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Ensaio Moto Guzzi V85 – Uma “Clássica Enduro” que promete desestabilizar

By on 26 Abril, 2019

Fomos para este ensaio sem quaisquer expectativas e sem obtermos qualquer informação sobre opiniões ou experiências de jornalistas do sector e tão somente com os dados técnicos e comentários desde o anúncio do seu lançamento há um ano atrás na feira de Milão em 2017.

Depois de termos estado em Colónia e Milão de 2018 e terem-nos apresentado as versões definitivas a serem comercializadas, marcou-nos sobretudo a imagem do seu conceito alternativo, certamente original, desenvolvido pelo designer responsável Mirko Zocco e que foi buscar referências ao passado, ao tempo das Maxi Trails dos anos 80 preparadas para participar nas grandes competições de Raids e Bajas. O duplo farol e proteções assim como o estilo e a decoração cromática, sobretudo das duas versões multicolores, fazem de facto lembrar as grandes Trails dos anos 80, Yamaha XT’s, BMW 100GS, Honda NXRV e também a Cagiva Elefant 900, esta já no inicio de 90.

A Moto Guzzi V85 vem por isso abrir um segmento novo nas motos Adventure, que se define como “Classic Enduro” e que se caracteriza por uma enorme aptidão para todo o tipo de terrenos, sem sacrificar conforto nem autonomia, sendo uma referência em termos de facilidade de condução e segurança graças à sua ciclística, às suas ajudas electrónicas e ao setup geral da moto.

A primeira coisa que nos impressionou foi a posição de condução, onde tudo parece estar no sítio certo, à altura certa e com uma mais valia importante que é o facto de chegarmos com os dois pés bem ao chão, realidade que numa moto Adventure não é muito comum, mas que na V85, graças à estreiteza do conjunto depósito/assento no ponto de união entre os dois, proporciona uma distância ao chão mais curta e directa. Este factor é ainda muito relevante quando fora de estrada conduzimos a V85 em pé, dando a ideia que estamos numa verdadeira moto de enduro  e onde conseguimos encaixar bem  joelhos na zona mais frontal do assento.

O guiador é largo e de espessura variável dotando a V85 de uma boa manobrabilidade ajudada pela leveza que sentimos na sua frente. Aliás uma referência especial à agilidade que sentimos de início quando arrancamos pela primeira vez na V85 onde tudo parece fácil e equilibrado denotando uma excelente distribuição de massas na concepção do modelo.

Um dos ex-libris deste modelo para além de ser único em termos de concepção é o seu motor. Desenvolvido de raiz e mantendo a tradição dos dois cilindros em V transversais a 90º, com 853cc de cilindrada debita 80CV às 7.750 rpm, o que à partida pode parecer algo curto em relação à concorrência no entanto o seu também de 80Nm às 5.000 rpm e estando disponível em 90% a partir das 3.500 rpm, conferem uma condução muita divertida da V85, com subidas de regime cheias e com binário a baixa sempre disponível para não termos que passar demasiada caixa. O motor não é muito rotativo, aliás o redline e o corte de ignição é logo às 7.800rpm, praticamente onde atinge o valor de potência máxima, talvez limitado por ser um motor com apenas 2 válvulas por cilindro e não 4, sendo no entanto o motor Guzzi mais rotativo de todos e mais compacto e leve dos motores anteriores de cilindrada idêntica.

O motor é bastante silencioso e com poucas vibrações, mantendo uma ligeira mas tradicional sensação de torção do quadro quando aceleramos parados. Podemos optar por 3 modos de motor, Road, Rain e OffRoad, graças ao Ride by Wire, e não existe nenhum corte de potência máxima e apenas uma alteração na gestão do acelerador, assim como no controle de tração e no ABS da Continental, que desliga à roda traseira em modo OffRoad. A caixa de 6 velocidades é precisa, sobretudo a rodar, mantendo um ligeiro e também característico “clunk” quando engrenamos a primeira velocidade.

A V85 monta um quadro de estrutura tubular, que utiliza o motor como elemento de reforço estrutural, prescindindo assim de sub-quadro e aumentando a distância ao solo, realidade muito útil em condução fora de estrada. O motor está protegido por um elemento em alumínio que envolve também a parte inferior e mais exposta dos coletores de escape. A transmissão por veio colocada no lado direito permite que o braço oscilante do lado esquerdo tenha uma curvatura permitindo a passagen do coletor de escape que liga o elemento catalítico à ponteira.

As suspensões dianteiras são Kayaba invertidas de 41mm com ajuste de pré-carga e hidráulico e o mono-amortecedor traseiro do estilo cantilever tem também ajuste de pré-carga de mola e hidráulico. O seu funcionamento garante conforto graças ao curso de 170mm em ambos e em simultâneo têm um bom desempenho quer em estrada quer em todo-o-terreno ( soft ) permitindo uma boa leitura da estrada e superando as suas imperfeições garantindo segurança e controle.

Os travões são outro elemento de excelência pois monta 2 discos de 320mm na dianteira com pinças Brembo de 4 pistons e 1 disco na traseira de 260mm com pinça Brembo de 2 pistons. Tem um excelente tacto e garantem uma travagem vigorosa quando necessária sendo suaves no início o que em todo terreno acaba por ser uma mais valia.

O depósito tem a capacidade de 23 litros sendo no entanto estreito ao nível dos joelhos como já referimos anteriormente o que transmite uma sensação de total encaixe na moto, com os joelhos bem encostados na zona côncava do depósito e protegidos na frente pelas cabeças do motor. Nos cerca de 500Kms que realizámos com a V85 obtivemos um consumo médio de 4,6 l/100Kms o que faz com que a V85 tenha uma autonomia em viagem perto dos 500 Kms.

O painel de informação é do tipo TFT a cores e monta um sensor de intensidade de luz. A sua dimensão é reduzida comparativamente à concorrência mas tem boa leitura e contraste. Inclui toda a informação habitual, conta kms, tacómetro, odómetro com 2 medições de percursos, relógio, indicador de combustível, de mudança engrenada e de modo de motor selecionado. Este último tem a particularidade de ser alterado após arranque do motor pois é precisamente no mesmo botão do motor de arranque que se selecionada o modo de motor pretendido. O painel mostra ainda os consumos instantâneos e médios e um led avisador para mudar de velocidade ( este último pode ser ajustado também para mais ou mesmo rotação ).

Em estrada a V85 revelou um excelente comportamento, para além do conforto referenciado tem um excelente comportamento em curva, muito precisa a desenhar trajectórias e ágil no encadeamento de curvas, bons travões sem demasiado afundamento da roda dianteira à entrada das curvas, a confirmar o excelente desempenho das suspensões Kayaba, e peseiras a roçarem ligeiramente o solo em situações de maior inclinação, talvez a estabelecerem o limite a que devemos conduzir a V85. Gostámos do comportamento dos Pirelli Anakee em alcatrão, com um nível de aderência acima da média para serem pneus mistos e apesar da roda dianteira ser de 19”, uma dimensão mista apropriada para estrada e terra. A V85 vem ainda com “Cruise Control” muito fácil de acionar e controlar a partir de um só botão que permite subir e descer a velocidade de cruzeiro com um simples toque e desligar apenas com o pressionar da manete do travão.

O duplo farol dianteiro de tecnologia LED marca sem dúvida alguma a personalidade da V85, onde podemos constatar um elemento estético alusivo ao logotipo da marca e que é em simultâneo o elemento de iluminação diurna. Reconhecemos que do ponto de vista estético pode-se gostar ou não gostar mas considerando o posicionamento da marca relativamente à V85 como Classic Enduro há que reconhecer que este elemento é evocativo das grandes Trails dos anos 80/90 que competiam nas grandes Raids da época. Pela nossa parte reconhecemos que a estética da V85 apesar de invulgar está muito bem conseguida, sobretudo nas versões multicolores, que são aquelas que mais nos remetem para o passado que serviu de inspiração para a concepção deste novo modelo.

A Moto Guzzi V85 representa uma enorme evolução para a marca italiana que não só porque extende agora a sua oferta a um novo segmento de motos com enorme desenvolvimento como também o novo motor pode vir ( virá ) a dotar de futuro novos modelos da marca beneficiando do desenvolvimento que foi realizado no mesmo.

A Moto Guzzi V85 apesar de ser uma referência única no sub-segmento em que se posiciona, é uma séria concorrente no segmento das Motos Adventure de média cilindrada, pois graças ao excelente desempenho da sua ciclística, à sua autonomia e conforto, à facilidade e agilidade que demostrou possuir em qualquer situação e em qualquer terreno e sobretudo à evolução que o novo motor demonstrou ter, quer na suavidade de entrega da sua potência, quer no binário sempre disponível desde os baixos e médios regimes, onde demonstra especial disponibilidade entre as 3.000 rpm e as 6.000rpm, concorre directamente com uma série de modelos de marcas que tradicionalmente têm vindo a dominar o mercado. Para além de todo o potencial e qualidades que demonstra possuir é ainda uma excelente moto para o dia a dia, onde o chegar com os pés ao chão oferece uma maior sensação de segurança em termos de mobilidade urbana e onde a sua agilidade permite com facilidade conduzir no meio do tráfico urbano.

A Moto Guzzi disponibiliza uma lista extensa de opções e acessórios, entre outras uma plataforma multimédia que permite sincronismo com um smartphone, para poder ouvir música, atender chamadas e navegar até um destino pré-definido . Propõe ainda diferentes packs/conjuntos de acessórios :

Pack Touring – inclui top case e malas laterais em alumínio, vidro mais alto, luzes auxiliares LED, proteções de motor, descanso central e App multimédia para sincronismo com smartphone.

Pack Urban – inclui malas laterais, App Multimédia, descanso central e alarme.

Pack Sport Adventure – inclui escape especial em titânio, proteções de motor, amortecedor traseiro Ohlins e espelhos retráteis

A MotoGuzzi V85 está disponível em 5 cores distintas, 3 mais urbanas e 2 mais icónicas e alusivas às decorações dos anos 80. As 3 cores mais comuns são o Cinzento Atacama, o Azul Atlante e o Vermelho Vulcano. As versões cromáticas mais coloridas são duas: o Amarelo Sahara e o Vermelho Kalahari.

Ficha Técnica Completa ( Consultar AQUI )

Moto Guzzi V85     853cc / 80 CV / 229 Kg / 11.874 eur

 

Concorrência

BMW R Nine T Urban GS   1.170cc / 110 / 221Kg / 14.678 eur

Scrambler Ducati  Desert Sled    803cc / 73 Cv / 209 Kg / 11.895 eur

Triumph Scrambler 1200 XC     1200cc / 90 /  295 Kg / 14.900 eur

 

Galeria de Imagens

 

 

 

 

 

 

 

 

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