a simplicidade na sua conceção e poderem ser totalmente customizáveis pelo cliente.

No conjunto dos novos modelos e durante a apresentação pudemos comprovar que de facto as versões 2025 representam uma verdadeira evolução face aos seus modelos anteriores: Novo quadro tubular em aço, novo sub-quadro, novo depósito de combustível e consola no topo, novos assentos, novos guarda-lamas traseiros, novo sistema de escape de apenas uma ponteira, novo radiador e motor com aumento de cilindrada para 1250cc, com mais potência e binário.

Precisamente o motor vê agora a sua cilindrada aumentada em 10% para 1250cc, com uma potência de 105 HP para a maioria dos modelos e com 111 HP para a versão especial Scout 101, apenas por alteração e ajuste electrónico.

Do ponto de vista estético as novas Scout foram buscar inspiração às linhas da Scout dos anos 20 e também à fluidez das carrocerias dos carros norte-americanos dos anos 40 e 50. Ninguém poderá negar que as Scout carregam consigo um legado histórico da indústria automóvel norte-americana. A caixa é agora de 6 velocidades, sendo a 6ª longa e quase como um over-drive para podermos rodar com baixo nível de rotação pelas longas autoestradas norte-americanas.

As novas Scout estão também mais fáceis de pilotar e mais incluem a nível eletrónico mais modernidade. O assento é declaradamente dos mais baixos do seu segmento, e a posição das pernas e pés extremamente confortável, está mais leve e integra ABS standard, controle de tração e modos de condução ( 3)  e a iluminação passou a ser totalmente LED.

Houve também um enorme cuidado na qualidade dos acabamentos e em todos os pormenores que identificam os diferentes modelos da gama, estabelecendo uma diferente personalidade a cada um através de pormenores dos seus componentes que os diferenciam não só esteticamente como também na sua dinâmica e desempenho.

No final a marca referiu que pretende afirmar a nova Scout através de um estilo impactante, com uma proposta de modernidade e tecnologicamente evoluída, com um desempenho que seja referência no seu segmento, tudo com um preço acessível e enquadrado no seu segmento de mercado.

A personalização é também um elemento estratégico no lançamento das novas Scout pelo que a marca disponibiliza cerca de 100 acessórios em catálogo, intermutáveis entre os diferentes modelos, que permitem intermináveis personalizações ao sabor da estética e personalidade de cada proprietário.

Os novos modelos por si só já apresentam diferenças óbvias de estilo de forma a agradar a diferentes utilizadores. Desde logo a versão 101 é a mais desportiva e aquela que agrega componentes de qualidade de topo e específicos do modelo, sobretudo ao nível das suspensões e da travagem. As restantes versões, Super Scout, Bobber, Classic e Sport, aproximam-se mais nos elementos da sua ciclística, embora com algumas diferenças que identificam os diferentes estilos.

Dia 2 – Contacto com as duas versões mais desportivas Scout 101 e Sport

No programa inicial, estes dois modelos, os mais desportivos, estavam previstos serem testado no segundo dia, porém, devido à previsão de mau tempo, a organização antecipou os mesmos para o primeiro dia. Assim, numa manhã algo fresca mas ensolarada em São Francisco, perfilavam-se à saída do hotel as várias Indian Scout, versões 101 e Sport, que iriam ser alvo da nossa apreciação, ao longo de um trajecto especialmente desenhado entre parques naturais e costa californiana, com cerca de 100 milhas, entre São Francisco e Santa Cruz, lugar onde iríamos pernoitar.

Tive a sorte de me ser atribuída a moto 1, a versão branca da Scout 101, aquela que esteticamente mais me agradava e que fazia jogo com o fantástico blusão Indian que vestia, gentilmente cedido pela Indian Motorcycles Lisboa, para que o conjunto moto/piloto fosse o mais harmonioso possível.

Com uma posição de condução bastante confortável e baixa, arrancámos a Scout e percebemos de imediato o funcionar silencioso e sem vibrações do seu motor. Engrenámos a primeira velocidade, com precisão e sem qualquer ruído mecânico aparente e arrancámos suavemente, logo atrás do líder, graças a uma embraiagem também de acionamento leve e de entrega suave da potência do motor. O binário a baixa rotação e a transmissão e caixa algo longas permite-nos rodar pelas pouco movimentadas ruas de S. Francisco apenas com o rodar do punho, com uma primeira e segundas mudanças algo longas.

A primeira sensação é de habituação da colocação dos pés à frente, mesmo na versão mais desportiva 101, os pés estão mais à frente do que é esperado numa moto mais desportiva. Porém não causa desconforto, apenas necessita habituação, e o bom equilíbrio de todo o conjunto ajuda a que a mesma seja bastante rápida.

Aquilo que é mais notório na versão 101, sobretudo a rodarmos em mau piso pelas ruas de S. Francisco, é a firmeza das suas suspensões, invertidas na dianteira, algo compensadas pelo conforto do assento. A travagem no caso da 101 é referência face aos restantes modelos pois é a única que integra pinças Brembo e duplo disco na dianteira. A 101 tal como a versão Sport montam jante de 19” na dianteira e uma pequena cúpula que cobre o farol dianteiro e o painel de informação.

Já depois de sairmos da cidade e em estrada aberta pudemos então disfrutar plenamente daquilo para que uma cruiser norte-americana está pensada e que marca deixa patente no slogan que defende o espírito do modelo “inspired by icons, ridden by legends” e também nós acabamos imbuídos pelo mesmo espírito, quase aventureiro, de nos sentirmos parte de um passado quando o oeste americano era desconhecido e cruzado por colonos que enfrentavam e disputavam terras às tribos nativas índias.

Depois de rodarmos em estradas abertas junto à costa derivámos para o interior para um ambiente de floresta e de estradas que contornam árvores de dimensão colossal. Entre sequoias e cedros gigantes, em estradas reviradas, a Scout 101 mostra todo o seu equilíbrio, permitindo rodar rápido e apurar as travagens à entrada das curvas graças à mordida eficaz das pinças Brembo. Em curva revela uma atitude neutra, demonstrando o perfeito equilíbrio de massas e a eficácia do seu novo chassi tubular em aço, permitindo ajustes em curva quando por distração entramos rápido de mais.

A manhã foi passada aos comandos da versão 101 e depois de um almoço num restaurante típico de montanha, lugar de paragem de muitos motociclistas, foi tempo de trocar de montada para a versão Sport que revelou um comportamento semelhante ao da 101, menos firme de suspensões mas mais confortável e apenas penalizada na travagem já que inexplicavelmente a Scout Sport, ao contrário da 101, apenas monta um disco na dianteira e a pinça não é Brembo. Esta realidade pregou-nos alguns sustos pois vínhamos de uma condução rápida e apurada à entrada das curvas em termos de travagem graças ao sistema Brembo e de repente damos por nós com falta de mordida na dianteira. Logicamente que obrigou a reequacionar a situação e a compensarmos com o uso do travão traseiro, realidade que até aquele momento nos tínhamos esquecido que existia.

No final do percurso de cerca de 100 milhas / 160 kms, ao chegarmos a Santa Cruz, cidade de costa conhecida pela tradição do Surf e pelos desportos radicais em terra como o BTT e o Skate, posso afirmar que não sentíamos qualquer desconforto físico, realidade que confirma o bom acerto de suspensões e de posição de condução assim como a facilidade que demonstrou na sua pilotagem, não sendo de facto uma moto muito exigente.

Dia 3 – regresso a S. Francisco nas restante 3 versões, Super Scout, Classic e Bobber

Tal como já tinha sido anunciado a manhã revelou-se chuvosa e a organização no briefing pediu-nos para rodarmos com cuidados redobrados e colocarmos o modo Rain e o Controle de Tração. Como se previa que as condições de chuva se mantivessem ao longo do dia a Indian Motorcycles cedeu a todos os jornalistas presentes ( cerca de 20 ) fatos de chuva da marca. Um “must” que não é habitual podermos contar ( cada um leva o seu ) e que é demonstrativo do cuidado e atenção com que fomos tratados pela marca.

Ora iríamos então rodar durante este segundo dia, de regresso a São Francisco, nas 3 versões mais “clássicas “ da Scout, a Super Scout, a Classic e a Bobber. De referir que os modelos podem ser declinados em duas versões conforme o equipamento que montam de origem. As versões “Limited” incluem Cruise Control, Riding Modes, Traction Control e tomada USB. As versões Limited +Tech incluem tudo o anterior referido mais painel digital redondo de 4”,  botão keyless de start  e possibilidade de emparelhamento com a app Ride Comand Plus. Todas as versões em que rodámos eram versões Limited +Tech ou seja aquela que vêm mais equipadas.

A primeira que pude rodar foi precisamente a Super Scout, a versão mais equipada da Scout e que inclui de origem um vidro dianteiro, facilmente removível, jantes raiadas, malas laterais da marca com enorme volume graças ao facto de as novas Scout montarem um novo escape com apenas uma ponteira, estando por isso a mala desse lado colocada acima da mesma. Vem também com assento para o pendura e uma decoração específica personalizada. Moto muito confortável ao melhor estilo Big Cruiser, e uma vez que o tempo no segundo dia estava chuvoso o vidro frontal foi mais do que bem-vindo.

A versão Classic é aquela que exibe mais cromados, realidade que realça a sua personalidade mais clássica, inclui também jantes raiadas cromadas, escape e curvas também cromadas, uma colocação do guiador maios alto para uma postura mais descontraída, um farol redondo clássico e é a única que monta guarda lamas mais envolventes ( sobretudo o da traseira ) realidade bem vinda no dia de chuva que nos tocou. A decoração intemporal é também característica deste modelo e as suspensões mantêm as 3” de curso da versão Super anterior.

Já a versão Bobber, como é habitual nos modelos deste segmento, monta guar-lamas cortados e minimalistas, acabamento em negro no motor e componentes, farol dianteiro coberto, jantes de 16” à frente e atrás com pneus de grande dimensão, retrovisores nos extremos do guiador e assento apenas para o condutor.

Curioso percebermos que cada versão, pela inclusão de diferentes componentes no seu set-up, posição do guiador, ajuste de suspensões, colocação dos poisa-pés… acusam e identificam o seu estilo e apesar de a sua ciclística e motorização serem idênticas, proporcionam uma experiência diferente em cada uma.

Conclusão

A experiência proporcionada pela Indian Motorcycles não podia ser mais positiva. A estratégia de desenvolvimento levada a cabo pela marca naquela que é a sua gama de produtos mais importante mostrou que os modelos estão à altura das expectativas e ambições que a marca tem para os mesmos. A declinação em 5 modelos da nova Scout demonstra a preocupação que a marca tem de chegar a diferentes targets de mercado pela diferente abordagem estética e de desempenho de cada modelo.

A evolução e adopção de um quadro único, tubular e em aço, para todos os modelos revelou-se acertada permitindo integrar um radiador de menor dimensão e igualmente eficiente. O motor, agora de 1250cc revela o mesmo comportamento sem vibrações a que a Indian já nos habituou nos seus bicilíndricos, e a nova caixa de 6 velocidades, apesar de uma relação algo longa, faz sentido para as igualmente longas estradas norte-americanas.

O seu desempenho dinâmico confirmou expectativas, sendo motos muito fáceis de levar, com centro de gravidade baixo e uma posição sentada igualmente baixa e confortável na maioria dos modelos, apesar do pouco curso de suspensões.

Do ponto de vista estético de qualidade de acabamentos as novas Scout revelam o cuidado e a importância com que a marca desenvolveu a sua nova gama, sendo “bandeira” da marca e aquela que representa do ponto de vista de negócio a sua maior percentagem.

Gostámos

• – Desempenho do motor
• – Estética e acabamentos
• – Neutralidade e precisão em curva
• – Identidade de cada um dos 5 modelos

A Melhorar

• – Travagem nas versões com apenas um disco dianteiro
• – Transmissão demasiado longa para o mercado europeu

Ficha Técnica

MOTOR

TIPO DE MOTOR	V-Twin (60 graus) refrigerado a líquido
CILINDRADA	1250 cc
DIÂMETRO X CURSO	104 mm x 73.6 mm
RELAÇÃO DE COMPRESSÃO	12.5:1
SISTEMA DE INJECÇÃO ELECTRÓNICA DE COMBUSTÍVEL	Injeção de combustível em circuito fechado / diâmetro 63 mm

PERFORMANCE

HORSEPOWER	105 HP / 79 kW – 111 HP / 88 kW ( versão 101 )
BINÁRIO MÁXIMO (RPM)	6300 rpm
BINÁRIO MÁXIMO (95/E/1/EC NM)	108 nm / 109 nm na versão 101

TRANSMISSÃO

TRANSMISSÃO PRIMÁRIA	Embraiagem em banho de óleo para engrenagem de transmissão
EMBRAIAGEM	Em banho de óleo, multidisco

SUSPENSÃO

SUSPENSÃO DIANTEIRA- TIPO/CURSO	Forquilha telescópica / 120 mm – Invertida na versão 101
SUSPENSÃO TRASEIRA- TIPO/CURSO	Amortecedores duplos / 76 mm

CHASSIS

TRAVÕES DIANTEIROS	disco 298 mm / pinça de 2 êmbolos – duplo disco c/ pinça Brembo
TRAVÕES TRASEIROS	Individual / rotor semiflutuante 298 mm / pinça de 1 êmbolos
PNEUS DIANTEIROS	Metzeler Cruistec 130/90B16 67H – idem de 19” na versão 101
PNEUS TRASEIROS	Metzeler Cruistec 150/80B16 72H
RODAS	Fundida 8 raios 19″ x 3,5″ / Fundida 8 raios 16″ x 3,5″
SISTEMA DE ESCAPE	2 para 1

DIMENSÕES

DISTÂNCIA ENTRE EIXOS	1562 mm
ALTURA DO ASSENTO	680 mm
DISTÂNCIA AO SOLO	113 mm
COMPRIMENTO TOTAL	2206 mm
LARGURA TOTAL	956 mm
ALTURA TOTAL	1155 mm
ANGULO DE INCLINAÇÃO	33°
INCLINAÇÃO	29.0°
RASTO	122.9 mm
CAPACIDADE DE COMBUSTÍVEL	13.0 L
GVWR (PESO BRUTO TOTAL DO VEÍCULO)	449 kg
PESO (DEPÓSITO VAZIO / ATESTADO COM COMBUSTÍVEL)	239 kg / 248 kg

CORES e GARANTIA

COR / GRAFISMO	Sunset Red Metallic com elementos gráficos, Ghost White Metallic com elementos gráficos ( versão Scout 101 )…. e outras
GARANTIA DE FÁBRICA	3 anos, quilometragem ilimitada.

STANDARD

EQUIPAMENTO DE SÉRIE	ABS, Modos de Condução, Porta de Carregamento/Dados USB, Cruise Control, Controlo de Tração, Ignição sem Chave.
LUZES	Farol LED, luz traseira/de travão, luzes de pisca, luz de matrícula e luzes indicadoras.

SISTEMA ELÉTRICO

INSTRUMENTOS

Velocímetro, tacómetro, odómetro, indicador de nível de combustível, gasolina, bússola, temperatura ambiente, indicador de velocidade de caixa.

INFOENTRETENIMENTO

VERSÃO LIMITED +TECH : Ecrã tátil de 4 polegadas com RIDE COMMAND. Os motociclos do ano modelo 2024 incluem um período experimental de 1 ano do RIDE COMMAND+ (após o qual passa a ter um custo), que inclui funcionalidades como o estado do veículo, sincronização de contas e pesquisa intuitiva de destinos. O ecrã tátil inclui relógio em tempo real; temperatura do ar ambiente; tópico; ecrã de informação áudio; mapa/navegação; estado do Bluetooth para telefone e auriculares; estado do veículo (tensão, horas de funcionamento do motor, mudança de óleo); informações do veículo (velocidade, autonomia de combustível, RPM, velocidade de caixa engrenada); dados da viagem atual (distância, tempo de movimento, tempo de paragem, altitude, mudança de altitude); conta-quilómetros de viagem; seleção do modo de condução; luminosidade do ecrã; mostrador de códigos de erro do veículo.

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