Ensaio – CFMoto 650GT: Da China, com brio
Imaginem uma fábrica de motos. Moderna. Grande. Não, maior ainda. Imponente, mesmo. Agora, multipliquem a vossa imagem mental da dimensão das instalações por dois ou três e talvez estejam perto de perceber o que é exatamente a Zhejiang ou CFMoto. Conhecida pelos seus Moto4 mas, cada vez mais pelas suas motos e pela sua capacidade industrial, a marca foi inaugurada em 1989, e desde então a fábrica já desenvolveu 98 modelos, que partilharam 51 motores diversos.
Atualmente, fabrica os motores para a Kawasaki Versys 650, que incidentalmente é o mesmo que equipa esta 650GT… e prepara-se para abarcar toda a produção da KTM, algumas 200.000 motos por ano. OK, credenciais técnicas e industriais estabelecidas, podemos regressar ao negócio em mão, a CFMoto 650GT, uma tourer muito agradável e extremamente bem acabada, bonita, suave e fácil de conduzir.
Como vimos, partilha o motor bicilíndrico paralelo da Kawasaki Versys, mas com a diferença de receber uma injeção eletrónica Bosch em vez da Keihin da marca japonesa. Resultado: uns úteis 71 cavalos às 8.750 rpm e muita suavidade de operação – na maior parte dos casos. De resto, este recurso a peças globais de qualidade indiscutível é uma constante na estratégia da CFMoto: vem equipada com pneus Metzeler ou Continental de origem, as pinças de travão são J Juan, a mesma marca que equipa as KTM, tudo isto talvez tendo a ver com a estilização que foi feita pela Kiska.
A primeira impressão ao montar a GT é de compactidade: tudo na moto cai à mão, os instrumentos são muito completos com uma zona em LEDs e os controles, sedosos e bem dimensionados. A posição de condução é mesmo perfeita para o tipo de moto, direita sem ser demasiado emproada, contribuição do guiador assimétrico acabado a negro mate que curva graciosamente para nos colocar os comandos, que incluem manetes ajustáveis, mesmo à mão.
O arranque é feito também em suavidade, e imediatamente sentimos um chassis muito bem equilibrado, com facilidade de inserção em curva do conjunto e saída igualmente linear, que nem chega a ser perturbada pela reação da injeção, que neste modelo é menos pronunciada que noutros da mesma marca que ensaiámos na mesma ocasião.
A subida de regime faz-se sem drama, e a transmissão mostrou-se muito suave, embora algo dura nas passagens de caixa. Basta dizer que num lote numeroso de modelos contactados num Kartódromo algures no centro de Espanha, a GT era uma das unidades favoritas dos jornalistas presentes, nunca estando parada mais que uns minutos.
Na hora de travar, o conjunto de pinças J Juan com discos margarida perfurados e recortados e equipado com ABS Continental responde bem, em termos de desempenho. É progressivo e tem boa mordida inicial, mas falta algo de sensação, especialmente na atuação do disco traseiro. Felizmente não há afundamento pronunciado da suspensão, porque travar com alguma inclinação produzia uma ligeira trepidação da frente. No entanto, e isto via-se também na aplicação dos autocolantes na carenagem, estas eram unidades de pré-produção e pode bem ser que, quando chegarem à fase de comercialização, estes detalhes tenham melhorado.
Na verdade, este modelo é completamente novo, uma evolução da MT introduzida em 2017, também ela, renovada com detalhes mais cuidados, será objeto de um trabalho aqui em breve. Voltando à GT, o banco é profundo e bem acolchoado para condutor e pendura e a traseira não segue totalmente a tendência para exibir dimensões irrisórias que comprometem o conforto de qualquer passageiro. Ah, o vidro dianteiro é ajustável em altura de forma muito simples.
Ainda a completar o conjunto, embora não presentes na unidade ensaiada, há malas dedicadas feitas pela Shad, mais um equipamento de uma proveniência de qualidade. A moto vende por 6.990€, com malas incluídas, e vem no azul metálico fotografado e em cinzento de dois tons.
FICHA TÉCNICA | CF Moto 650 GT |
Motor | Bicilíndrico 4 tempos, DOHC de 8 válvulas, refrigeração líquida |
Diâmetro x Curso | 83,0 x 60,0 mm |
Alimentação | Injeção eletrónica Bosch |
Taxa Compressão | 11,3:1 |
Emissões CO2 | Segundo Normas Euro 4 |
Cilindrada | 649 cc |
Potência máxima | 52kW (70 cv) às 8.500 rpm |
Binário Máximo | 62 Nm às 7.000 rpm |
Embraiagem | Multi-disco em óleo |
Caixa | 6 velocidades |
Ciclística | Quadro em aço tubular |
Dimensões | 2.120 x 780 x 1.100 mm |
Suspensão
Frente |
Forquilha telescópica hidráulica invertida de 43mm |
Traseira | Monoamortecedor lateral em braço oscilante |
Pneus, Frente – Trás | 120/70 ZR17 – 160/60 ZR17, tubeless |
Travão dianteiro | 2 Discos 240mm, pinças 2 êmbolos, ABS |
Travão traseiro | Disco de 240 mm, pinça 2 êmbolos |
Trail | n.d. |
Altura do assento | 820 mm |
Distância entre eixos | n. d. |
Distância livre ao solo | n. d. |
Transmissão final | Corrente |
Peso, ordem de marcha | 193 kg |
Depósito de combustível | 17 L /3 L reserva |
Importador | Puretech, Matosinhos |
Concorrência:
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