Teste Suzuki V-Strom 1050 XT – A Retro Adventure

By on 15 Janeiro, 2021

Nesta altura do ano, uns quantos heróis enfrentam o rally mais duro do mundo, o Dakar. Esta 3ª geração da VStrom inspira-se numa máquina mítica que no final dos anos 80 também voava pelas dunas da Mauritânia, a DR Big. O mesmo Farol quadrado, o bico de pato, o depósito volumoso, e claro a pintura Malboro completam o seu look retro. Com um motor revisto para o Euro5, electrónica de ultima geração e a mesma atitude honesta e eficaz, esta nova versão da VStrom está melhor que nunca…

Texto de Pedro Alpiarça

O revivalismo é um fenómeno interessante. Faz-nos investir na modernidade sem sairmos da nossa zona de conforto, uma reinvenção da realidade sem o risco de falhar a fórmula. Atenção que não é um exercício fácil, tem de ter as doses certas de familiaridade, de arrojo e de respeito pelo enquadramento a que se propõe.

Olhar para uma V-Strom 1050 XT faz-nos esboçar um sorriso nostálgico, mas ao mesmo tempo desafia-nos ao ponto de querermos saber o que mudou. A lenda que persegue, a DR Big é tão identificável nas suas formas , que nos interrogamos se consegue ter a sua atitude.

Na estrada, a ciclística não compromete,  a mesma estabilidade, a mesma postura previsível e sem sobressaltos. O quadro permanece inalterado e as suspensões Kayaba totalmente ajustáveis recebem agora uma mola mais rija na traseira. Os 247 Kg fazem-se sentir a baixas velocidades, mas o bom equilíbrio do conjunto permite-nos assumir toadas mais rápidas sem grandes sustos.

Em boa verdade, damos por nós a repetir várias vezes a saída de curva com o punho trancado, primeiro porque a potência não assusta (são só 107cv mas o binário honra o volumoso V-Twin), segundo por que a sonoridade do motor entre as 4000 e as 6000 rotações é delicioso, quase que imaginamos uns carburadores de goela aberta!! Se a homologação do Euro 5 estrangula o som do escape, é bom saber que o coração tem boa voz… os novos corpos de injecção, árvores de cames, timings de ignição e maior taxa de compressão, não são alheios à nova personalidade da V-Strom.

Claro que o regresso ao passado tem limites…queremos parecer heróis mas não queremos cicatrizes. E para isso a electrónica surge agora completamente renovada, o IMU de 6 eixos dá-nos um ABS com 2 modos (um menos interventivo para parametrizado para o fora de estrada) e um Controlo de Tracção  com 3 níveis de intervenção (incluído o mais divertido…o OFF).

Nesta altura procuramos perceber o quanto conseguimos sujar a máquina sem abusarmos muito da nossa sorte. O modo 1 do TCS permite umas atravessadelas, mas o elevado peso faz-se sentir nas transferências de massa. Tudo controlado pela boa posição de condução em pé, e pelo bom feeling do acelerador ride-by-wire, também ajustável em 3 mapas, o A, o B, e o C…aqui por ordem inversa de diversão. Existe alguma brusquidão no primeiro mapa (sobretudo quando atacamos o punho direito em curva), e em contrapartida o modo C é cinzento de mais para dias bons.

Quando as tiradas forem maiores, as malas encaixarão nos bem dimensionados apoios, o vidro regulável servirá o seu propósito e o novo assento (agora mais largo e mais baixo) será rijo o suficiente para as carnes não ficarem maceradas.

Agradece-se o Cruise Control e rogam-se pragas à estranha colocação dos poisa pés, que ficam exactamente no alinhamento das pernas, quando tentamos pôr os pés no chão. Valha-nos o Hill Control, que bloqueia o travão fazendo de nós os reis do ponto de embraiagem. Nota muito positiva também para a mordacidade da travagem.

A simplicidade, robustez, espírito retro e atitude honesta da nova versão da V-strom convenceu-nos. Até o display LCD a fazer lembrar a mira de um X-Wing do Star Wars nos fizeram sorrir. Por menos de 15k €, esta Suzuki irá fazer muitos saudosistas felizes, onde poderão dizer que o farol quadradão é em full LED, e que a pintura Marlboro vem do tempo onde as corridas acabavam com o piloto de cerveja na mão…

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