Um relatório agora publicado aponta para a crescente influência da Inteligência Artificial no desporto

A G42, uma consultoria de Abu Dhabi que tem vindo a estudar a influência da Inteligência Artificial, ou IA, no mundo moderno, publicou um relatório detalhado de 60 páginas acumulando dados, opiniões e conclusões sobre como a IA vai afetar tudo no futuro, mas especificamente, como já está a afetar e influenciar o treino de atletas, pratica de desportos e a relação entre os atletas e os fãs, bem como a sua monetização.
A sociedade em geral está a acompanhar coletivamente a curva de adoção da tecnologia, ficando cada vez mais confortável com a IA a cada dia que passa, não só no trabalho, mas também na vida quotidiana.

Os benefícios práticos são numerosos
Cerca de 69% dos executivos desportivos senior, por exemplo, afirmam que se sentem confortáveis a utilizar ferramentas de IA no seu dia a dia. Enquanto 36% dos inquiridos manifestaram preocupação em serem substituídos pela IA, 61% afirmaram não estar preocupados com a perda de emprego.
Em vez do medo, muitos estão agora a concentrar-se nos benefícios práticos: apoio em tarefas aborrecidas ou repetitivas (33%), melhor interpretação de dados (30%) e operações mais tranquilas (27%).

A IA generativa avançou a um ritmo tão acelerado que os reguladores estão a lutar para acompanhar, particularmente em setores como o desporto, onde os dados pessoais e biométricos e até as decisões de desempenho são cada vez mais influenciados pela IA.
Mesmo aqueles que trabalham em estreita colaboração com a tecnologia manifestaram preocupações sobre as implicações das decisões baseadas em IA e da privacidade dos dados.
Os Emirados Árabes Unidos anunciaram recentemente que vão introduzir a inteligência artificial (IA) como disciplina obrigatória em todas as escolas públicas a partir do ano letivo de 2025-2026, uma iniciativa que outras nações também estão a seguir.

IA, Estratégia e Táticas
Com a maioria das organizações desportivas ainda nos estágios iniciais de adoção, os gastos atuais com IA ainda são relativamente baixos. Mais de metade (54%) dos executivos seniores inquiridos no Inquérito IA no Desporto de 2025 não gastam nada, ou gastam menos de 100.000 dólares por ano.
A estes níveis, mostrar retorno no investimento é fundamental, mas isso é difícil quando se trata de estratégia e tática. Em 2024, o G42 monitorizou o impacto da IA nas táticas de treino de equipas: simulando cenários de competição, ajustando a seleção de equipas e treinos.
A IA ainda auxilia na análise pré e pós-desempenho e em algumas decisões durante um jogo, mas ainda está apenas no início das suas capacidades, e nem todos os desportos estão a avançar em uníssono – algo como o futebol americano da Premier League, é mais progressivo do que outros, como o motociclismo.
Os especialistas acreditam que a verdadeira mudança virá quando os reguladores permitirem que as equipas façam mais com dados em direto durante as competições. Na MotoGP, por exemplo, há algum tempo que as motos estão ligadas a GPS, para ajustar eletronicamente a suspensão ou curva de ignição para uma particular curva… mas telemetria ativa, comandada pela boxe, ainda é banida.
Todos vêem esse género de coisa como uma evolução inevitável num futuro próximo da integração entre o desporto e IA, que passará a sugerir melhorias na afinação segundo a sua análise.

Utilizar a IA para processar dados e influenciar decisões durante um treino ou corrida irá desencadear uma transformação ainda maior na forma como o desporto é praticado, gerido e consumido.
Aprender a adaptar-se e a capitalizar os novos recursos será crucial, à medida que a IA continua a evoluir e a melhorar.
Cerca de 41% dos decisores desportivos já utilizam chatbots ou assistentes virtuais de IA para contacto com clientes nas suas organizações, de acordo com o Inquérito IA no Desporto 2025. Desenvolvê-los em agentes autónomos de tomada de decisão é o próximo passo natural. A IA está a ter um impacto drástico no treino, na observação de atletas e no patrocínio e divulgação nos media, alargando os caminhos para o desempenho máximo e abrindo novas fontes de receita para os atletas.
Embora o Inquérito IA no Desporto de 2025 mostre que os executivos desportivos seniores veem o enorme potencial da IA nos desportos, o uso de ambientes semelhantes a jogos eletrónicos no treino de atletas tem vindo a crescer nos desportos profissionais.
Qualquer piloto treina uma pista desconhecida na Playstation antes de a tentar na realidade.

Uma nova faceta deste excitante campo está a emergir na confluência entre ambientes imersivos e dispositivos em rede.
Ao captar fluxos de vídeo e dados de posicionamento à medida que uma moto evolui em pista, por exemplo, a volta ideal pode ser recriada virtualmente – todos os movimentos, gestos com as mãos, e ações nos controles poder ser rendidos digitalmente em tempo real.
Isto é algo que normalmente só era possível com os tipos de câmaras e sistemas de computadores de elevado custo utilizados em Hollywood, como nos filmes Matrix.
Igualmente, na criação de videojogos, os fãs estão a exigir inovação na forma como se envolvem com os seus atletas favoritos, e as organizações estão a responder com maiores investimentos em experiências para os fãs através de IA.
Nos próximos 1 a 2 anos, os executivos desportivos senior planeiam investir especificamente na produção de conteúdos de IA (55%) e no compromisso com a IA para os fãs (38%)-
Ainda é cedo para definir exatamente até onde irá o envolvimento da Inteligência Artificial no desporto… uma coisa é certa, daqui a uns anos, nada será igual!