Cerca de dez anos depois de ser apresentada a Z1000 SX, modernizada, em quarta geração rebatizada como Ninja 1000 SX e pronta a vingar no campo turístico e desportivo, a ‘faz-tudo’ de Akashi proporciona o melhor de dois mundos, leva-nos a qualquer lado e quebra de uma só vez com a monotonia que se vivia no segmento das Sport-GT.
Ensaio realizado por Ricardo Ferreira, equipado com blusão e luvas Clover e capacete Givi, cedidos por MOTONI.
FOTOS DE RUI ELIAS

Para fazer os mundos do desporto e do turismo coexistirem, era sabido que adotar o sobrenome das motos mais rápidas de Akashi não bastaria. A nova Ninja teria de ter um visual a condizer. A frente alongada e estreita, a bolha redesenhada e ambos os lados da carenagem revistos para dar maior proteção – num primeiro olhar percebe-se que as suas linhas direitas foram beber alguma inspiração à soberana H2 – e a nova iluminação por Leds, dão razão a esse objetivo.

Os designers da Kawasaki sabem o que fazem, mas também sabem que a Z1000 SX é a Sport-GT mais vendida no Reino Unido e que num tempo de ‘vacas magras’, no segmento das motos de sport-turismo nada poderia ser deixado ao acaso.

Assim, a renomeada Ninja 1000 SX acolheu um novo painel TFT que pode mudar de cor (basta pressionar um botão e o fundo fica preto ou branco), que tem três modos de pilotagem (Sport, Road e Rain) e uma quarta possibilidade (Ride) ligada diretamente ao controlo de tração (KTRC). A isto soma-se na vertente eletrónica o Quick-Shifter (KQS) para facilitar as passagens de caixa, o Cruise Control eletrónico e um novo escape de uma só ponteira em vez das duas anteriores (menos 2 kg) e o motor compatível com a norma Euro5.
MOTOR / CAIXA DE VELOCIDADES

Aninhado sob a nova e elegante carenage da Ninja 1000 SX está um motor de 1034cc, de quatro cilindros em linha DOHC. Já existe há algum tempo, desde o tempo da Naked Z1000 de 2003. Logicamente, passou por pequenos ajustes e mudanças, principalmente para manter a sua conformidade, mas em boa verdade não precisou realmente de grandes atualizações, uma vez que é uma unidade muito fácil de utilizar.
Quando se procura versatilidade nada melhor do que um quatro cilindros em linha! E nesse aspeto, a Ninja SX é exemplar. O seu motor DOHC de 16 válvulas é macio e progressivo a baixas velocidades, estica o peito a regimes médios e não hesita em provocar a zona vermelha do conta-rotações. Sem ser explosivo, as acelerações, são eficientes e agradáveis, com uma potência máxima no motor de 142 CV, muito fáceis de dosear…

Na caixa de 6 velocidades, o quick shifter que facilita a transição de engrenagens por parte da embraiagem, é fantástico! Permite mudanças rápidas sem o acionamento da manete de embraiagem, é muito eficiente a velocidades médias e altas, e menos abaixo das 2.500 rpm.
Conclusão: quando se procura uma combinação de versatilidade, conforto e desportivismo, nada melhor do que um quatro cilindros em linha. E nesse aspeto, a Ninja SX é exemplar!
CONFORTO E ERGONOMIA

Os avanços altos e planos do guiador fixos ao topo dos garfos forçam-nos a ficar numa posição neutra e confortável, somente ligeiramente inclinada para a frente para distribuirmos algum do nosso peso pela secção traseira. É a convencional postura de uma Sport-GT que permite colocar mais tração na roda traseira sem correr o risco de ‘perder a frente’ na próxima curva.
Retocado para aumentar o conforto o assento está um pouco mais alto, 835mm acima do solo, o que para os nossos 1,82 metros não representa um problema. Os condutores mais baixos vão sentir a diferença para a Z1000 SX, mas tranquilizem-se, porque um assento de 820mm está disponível como opção.

As mãos assentam com naturalidade sobre os punhos, os pousa-pés poucos recuados e o depósito com laterais esculpidas em profundidade, protegem-nos convenientemente atrás da volumosa carenagem. Em resumo, uma posição de condução ergonómica, confortável o suficiente para se viajar tranquilamente a dois.

Finalmente, em termos de proteção, a bolha regulável em 4 posições é digna do que pudemos esperar de uma sport-GT.
CONDUÇÃO

Com os seus 235 quilos a Ninja SX não é uma peso-pluma, mas a distribuição de massas está muito bem feita. A baixa velocidade e com o modo Sport inserido, em curvas apertadas, a frente por vezes parece querer ‘disparar’ obrigando-nos a segurar a moto com firmeza.
No entanto, a partir do momento em que ganhamos velocidade passa a oferecer uma precisão fantástica, sobretudo nas curvas de maior ângulo e tomadas a boa velocidade, que são o seu ‘prato favorito’.

Por outro lado, se escolhermos o modo Road as coisas mudam. O motor fica mais doseável, a parte ciclística homogénea e o equilíbrio geral aumenta para podermos somar quilómetros em qualquer piso sem fadiga – mesmo num dia abrasador como o dia da sessão de fotos.

Macio e progressivo a baixas velocidades, o motor de tetracilíndrico estica o peito a regimes médios e não hesita em provocar a zona vermelha do conta-rotações, com uma aceleração mais poderosa a partir das 7.500 rotações por minuto. Sem ser explosivo, as acelerações, são eficientes e agradáveis, com uma potência máxima no motor de 142 CV, muito fáceis de dosear… A nova Sport-GT de Akashi facilmente, e com grande economia, pode ser levada em auto-estrada a cerca de 140-150 km/h, com uma proteção aerodinâmica muito razoável – o écran pode ser colocado em 4 posições, e na mais elevada, apenas a cabeça e ombros sofrem com a deslocação. Mas existe um outro lado da questão.

Conduzida em circuito, percebe-se que na Ninja SX com o motor mapeado para o modo Sport tem um o puxão fortíssimo, ‘dispara’ convicto a partir de 3ª velocidade e num instantinho nos leva a uns 245 km/h…, revelando uma capacidade de aceleração pouco comum na sua categoria. Motos como a Honda VFR 800 F e a BMW R1250 RS… que se cuidem com esta ‘Kawa’ num qualquer Track Day de pista.
AJUDAS À CONDUÇÃO
A chegada em 2020 de um acelerador do tipo fly-by-wire permitiu à marca japonesa introduzir 3 novos mapas, cada um com diferentes mapeamentos de motor e definições de controlo de tração. Enquanto nos modos Sport e Road a potência permanece nos 142 CV, esta desce para cerca de 106 quando selecionamos o modo Rain.

Além disso, o controlo da tração tornou-se mais intrusivo, para evitar que se perca a aderência traseira em mau piso.. Um quarto modo Rider permite ao piloto fazer ajustes personalizados, ou desligar o controlo da tração. Damos as boas vindas ao ‘cruise control’, ajuda preciosa para não sermos surpreendidos pelos radares em auto-estrada, e ao painel de cores TFT com dois display ligeiramente diferentes. A leitura é clara, e encontramos num piscar de olhos as informações que procuramos.
GOSTÁMOS
Linhas arrojadas e desportivas
Modos de condução
Conforto para o condutor e passageiro
Agilidade e equilíbrio em curvas rápidas
Caixa com ‘quick-shifter’
A MELHORAR
Proteção aerodinâmica
Passagens de caixa intrusivas no modo Sport
EQUIPAMENTO E ACESSÓRIOS
Os fãs do turismo continuam a ter em 2020 uma completa linha de acessórios para a Ninja SX, mais a opção de punhos de guiador aquecidos e até uma porta USB por baixo do assento, como parte de uma longa linha de acessórios práticos e desportivos genuínos. Três novas cores estão disponíveis: preto, verde e branco.

BALANÇO FINAL

Sendo uma verdade que o segmento das Sport GT passa hoje por tempos difíceis – já lá vai a altura em que modelos como a Honda VFR 800 F e a BMW R1250 RS eram muito pretendidos – esta nova Kawasaki dá a volta com uma ciclística evoluída, totalmente modernizada na eletrónica e com um comportamento em estrada muito equilibrado.

A intenção da Kawasaki de avançar tanto no capítulo desportivo como de turismo neste modelo, foi em pleno alcançada, até porque esta moto declara muito potencial na condução, qualidade de materiais e equipamento à altura de uma Sport GT de topo. O ‘segredo’ para o seu sucesso futuro, vai passar sem dúvida pela eletrónica apurada desta 4ª geração que permite regular os regimes do motor, pelo completo equipamento de série e inúmeras possibilidade em termos de acessórios.

A Kawasaki Ninja 1000 SX Tourer do ensaio é vendida com o conjunto de malas laterais com tampas à cor e bolsas interiores, o kit de chave única, a viseira “Touring”, os punhos aquecidos, o suporte de GPS, a proteção do depósito e quadrante. Tem um PVP de 16.390 euros.
Outras versões da Kawasaki Ninja 1000 SX:
Ninja 1000 SX: 15.190€
Ninja 1000 SX SE (cor cinza): 15.390€
Ninja 1000 SX SE “Tourer”: 16.590€
Ninja 1000 SX “Performance”: 16.490€
Ninja 1000 SX SE “Performance”: 16.690€
Ninja 1000 SX “Performance Tourer”: 17.590€
Ninja 1000 SX SE “Performance Tourer”: 17.790€
GOSTÁMOS
Estética arrojada e desportiva
Modos de condução
Conforto para o condutor e passageiro
Agilidade e equilíbrio em curvas rápidas
Caixa com ‘quick-shifter’
A MELHORAR
Proteção aerodinâmica
Passagens de caixa intrusivas a baixa velocidade no modo Sport

FICHA TÉCNICA
Kawasaki Ninja 1000 SX Tourer
Preço: 16.390 €
Disponibilidade: imediata
Motor | |
Tipo | 4 cilindros em linha, DOHC, 16 válvulas |
Diâmetro x curso | 77,0 x 56,0mm |
Cilindrada | 1043cm3 |
Binário máximo | 111 Nm (11.3 kgm) / 8,000 rpm |
Taxa de compressão | 11.8;1 |
Sistema de distribuição | DOHC, 16 válvulas |
Refrigeração | Líquida |
Sistema de coombustível | Injeção de combustível: Ø 38 mm x 4 válvulas de acelerador ovais |
Ignição | TCBI c/ Avanço Digital |
Transmissão | 6 velocidades |
Transmissão final | Corrente selada |
Chassis | Quadro dupla trave de alumínio |
Suspensão dianteira | Garfo de cartucho invertido totalmente ajustável de 41mm |
Suspensão traseira | Monoshock assistido de pré-carga e amortecimento de mola e desajustado horizontalmente; 5,4 polegadas de viagem |
Pneu dianteiro | 120/70 ZR17; Bridgestone Battlax Hypersport S22 |
Pneu traseiro | 190/50 ZR17; Bridgestone Battlax Hypersport S22 |
Travão dianteiro | Dois discos de pétalas semi-flutuantes de 300mm c/ pinças monoblocos montados radialmente e bomba radial |
Travão traseiro | Disco pétala de 250mm, ABS |
Abs | De série |
Dimensões | |
Distância entre eixos | 1.440mm |
Ancinho | 24,5 graus |
Trail | 4,0 polegadas |
Altura do assento | 835 mm |
Capacidade de combustível | 18 litros |
Peso com líquidos | 235kg |


*Equipamento
– Composição do pack “Tourer”: conjunto de malas laterais com tampas à cor e bolsas interiores; kit de chave única; Viseira “Touring”; Punhos aquecidos; Suporte de GPS; Proteção do depósito e quadrante;
– Composição do pack “Performance”: Escape Akrapovic; Viseira escurecida; Baquet (cobertura assento passageiro); Proteção do depósito e motor (cogumelos);
– Composição do pack “Performace Tourer”: é a soma dos componentes da versão “Tourer” e “Performance”, apenas com a inclusão de uma viseira “touring” escurecida.
* Existem ainda mais acessórios disponíveis como o banco mais baixo, banco em gel, Top Case e GPS.
Concorrência
BMW R 1250 RS – 15.749 € | 1254cc / 136 CV / 243 kg

DUCATI SUPERSPORT S – 13.345 € | 937cc / 113 CV / 184 Kg

SUZUKI GSX-S 1000F – *13.499 € | 999cc / 150 CV / 214 kg (+ 981 euros c/ pack Sport Tourer, na foto)

MV AGUSTA TURISMO VELOCE 800 LUSSO – 19.990 € | 798cc / 110 CV / 192 Kg

YAMAHA TRACER 900 GT – 12.750 € | 847cc / 115 CV / 215 Kg
