Testámos a Suzuki GSX-8S – Uma naked desportiva e versátil de última geração
A convite da Moteo Portugal deslocámo-nos à cidade do Porto para conhecer de perto os dois mais recentes modelos da gama Suzuki, a naked desportiva GSX-8S e a maxitrail V-Strom 800, duas motos desenhadas de raíz, a partir de uma folha em branco, que partilham o mesmo motor, realidade que há muito ansiávamos por parte da Suzuki. No programa desenhado para quase três dias a Moteo decidiu apresentar primeiro a nova naked desportiva de média cilindrada, a Suzuki GSX-8S, uma moto com que a Suzuki ataca um segmento muito competitivo, onde a concorrência é feroz, tanto nas marcas nipónicas, como nas europeias e onde as chinesas começam também a mostrar “os dentes”.
As duas cores disponíveis na apresentação realizada
No desenvolvimento da nova naked de média cilindrada os engenheiros da Suzuki quiseram criar uma desportiva que despertasse em simultâneo emoções fortes pelo seu desempenho mas que também fosse acessível a um leque abrangente de condutores. Na apresentação, que antecedeu o contacto com a mesma, percebemos o conceito e o objectivo da nova GSX-8S assim como o seu posicionamento face à restante gama da Suzuki e face ao próprio mercado.
Para além de uma ciclística totalmente nova, a GSX-8S apresenta um novíssimo motor de dois cilindros paralelos, com 776cc e DOHC, com cambota a 270º, que debita cerca de 83 CV, a posicionar o modelo claramente num patamar acima das suas 650 de motor bicilíndrico em V que equipam diferentes modelos da gama, nomeadamente as bem sucedidas naked SV650 e SV650X.
O seu visual agressivo remete-nos para um passado de décadas atrás, quando nos anos 80 as Suzuki Katana romperam com todos os princípios estéticos adoptados no sector até então. As linhas agressivas e em simultâneo suaves da nova GSX-8S invocam precisamente essa mesma irreverência num contexto de modernidade e de acordo com padrões mais actuais. Para aqueles que viveram intensamente as motos nos anos 80 não deixa de ser uma imagem inspiradora.
Mas a Suzuki visa um público jovem, com alguma experiência de pilotagem, que pretende uma moto que lhes transmita emoção, que seja divertida e fácil de levar, impactante no seu estilo visual, mas também um compromisso que possa garantir algum conforto em viagem.
O conceito sob o qual foi desenvolvida, “ Potencial infinito; Diversão sem limites”, deixa claro o objectivo da nova GSX-8S. Será que a Suzuki conseguiu encontrar esse equilíbrio na proposta que agora apresenta com a sua nova GSX-8S ? Fomos colocá-la à prova…
Estética, ergonomia e equipamento – A marcar uma nova Era
Do ponto de vista estético a GSX-8S apresenta um design moderno, agressivo o suficiente para não deixar ninguém indiferente e que marca pela sua personalidade e originalidade ( tal como a Katana dos anos 80 ). O seu farol dianteiro envolto nas formas acutilantes laterais, exibe dois faróis hexagonais sobrepostos de tecnologia LED, à imagem da sua irmã maior, característica que marca o ADN da família das Naked desportivas da Suzuki. O farol traseiro, também LED, está montado no fino guarda-lamas traseiro, libertando as linhas da parte posterior do assento e dando-lhe uma nota mais desportiva.
As suas linhas remetem-nos para o passado da marca, mas definem também o futuro do design da Suzuki. A aparência compacta é conseguida pela combinação de cores e acabamentos dos modelos, optando pelo minimalismo transmitido pela maioria dos componentes mecânicos, nomeadamente o motor, pintados a negro. A combinação com cor viva, no caso da versão azul testada, resulta apelativa e impactante, sem ser demasiado exuberante.
Do ponto de vista ergonómico a GSX-8S revela-se uma moto desportiva mas confortável , com um assento a apenas 810mm do solo que nos permite chegar facilmente com ambos os pés ao chão, realidade que nos transmite segurança e conforto nas manobras. A posição dos braços é bastante natural, sem colocar demasiada pressão sobre os pulsos, permitindo uma pilotagem descontraída, garantindo o seu controle a todo o momento sem qualquer esforço.
O painel TFT a cores de 5”, apesar de compacto contém toda a informação legível e bem organizada, com destaque para a informação principal de velocidade instantânea e regime de rotação do motor. A restante informação aparece organizada de forma legível e inclui dois Trips, a temperatura do motor, o consumo médio e instantâneo, o modo de motor selecionado (3), o nível de controle de tração selecionado (3), a função Quickshift, ( on ou off ), o nível de combustível e ainda as horas, um voltímetro e informação de assistência necessária. Tudo isto com função automática de mudança entre Modo Dia ou Modo Noite, conforme a intensidade luminosa exterior.
Uma outra função habitualmente incluída nos modelos Suzuki é a de assistência ao arranque ( Low RPM Assist ) mantendo um nível de rotação superior de forma a que a moto não se vá abaixo. Mas também a função de arranque ( Easy Start ) com apenas um toque no botão do motor de arranque, não sendo necessário manter o dedo sobre o mesmo pois o sistema controla o arranque a partir desse momento. Outra particularidade é a possibilidade de programar o tacómetro para que assinale um determinado nível máximo de rotação do motor, podendo ser programado em incrementos de 250 rpm entre as 4000 rpm e as 9750 rpm.
No punho esquerdo encontramos a combinação de dois botões através dos quais podemos alterar todos os parâmetros electrónicos disponíveis na GSX-8S. Tudo muito simples e intuitivo, podendo alterar entre as diversas funções, mesmo em andamento, obrigando apenas a fechar o punho de acelerador.
Motor a debitar binário desde os regimes mais baixos
A Suzuki quis marcar uma nova era e para tal decidiu desenvolver de raíz um novo motor, seguindo as tendências do que vemos noutros modelos de outras marcas, no segmento de média cilindrada, com a adopção da arquitectura de dois cilindros em linha, ou paralelos, abandonando o tradicional 2 cilindros em V a 90º, que tem vindo a adoptar.
O novo bicilíndrico é um motor compacto, de nova geração, com um desempenho dinâmico que se destaca pela entrega generosa de potência/binário nos baixos e médios regimes, mas fácil de controlar através de um acelerador ride-by-wire que permite uma entrega suave de potência, com uma resposta mais ou menos vigorosa em função do modo de motor selecionado.
O novo bicilíndriico tem uma capacidade de 776 cc e DOHC, com 4 válvulas por cilindro, que debita cerca de 83 CV às 8500 rpm e com um binário máximo de 78 Nm às 6800 rpm. Ao olharmos para a curva de binário vemos que às 4.000 rpm o valor de Nm está muito próximo do binário máximo atingível, realidade que nos permite manter uma pilotagem divertida, com uma resposta sempre presente do motor, entre as 4000 e as 7000 rpm.
A colocação da cambota a 270º confere um temperamento mais responsivo do motor, quase como se de um bicilíndrico em V se tratasse, aliás os timings de ignição são precisamente idênticos, conferindo melhor tração e um som muito característico e envolvente do motor, para o qual contribui também a adopção de um novo escape, mais curto e colocado na parte inferior direita do chassi, por debaixo do motor.
De salientar que apesar da adopção da cambota a 270º o motor mantém um nível de vibrações muito baixo, quase inexistentes, graças à adopção de um novo sistema de equililibrio interno apelidado de Suzuki Cross Balancer, constituído por dois eixos posicionados a 90º face à cambota ( primeira moto de produção a adoptar este sistema ) realidade que permite diminuir drasticamente as vibrações nos dois cilindros e suavizar o funcionamento do motor.
No seu interior o motor monta componentes de fabrico de última geração, como os pistons forjados utilizando uma nova tecnologia FEM ( Finite Element Method ) e os cilindros que estão revestidos por uma material utilizado na alta competição e aplicado por tecnologia electromagnética, reduzindo atrito, fricção e melhor dissipação do calor, garantindo uma maior durabilidade dos pistons e dos seus segmentos.
A nível da admissão há a destacar a adopção de injectores de alta pressão que optimizam a combustão tornando-a mais eficiente. Uma caixa de 6 velocidades bem escalonada e com quickshift bi-direcional, dos mais precisos que temos experimentado. A caixa de ar foi especialmente desenhada para optimizar o fluxo de ar e garantir mais binário desde os baixos regimes.
Também a embraiagem foi alvo de desenvolvimento e apresenta características técnicas únicas que garantem uma dualidade de funcionamento, transmitindo com precisão mais binário à roda traseira em aceleração e funcionando com deslizamento nas reduções, de forma a evitar o saltar da roda traseira e a consequente perda de controle e aderência.
Ajudas electrónicas à condução – simples e efectivas
A Suzuki dotou a nova GSX-8S do seu sistema SIRS – Suzuki Inteligent Ride System, que nos permite selecionar o setup mais adequado de ajudas electrónicas em função do tipo de condução pretendido e experiência que cada um tenha, assim como as condições em que vamos rodar.
O Sistema electrónico SIRS, inclui o Drive Mode Selector, com 3 opções que permitem alterar a forma como a potência é entregue. Inclui também o Suzuki Traction Control System, igualmente com 3 níveis de intervenção de forma a ajustarmos ao tipo de condução que pretendemos realizar ou ao nível de aderência do asfalto num momento determinado ( chuva ). Para além destas funções o sistema SIRS controla também o acelerador eletrónico Rid-by-Wire e o Quickshift bi-direcional, assim como os dois sistemas que já referimos de ajuda ao arranque ( Easy Start e Low RPM Assist ).
Dos 3 modos de motor, A ( Activo ), B ( Básico ) e C ( Conforto ou Chuva ), o A é o mais responsivo e o C o mais suave, embora não exista redução na potência máxima do motor e apenas uma diferença na forma como a mesma é entregue. Começámos o dia no modo B para nos adaptarmos à moto, realidade que rapidamente aconteceu e a partir de aí, visto que o ritmo normalmente alto, adoptado pelos jornalistas e guias contratados na organização das apresentações, passámos rapidamente a aquele que garantia maior dinamismo e divertimento na condução, o Modo A.
Gostámos da precisão e suavidade do acelerador, da ausência de vibrações do motor em qualquer regime, da resposta do mesmo nos baixos e médios regimes, a garantir saídas rápidas de curva e da precisão da caixa e do sistema de passagem automática bi-direcional Quickshift.
O Controle de Tração foi apenas perceptível, pois rodámos quase sempre no nível 1, o menos interventivo, já que as condições eram excelentes e garantiam aderência máxima, também graças ao bom comportamento dos pneus RoadSport 2 da Dunlop e ao bom funcionamento da embraiagem deslizante, garantindo sempre um nível de controle máximo. Do comportamento excelente do chassi já falaremos também.
Ciclística de excepção
Na concepção de um modelo totalmente novo, que incorpora também uma nova unidade motora, a definição de uma nova ciclística torna-se ainda mais relevante, sobretudo quando o conceito engloba versatilidade, agilidade, conforto, prazer de condução e atitude desportiva. Encontrar um compromisso que garanta uma experiência marcante e equilibrada e que reúna e proporcione todos os parâmetros definidos à partida, requer um trabalho de engenharia profundo.
Para tal foi concebido pelos engenheiros da Suzuki um novo quadro em aço, suficientemente rígido para proporcionar uma excelente estabilidade do conjunto e em simultâneo ser igualmente ágil e manobrável em cidade. O sub-quadro, também tubular em aço, é aparafusado ao quadro principal e proporciona um bom suporte para o piloto e pendura. Na verdade o conjunto mostrou-se coerente com o conceito inicialmente perspectivado na apresentação do modelo, proporcionando uma experiência de condução que preencheu todas as expectativas criadas.
O braço oscilante em alumínio foi especialmente desenhado para este modelo e incorpora um novo conceito de desenho na sua forma para garantir maior rigidez vertical, lateral e torsional, proporcionando maior estabilidade e conforto de todo o conjunto.
Na sua geometria constatamos uma distância entre eixos superior a aquela que normalmente encontramos nas motos naked desportivas deste segmento, realidade que se mostrou acertada e que garante maior estabilidade em recta e a altas velocidades, garantindo trajetórias em curva extremamente precisas, não se sentindo qualquer penalização na sua agilidade.
Outra prioridade definida no conceito era a do conforto e de facto, após um percurso realizado de cerca de 180 kms, essencialmente de estradas nacionais e secundárias, a sensação no final era de que poderíamos continuar, pois nenhum dos participantes acusava qualquer espécie de cansaço. Não rodámos obviamente com pendura e não sabemos do seu comportamento com o mesmo mas, a avaliar pela nossa posição de condução, diria que o mesmo terá idêntico privilégio, o de não ter uma postura demasiado encolhida, nem pendurado sobre a frente, embora o espaço seja algo reduzido e não tenha pegas para se agarrar.
Em termos de suspensões o compromisso encontrado pela Suzuki para a GSX-8S pareceu-nos acertado, sobretudo tendo em conta que nem a suspensão dianteira nem o amortecedor traseiro, ambos KYB, são ajustáveis na sua compressão ou extensão e tão somente em pré-carga no amortecedor traseiro.
Na dianteira os KYB invertidos têm 130mm de curso e o seu funcionamento garante uma boa leitura da estrada, embora em mau piso sintamos algum desconforto, o que não deixa de ser normal. No entanto, mostrou ser um compromisso abrangente, suficientemente firmes numa condução mais desportiva e em simultâneo confortáveis para podermos rodar durante mais tempo. Atrás o mono-amortcedor tem um comportamento idêntico e contribui para uma boa estabilidade da moto e agilidade do conjunto.
A nível da travagem nota 10 para o sistema adoptado, com duplo disco de 310mm na dianteira e pinças radiais Nissin de duplo piston a garantir bom tacto e poder de travagem sempre que necessário. Na roda traseira monta disco de 240mm com pinça de um único piston, igualmente a cumprir com a sua função nas travagens mais tensas a não deixar afundar demasiado a suspensão dianteira.
Em termos de rodas, monta jantes de liga leve com 5 duplos raios de efeito estético bem conseguido e com acabamento em azul ( nas versões testadas ) realidade que realçam a sua alma desportiva. Os pneus Dunlop RoadSport 2 mostraram-se ao nível do desafio que lhes foi colocado e perfeitamente em sintonia com o conceito implícito na moto.
Com um depósito de combustível com 14 litros e consumos a rondar os 4,5 litros aos 100Km ( a rodar com bom ritmo ) diríamos que tem uma autonomia para cerca de 300 Kms , suficiente para garantir uma pausa para o café em viagem ou uma semana de utilização em cidade sem reabastecer.
Conclusão
A nova Suzuki GSX-8S destaca-se no universo das naked de média cilindrada, pela sua personalidade estética, pelo seu desempenho dinâmico, pela sua versatibilidade, pela sua facilidade de condução, pela entrega de potência do seu motor nos baixos e médios regimes e pela combinação acertada do binómio conforto e desportividade, convertendo-se numa moto para tudo pela sua simplicidade de utilização e pelas emoções que a sua condução desperta.
Num segmento altamente disputado diriamos que a Suzuki GSX-8S conquista um lugar de destaque pela modernidade global do conjunto e o acerto na combinação de conceitos na sua utilização. Com um preço ajustado aos 8.999 euros + documentação e com uma campanha vigente de oferta de mais 2 anos de Garantia ( 5 no total ) a nova GSX-8S está disponível em 3 opções cromáticas, azul, branca ( ambas com sub-quadro e jantes azuis ) e finalmente uma versão totalmente preta.
Gostámos
- Estética impactante
- Resposta do motor nos baixos e médios regimes
- Ausência de vibrações
- Compromisso acertado conforto/desportividade
- Comportamento global da ciclística
A Melhorar
- Brilho do motor em altas
- Apoios efectivos para o pendura
- Ajustes na suspensão dianteira
Ficha Técnica
- Dimensões (c x l x a) (mm) 2115 x 775 x 1105
- Altura ao solo (mm) 145
- Altura do banco (mm) 810
- Peso em ordem de marcha (kg) 202
- Motor Bi-cilindrico, 4 tempos, DOCH, refrigerado a líquido
- Cilindrada (cc) 776
- Potência (kW / CV) 61 / 83 @ 8500 rpm
- Binário (Nm) 78 @ 6800 rpm
- Caixa 6 velocidades com quick shifter
- Depósito de combustível (l) 14
- Emissões CO2 (g/km) 99
Destaques da nova GSX-8S:
- . Novo motor bi-cilindrico paralelo com 776cc, com desfazamento da cambota de 270º
- . Entrega potência e binário desde baixa rotação;
- . Som de operação semelhante a um motor em V;
- . Novo e inovador sistema de contrabalanço para um funcionamento mais suave;
- . Acelerador Ride-by wire
- . Embraiagem assistida e deslizante Suzuki (SCAS);
- . S.I.R.S (Suzuki Inteligent Ride System), composto por:
- . SDMS
- . Sistema de controlo de tração com 3 modos e totalmente desligável
- . Quick Shift bi-direccional
- . Suzuki Easy Start Sytem para um fácill arranque do motor
- . Sistema de apoio ao arranque em baixa rotação
- . Suspensão dianteira invertida da KYB;
- . Mono amortecedor traseiro KYB com ajuste da pré-carga da mola
- . Pneus Dunlop Sportmax Roadsport 2;
- . Depósito de combustível de 14 litros
- . Painel de instrumentos TFT a cores com 5”
- . Iluminação LED
- . Novo sistema de escape de reduzidas dimensões
Galeria de Imagens
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