Um Moto-Rali Turístico em linha tem sempre piada. E este assim foi, com 190 km a ligar Idanha-a-Nova a Celorico da Beira, com a excelente organização conjunta do Góis MC e do MC Covilhã, no tórrido fim de semana de 28 e 29 de junho de 2025.
Foram 70 mototuristas em 44 motos, aqueles que alinharam no desafio intitulado “O Ataque Raiano”. Sim, andou-se um pouco pela raia, no início da passeata que compunha a 4ª jornada do 28º Troféu Nacional de Moto-Ralis Turísticos BMW/Dunlop. Mas o ataque veio de cima, com as temperaturas de 40 graus a fazerem a caravana refugiar-se nas águas do Zêzere, na frescura dos museus, nas sombras das ermidas e na torre de cerveja da carrinha do Paulinho e do João do Góis MC.

Os organizadores, maquiavélicos, obrigavam os desgraçados participantes a caminhadas nas aldeias históricas de Sortelha e Linhares da Beira ou até à Necrópole de São Gens. O que vale é que quem alinha nos MRT quer mesmo conhecer todos os pormenores interessantes do nosso País. Entre uma ou outra resmunguice, todos vão dando aos calcantes, recebendo a recompensa da descoberta de alguns locais onde só mesmo a pé se pode ir. E esta passeata, que já é a 5ª desta fantástica parceria entre dois moto clubes tão amigos, nem terminou com chave de ouro. Começou!
Sim, mal saímos de Idanha-a-Nova, o roadbook – divertido e muito ilustrado pela Susaninha – mandou-nos para o Mosteiro Ortodoxo Romeno da Dormição da Santíssima Mãe de Deus. Bom, lá pensámos “mais uma igreja ou ermida…” Mas, quando numa região árida, entramos num recinto tão fresco, florido e relvado, povoado de casas de madeira trabalhada, sentimos logo que estamos perante um local especial e diferente. E, à entrada da igreja, foi preciso segurar os queixos aos mototuristas. O espanto e assombro perante o colorido das paredes e tetos fez gastar as baterias aos telemóveis com tanta foto e vídeo. E a simpatia das Irmãs e sacerdotes é tal que recomendamos a todos o desvio a este recanto de paz na orla da Aldeia de Santa Margarida.

Embalados por esta energia positiva lá nos fomos divertindo com as surpresas e brincadeiras na Mata da Rainha e Enxames e passeando pelos meandros de Salgueiro, Três Povos e Santuário da Senhora da Póvoa até ao coscuvilhar da sempre espetacular Sortelha, verdadeiro cenário de filmes de época. Com lanches e almoço na barriga, lá se seguiu para norte, torrando pelos asfaltos até Belmonte. Aprendemos mais um pouco sobre a Descoberta do Brasil – muito bom, o Museu dos Descobrimentos –, a comunidade judaica desta vila beirã e, ainda, o que talvez tenha sido a utilidade do imponente Centum Cellas.
Mas o que queríamos mesmo era a frescura das águas do Zêzere, na Praia Fluvial de Valhelhas. Aqui, os organizadores foram amigos, deixando o resto da tarde até Linhares da Beira sem horário. E assim o Zêzere ganhou novas trutas e salmões, numa região onde este rio ainda é bonito, natural e atrativo, antes de ser represado. Aliviados, os mototuristas (de onde destacamos o contingente do MC Albufeira com 11 motos!) lá foram serpenteando pelas faldas da Serra da Estrela, por terras de motocross – Fernão Joanes – e de ovelhas e queijo – Videmonte.

Os hotéis marcados pela organização foram espetaculares: os Inatel de Linhares da Beira e Vila Ruiva, distantes uns 15 km, pois a caravana não coube num só. Mas a noite estava quente e apelativa para as deslocações. E as borgas nas piscinas respetivas e jantar no jardim em Linhares foram marcantes. Que pinta!
Já a etapa de domingo foi minúscula e só deu para aquecer, porque os termómetros continuavam nos 40 graus. Começou com um ‘pedi-paper’ em Linhares e continuou com míseros 37 km até à terra de Sacadura Cabral. Pelo meio, fomos conhecer trilhos de BTT e enduro (só em cartaz), sepulturas medievais e a robusta Ponte da Lavandeira sobre o Mondego, já recuperada dos maus tratos sofridos nas invasões francesas.

E assim, em Celorico da Beira, terminava nova passeata destes imaginativos parceiros da Covilhã e Góis. No Mercado Municipal, onde há dois anos foi servido um bom Oásis no Lés-a-Lés, tirou-se foto de grupo, almoçou-se, beberam-se hectolitros de água e fez-se a ‘protocolar cerimónia de entrega de prémios’, entre galhofa, discursos, cafés e peditórios, e onde Luís Santos, presidente do MC Motards do Ocidente, se destacou pela generosidade. Ofereceu nada mais nada menos que mil euros ao MC Covilhã para este acabar de pagar a moto que doou aos bombeiros da sua cidade! Boa!!
E os mais atentos? Precisamente o Luís Santos! Em segundo os Baqués do MC Porto e, em terceiro, o António Vicente e Sofia dos Motards do Ocidente. Os relaxados Olivença e Carina, com o 6º posto, asseguraram o comando do Troféu quando este terminou a primeira metade. Estarão a caminho do 7º título seguido? Quem sabe…
Faltam mais quatro passeatas e a próxima é já daqui a semana e meia: o 5ª MRT do MK Makinas numa rota termal com epicentro no Caramulo. Será a 12 e 13 de julho e as inscrições podem ser feitas por aqui: