No passado a Indian marcou profundamente a história das motos norte-americanas a par com a Harley-Davidson. O seu percurso histórico ( ver aqui ) foi no entanto conturbado desde o início da sua fundação no principio do Séc. XX, passando por várias fases e vários protagonistas detentores da marca que por diferentes motivos não conseguiram criar a necessária estabilidade financeira e de mercado que fosse garantia de um percurso estável durante mais de um século.

Foi apenas no ano de 2011 e após a aquisição da marca pela Polaris que a Indian voltou à ribalta. Foram recuperados os seu modelos mais emblemáticos como a Chief e posteriormente a Scout, mas a marca pretendia dar um salto para o futuro e ganhar novos segmentos de mercado junto de um target mais jovem. A aposta na recuperação de um histórico da marca ligado às competições de Fat Track foi uma aposta ganha. A Indian Scout FTR 750, especialmente concebida para disputar o campeonato americano de Flat Track, obtém vitórias sucessivas pilotada por Jared Mees nos campeonatos de 2017 e 2018. Fruto desse protagonismo nas pistas de Flat Track a Indian decide avançar com o projecto de criar à imagem da sua moto de competição uma versão comercial sob o nome FTR 1200.

Assim nasceu em 2018 o protótipo que deu origem ao modelo definitivo que tivemos oportunidade de ensaiar recentemente. A versão testada foi a versão standard sendo que existem 2 outras versões: A versão S e a versão S Race Replica, sendo que as diferenças são basicamente nas decorações, nas suspensões dianteiras que têm afinação, no painel de informação “touch screen” e nas ponteiras Akrapovic na versão S Race Replica que tem o quadro pintado de vermelho.

Ao olharmos por primeira vez para a Indian FTR 1200 não podemos deixar de nos deslumbrar com as suas linhas, inspiradas sem dúvida nas americanas de Flat Track, mas com um toque de naked desportiva. Digamos que o seu DNA de Dirt está bem presente e a sua estética carrega consigo toda uma herança histórica da Indian mas em simultâneo consegue passar uma imagem de contemporaneidade directamente associada ao segmento de motos neo-clássicas que tanto desenvolvido tem vindo nos últimos anos a sofrer e onde vemos a maioria marcas a criarem gamas cada vez mais extensas de motos que combinam linhas clássicas com tecnologia actual.

A Indian FTR 1200 é a simbiose perfeita entre a tradição, o espírito da competição e a alta tecnologia. E embora “carregue o pó” das pistas de Dirt, realidade que transparece nas suas linhas e em alguns dos componentes que monta, como as rodas de 19” na dianteira e o tipo de pneus de piso de Dirt especialmente desenvolvidos pela Dunlop para este modelo, a sua vocação é no entanto essencialmente de estrada. A montagem de uma roda de 18” na traseira ( as Flat Trackers usam 19” na dianteira e na traseira ) dá-lhe precisamente a possibilidade de escolha de uma maior variedade de pneus com maior vocação para a estrada. As jantes são de 10 braços muito estilizados e de belo efeito.

O quadro é comum aos 3 modelos e é do tipo trelissa em aço com um sub-quadro em alumínio. As suspensões dianteiras e traseiras são da SACHS , invertida de 43mm na dianteira e mono-amortecedor na traseira. No caso da versão que testámos apenas o amortecedor traseiro é regulável em pré-carga e extensão.

A nível dos travões a Indian FTR monta pinças da Brembo de 5 pistons com dois discos de 320mm na dianteira e um disco de 265mm na traseira com pinça de 2 pistons. A travagem é precisa e de excelente tacto e assistida por ABS.

O motor da FTR 1200 é um bicilíndrico em V a 60º de 1.203cc, com arrefecimento líquido que debita 123cv às 8.250 rpm e atinge um binário máximo de 120 Nm às 5.900 rpm. Surpreendeu-nos a suavidade do seu funcionamento, isento de vibrações ou ruídos estranhos, e o desempenho da embraiagem deslizante nas passagens de caixa, de 6 velocidades, muito precisa e nada ruidosa. As acelerações são marcados pelo típico binário de um dois cilindros em V estando sempre disponível potência desde os baixos regimes o que torna a condução muito divertida, não obrigando a passagens de caixa frequentes se quisermos rodar com maior suavidade e conforto.

A posição de condução é bastante natural embora de início estranhemos a altura do assento, normal se esquecermos que é uma Indian e pensarmos antes numa Naked Desportiva. Para todos efeitos a FTR é mesmo uma Naked Desportiva, quer pelo seu comportamento, pela posição de condução, com peseiras recuadas e assento alto e com os braços numa posição típica de naked desportiva, com um guiador Pro Taper não muito largo nem alto, ideal para a condução desportiva a que a FTR convida, semelhante ao de uma Triumph Speed Twin ou até mesmo da nova Suzuki Katana.

O painel de informação ao contrário das versões S é muito simples e do tipo analógico e sinceramente apesar da sua simplicidade achamos que é o que combina melhor com o aspecto compacto e neo-clássico da FTR. Os faróis, dianteiro e traseiro, são de tecnologia LED. A traseira da FTR é especialmente bonita, integrando o farol na extensão do assento e contribuindo para a fluidez das linhas da moto… belíssima. Aliás em matéria de design a FTR é já um icon de personalidade marcante e incomparável com qualquer outro modelo do mercado.

Em estrada a Indian FTR 1200 tem um desempenho de excelência. Gostámos da efectividade das suas suspensões, mesmo sem regulação resultam num compromisso acertado para o tipo de moto e para o tipo de condução desportiva que nos leva a imprimir. Boa leitura da estrada e boa estabilidade em curva que, pelo seu peso de 222 kg, obriga a uma atitude mais física no entanto compensada pelo seu centro de gravidade baixo graças à colocação do depósito de combustível debaixo do banco.

Com um som envolvente e rouco das suas duas ponteiras de escape a Indian FTR 1200 dá um enorme salto em termos de posicionamento da marca para o futuro criando uma nova plataforma que garantirá certamente novos modelos a serem desenvolvidos proximamente. A Indian com a a sua FTR conseguiu quebrar com o estereotipo de marca reconhecida apenas pelas suas enormes cruisers e abrir a sua gama a um novo, interessante e certamente mais abrangente, segmento de mercado, com olhos postos também na Europa.

Em termos de tipo de utilização a Indian FTR 1200 pode ser comparável a outros modelos, como por exemplo as neo-clássicas BMW R Nine T ou as Triumph Speed Twin ou até mesmo como referimos antes com uma Suzuki Katana ou uma Kawasaki Z900 RS no entanto no seu estilo é mesmo única e incomparável.
PVP’s Modelos
– Indian FTR 1200 14.690€*
– Indian FTR 1200 S 15.990€*
– FTR 1200 S RR 17.290€* ( Race Replica)
*Acresce valor despesas de documentação
A Indian propõe 4 Packs de personalização:
Pack Tracker 3.321,04€
Pack Rally 6.310,01€
Pack Sport 1.390,94€
Pack Touring 1.806,05€
Outros Acessórios: Escape Akrapovic 1.229€, Suporte elevado matricula 275,73€, Guiador alto 132,23€ , Para-brisas elevado 183,48€ + suportes 234,72€
Ficha Técnica
Motor | |
Cilindrada | 1203,0 cc |
Potência | 123 CV às 8.250 rpm |
Taxa de compressão | 12.5:1 |
Motor | V-Twin Arrefecimento Líquido |
Alimentação | EFI / Corpo de 60mm |
Escape | 2-em-1 |
Binário max. | 120Nm às 6000 rpm |
Transmissão | |
Caixa de velocidades | 6 velocidades |
Embraiagem | Deslizante |
Ciclística | |
Pneu dianteiro | 120/70R19 60V |
Pneu traseiro | 150/80R18 70V |
Suspensão dianteira | Forqueta Invertida de Cartucho / 150mm |
Suspensão traseira | Monotubo IFP / 150mm |
Travão dianteiro | Duplo / Disco 320mm x t5 / Pinça de 4 Pistões |
Travão traseiro | Simples / Disco 265mm x t5 / Pinça de 2 Pistões |
Dimensões | |
Comprimento | 2287 mm |
Largura | 850 mm |
Altura (mm) | 1297 |
Distância entre eixos (mm) | 1524 |
Distância ao solo | 183mm |
Altura do assento | 805mm/840mm |
Capacidade do depósito | 13 l |
Peso a seco | 221 Kg |
Peso em ordem de marcha | 230 Kg |

Concorrência

Kawasaki Z900 RS 948cc / 111 CV / 215 Kg / 12.795 eur

Suzuki Katana 999cc / 150 CV / 215 Kg / 13.999 eur

Triumph Speed Twin 1.200 cc / 97 CV / 196 Kg / 13.200 eur
Galeria de Imagens Indian FTR 1200