No mesmo ano em que a Michelin comemorou o seu 135º aniversário, uma das suas principais fábricas a nível global, sediada em França, celebrou também 90 anos de existência. Lasarte é um lugar chave para o fabrico dos pneus de moto franceses à escala mundial. Tivemos o privilégio de visitar as suas instalações, um autêntico exemplo de eficiência e produtividade, e perceber porque é que se encontra na vanguarda da tecnologia: organização, arrumação, limpeza e um forte investimento em robótica marcam o funcionamento da produção mundial de pneus para moto.
POR ALEJANDRO MÉNDEZ• FOTOS MICHELIN
Inaugurada em 1934, a unidade de Lasarte é a decana das quatro fábricas que a Michelin tem em Espanha, instalada a pouco mais de 10 km de San Sebastián. Na sua larga trajectória industrial de quase um século, já fabricou uma grande variedade de produtos. Em 1934 começou por produzir o primeiro pneu, um modelo destinado a veículos de turismo. Durante o período que abrange o começo da Guerra Civil espanhola e o final da Segunda Guerra Mundial, a fábrica destinou a produção para as forças armadas e para a ajuda humanitária. Na segunda metade do século XX dedicou esforços ao fabrico de pneus de todo o tipo, excepto aos da aviação, dando início a três décadas de amplo crescimento. Foi em 1980 que se especializou na produção específica de pneus para moto e turismo, dedicando-se em exclusivo durante quase outros 30 anos. A partir de 2007 centrou esforços em ser a primeira, e praticamente a única fábrica dedicada em exclusivo à produção de pneus para moto, até ao ponto em que, na atualidade, Lasarte é a fábrica mais importante no fabrico de pneus radiais de moto de altas prestações para uso em estrada, além de alguns outros para competição, de onde são exportados para todo o mundo.
No âmbito da competição, Lasarte, apesar de estar perfeitamente qualificada para isso, não produz os pneus de MotoGP, uma vez que é outra fábrica em França que está encarregue de o fazer, por estar logisticamente situada mais perto da produção da borracha utilizada nestes pneus. Mas fabrica, por exemplo, os pneus utilizados nos Campeonatos do Mundo de MotoE, entre outros.
INOVAÇÃO MUNDIAL
Desde há vários anos, a fábrica “donostiarra” é uma importante referência mundial no que diz respeito à excelência das suas operações, sustentada pelos impressionantes números de produção que alcançam de forma regular de quase 13 000 toneladas de pneus por ano, podendo chegar às 18 000. Os funcionários no quadro da empresa ascendem aos 500, todos especialistas na sua função e muitos deles, familiares de gerações anteriores de funcionários da fábrica. Mas um dos aspectos mais marcantes da fábrica é que se trata da única com todo o fluxo de transporte interno automatizado com a presença e participação ativa de um grande número de Veículos de Condução Autónoma, ou AGV, se tivermos em conta as palavras em inglês. Estes AGV são veículos industriais que transportam a mercadoria pelo interior da fábrica guiados por sensores laser colocados em pontos estratégicos.O recurso a esta tecnologia permite a automatização em muitos dos processos de produção, no manejo de materiais, optimizando a eficiência e a produtividade. Toda a organização e o complexo processo de conversão foi elaborado em conjunto com uma empresa espanhola com sede em Burgos. O resultado é uma moderna e vanguardista instalação, na qual os funcionários foram dispensados de tarefas de carga aborrecidas ou pesadas e de transporte de material, sendo promovidos a supervisores das máquinas que fazem o trabalho.
ALIMENTAR O MERCADO
A produção que sai desta unidade fabril, chega ao mercado com a maior parte da produção destinada aos segmentos sport touring (47%) e sport-hypersport (32%). O segmento trail representa 9% da produção e o off-road em conjunto com o custom reclamam a fatia menor de produção (4% cada um). O resto da produção destina-se ao segmento da competição (MotoE + radial) e ao mercado das scooter (2%, respectivamente). Praticamente toda a produção da fábrica destina-se à exportação, uma vez que a empresa gaulesa é a primeira marca dos principais fabricantes de motos do mercado: BMW, Harley-Davidson, Honda, Aprilia, Piaggio, Moto Guzzi, Yamaha, KTM, GasGas, CFMoto ou a Yadea, entre muitos outros que contam com os pneus Michelin como equipamento de série nos seus veículos novos.
NOVIDADES
Em 2024, a Michelin apresentou três novidades, na forma de três opções asfálticas: sport-turismo, desportiva e trail. Os novos Power 6 representam a opção idónea para os utilizadores que procuram um bom compromisso entre desempenho e durabilidade. É um pneu ideal para uso diário em todo o tipo de motos para trajetos urbanos quotidianos e também para aqueles que procuram fortes sensações desportivas nas viagens por estrada, uma vez que está especialmente pensado para motos com mais de 600 cc. Para os que pretendem um comportamento assumidamente mais desportivo e rodar em estrada e circuito numa proporção de 50/50, o Power GP2 é o mais indicado, oferecendo melhor desempenho e sensações em circuito, ainda que esteja homologado para ser utilizado em estrada e assegurar a melhor aderência em qualquer condição, instalados nas desportivas de última geração. A terceira novidade foram os Anakee Road, uma referência para utilizadores de motos trail com mais de 600 cc e, neste caso, focado em oferecer o máximo desempenho, equipando este tipo de motos numa utilização intensiva em estrada, ainda que com uma mínima capacidade de enfrentar trilhos de terra batida mais ligeiros, dados os seus genes Anakee. Está colocado abaixo do Road 6, ao ser este 100% asfáltico. Por tudo isso, os novos produtos e a moderna fábrica que o produz,
Lasarte, a Michelin continua a ser uma importante referência e ator principal no fabrico mundial dos pneus para moto.
